19. Sorriso sacana

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Segunda-feira, 15:25, Lago Nuevo Puerto.

Eu realmente não sei o que tem na cabeça dos meus amigos.

Quer dizer, vir ao lago no frio latejante de Beira Rio não pode ser ideia de quem está em seu perfeito juízo.

Eu muito menos, pois aceitei.

- Por que acho que tem algo errado? - Marvin, com sua bermuda típica de dias de inverno, pergunta, direcionando um rápido olhar em nossa direção.

- Como assim?

- Qual é, Corey? Joey não falou nenhuma merda desde que chegamos.

Focamos nossa atenção em Joey. Ele fita o lago, os lábios franzidos e uma expressão pensativa. Algo realmente não estava bem.

- Joey? - chamo, recebendo um olhar de esguelha.

Ele suspira e intercala o olhar entre nós.

- ?

- Desembucha.

- Leveiumfora. - resmunga rápido, atirando uma pedra na água.

Corey explode em uma gargalhada e Marvin tenta não rir, olhando para o céu. Ele nos lança um olhar de "Isso não é engraçado".

- Quem foi? - pergunto, mordendo o lábio.

Mais uma pedra é jogada no lago, dessa vez mais forte.

- Ana.

Dessa vez eu não aguento. Corey já caiu da cadeira e Marvin está tão vermelho quanto o lenço em seu bolso.

- Vão rindo, seus merdinhas. Pelo menos eu tive coragem, não fiquei enrolando.

Olho para Joey, parando de rir.

- Relaxa aí. A indireta não foi pra você. - agora seu olhar está focado em Corey.

Corey pigarreia e foge dos olhares direcionados a ele.

- O que eu perdi aqui? - pergunto, arqueando levemente as sobrancelhas.

Eu fico longe por uns dias e meus garotos já estão se ferrando. Tsc, tsc, tsc.

- Nada. Por que acha isso? - Corey começa, com uma expressão engraçada.

- Nosso amigo aqui está caidinho pela sua amiga doidinha. - Joey responde, enlaçando os ombros de um Corey envergonhado. - Maaas... É frouxo demais para chegar nela. Vê se pode.

- Vai se ferrar, Jonathas. - ele bufa, empurrando os braços de Joey. - Para de criar paranóias.

Corey parece irritado, mas para quem o conhece sabe que ele está na defensiva. O cara não vai simplesmente perder a pose de tô-nem-ai-para-essas-merdas-de-sentimentos. Acredito que seja trauma, já que quando ele era um garoto franzino o chamavam de gay. Confesso que até eu achava.

- Deixem o cara desfrutar do celibato em paz. - tento amenizar, mas o sarcasmo não me abandona.

Recebo um dedo médio em resposta e gargalhadas que mais parecem dois gatos trepando.

- Sabe o que eu acho? - Marvin dá um salto, parando com as mãos no quadril. - Devíamos entrar na água.

- Não matei meu pai à pedradas para aguentar isso. - Joey bufa, ignorando o sorriso gigante do oriental.

- Estou falando sério. É nosso ritual. Aliás, nem está tão frio assim, vocês que são maricas.

Quinze minutos depois e seminu, me pergunto por que raios eu vou na onda do Marvin.

Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora