Sexta-feira, 19:34, The World Band, SP.
Eu estou uma pilha de nervos.
Durante essa semana adquiri um caso sério de calvície e fome-o-tempo-todo. Falta apenas uma semana para a final da competição.
- Cara, e se aquele tréco cair em nossa cabeça? - Joey pergunta, olhando para os ferros do teto, mãos na cintura e nariz enrugado.
- Só canta, Jonatas. Não esgote minha paciência. - Marco resmunga, esticando o corpo na cadeira reclinável.
Estamos no palco, ensaindo para a apresentação final. Duas bandas foram desclassificadas esse mês.
Quando recebemos o e-mail dizendo que estamos na final, a mãe de Corey fez questão de dar uma festa. Margarida faz uma torta de pêssego dos deuses.
Eu odiava pêssego, até me viciar nela.
- Cameron, venha aqui. - Marco aponta para o pedestal posicionado na frente do palco.
Me posiciono lá, enquanto Marco tenta achar um lugar onde Joey não tenha uma crise de pânico.
Quando enfim encontra, desce do palco e nos analisa. Ele tem aquela expressão compenetrada - que, acredite, assusta pra caramba. Sua cabeça careca brilha.
- Ótimo. Joey, apenas vocal. Você vem depois, Cameron. Marvin, quero um solo de bateria, logo em seguida o Corey entra com a guitarra. - ele fala sem respirar e parece ter ar suficiente para sempre. - Cameron, acha que consegue tocar o baixo? - afirmo com um gesto de cabeça.
Após duas horas de treino intenso e minha garganta estar queimando mais do que o fogo no rabo de Joana, desabo no sofá do saguão do hotel. Ficaremos essa semana em São Paulo e eu não poderia odiar mais.
Logo agora que estava tudo bem.
- Esse seu cabelo pré-emo está me dando náuseas. - Corey puxa uma mecha, pulando ao meu lado. Bato em sua mão e me afasto.
- Caguei pra você.
- Parece que tem alguém emburradinho aqui. - ele faz uma voz irritantemente fina, deslizando para mais perto.
- Sai, cara. Já disse que não sou gay.
Ele coloca a mão no peito, fingindo estar ofendido.
- Eu jurava que estava rolando um clima.
- Clima? Entre quem? - Marvin, que veio sei de lá onde, se joga em cima de Corey. - Você é meu, docinho.
Reviro os olhos, cruzando os braços. Antes de sair de Beira Rio, pedi para Ana Júlia me manter informado. Ela disse que estou paranoico e me mandou ir para o inferno. Mas, cara, deixar minha garota perto de Jonas e... Rodrigo está fora de cogitação. Nem fodendo.
- Iih... O cara tá mesmo na merda. - Joey praticamente grita, atraindo atenção dos hóspedes que perambulam pelo saguão. - Vamos lá, conte-nos. O que te afronta?
- Deve ser falta de sexo. - Corey pontua, alisando o queixo. - Quanto tempo sem? Um mês?
Um mês. Estou rindo tanto.
A verdade é que nem me lembro da última vez em que realmente estive com alguém. Desde que Heather entrou na minha cabeça tudo que faço é procurar uma forma de ficar mais próximo dela. Ela me fez esquecer que tenho um desejo insaciável... até aquele beijo.
Foi como se cada partícula selvagem despertasse. Eu não consigo mais me controlar, nem as reações que ela me causa.
E é só ela.
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Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)
Novela Juvenil"Heather Cooper é como a letra de uma canção nunca terminada. Como uma fórmula matemática nunca solucionada. É uma língua nunca explorada. Um paradoxo. Uma fórmula química perigosa. Sua face angelical, nos engana. Porque no fundo, ela é sacana."...