Sexta-feira, 09:35, Colégio Columbia.
Eu estou me sentindo o fodão. Meus músculos faciais estão doendo porque simplesmente não consigo parar de sorrir.
Eu tracei um plano e ele não pode falhar. Não pode mesmo.
Quando Heather me disse que pode me dar apenas sua amizade, confesso que cogitei aceitar. Mas não consigo controlar meus impulsos perto dela e quero poder beijá-la cada vez mais.
Então é o seguinte: vou fazer com que ela mude de ideia.
Como?
Não faço a mínima ideia. Mas vou conseguir. Afinal, estou confiante.
E foi exatamente isso que me fez acordar cedo essa manhã e passar em um lugar antes da aula. Estou tão empenhado que Norma já berrou meu nome umas caralhocentas vezes.
Quase me sinto culpado por não conseguir prestar atenção. Quase...
Quando dá o sinal para o almoço, espero mais um pouco para sair. Pego meu celular e checo a caixa de entrada. E lá está o "ok" que eu preciso.
Saio da sala à passos largos e um pequeno sorriso nos lábios. Hoje o dia está perfeito. Quero dizer, para mim está. Não muito calor, mas nem muito frio.
O clima ideal.
- E esse sorrisinho aí? - Corey pergunta assim que me sento na mesa.
- Hoje é um ótimo dia, meu caro. - cantarolo, enfiando um pedaço grande de bolo na boca.
- O que? Vai perseguir a garota de novo? - Joey sussurra, arqueando as sobrancelhas e olha para a mesa não muito longe daqui.
- Falando assim eu pareço um psicopata. - reviro os olhos, encarando a garota risonha algumas mesas daqui. Ela está com um chapéu que esconde quase seu rosto de mim. - Mas, não. Não vou. Tenho outros planos...
Mesmo dia, por Heather Cooper.
Quando Tyler me acordou essa manhã, eu tive certeza de que esse dia não seria normal.
Primeiro, meu cabelo.
Assim que pousei os olhos em meu reflexo no espelho, eles se arregalaram tanto que eu podia jurar que saltariam da órbita.
Meu tão querido cabelo, que levei anos para deixar crescer, estava tosado.
Completamente careca.
E eu só podia culpar uma pessoa: Juliete, minha prima de 6 anos.
Ontem ela e a irmã Coraline chegaram de uma de suas viagens à França e todo seu nariz empinado fez a casa toda virar de cabeça para baixo. Desde sempre ela vive armando traquinagens, e, poxa, eu realmente acreditei que ela tinha mudado um tiquinho quando ofereci meu quarto para ela ficar.
Quando eu era pequena meu cabelo não crescia. Eu sofria de um problema que não possibilitava o crescimento capilar e passei por anos de tratamento. As outras crianças zombavam e algumas pessoas me olhavam com pena, achando que eu tinha câncer. Não foi um tempo fácil para mim.
Após isso eu evito a todo custo uma tesoura, somente quando é estritamente necessário. Mas não posso culpá-la. Ela só tem seis anos.
Meu cabelo que antes beirava a cintura, agora pendia um pouco abaixo dos ombros. Na chão do quarto estava todo o comprimento que ela cortou. Meu cabelo estava amarrado, e graças a Deus, ele desmanchou e ficou preso da metade para baixo. Foi exatamente onde ela cortou.
Segundo, eu cheguei atrasada.
Eu nunca chego atrasada. Nunquinha.
Assim que Tyler me deixou no portão do colégio e me ajudou com o chapéu, eu corri e implorei para seu Joaquim me deixar entrar. Ele quase não deixou.
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Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)
Novela Juvenil"Heather Cooper é como a letra de uma canção nunca terminada. Como uma fórmula matemática nunca solucionada. É uma língua nunca explorada. Um paradoxo. Uma fórmula química perigosa. Sua face angelical, nos engana. Porque no fundo, ela é sacana."...