Capítulo três.

35 9 1
                                    


Quando desceu as escadas para jantar com Jean e Hilary, Flavia ficou de boca aberta com a beleza do patrão. Ele estava vestindo uma calça social preta e uma camisa branca, estava sem gravata e um botão estava aberto, deixando escapar alguns pêlos de seu peito. Flavia sempre achou Jean bonito, e ele fazia justiça, a fama de galã que recebia de suas clientes.

- Uau! Você tá um gato hoje.- falou sorrindo.

- São seus olhos minha querida Flavia, por que eu estou um gato todos os dias, você que não repara em mim. - respondeu Jean, com o mesmo sorriso estampado no rosto.

- Onde está Hilary? - Flavia não viu a garota quando desceu as escadas. Será que ela não tinha encontrado um vestido que empinasse mais a sua bunda? Ela sorriu de novo com o pensamento.

- Posso saber do que está rindo? - Jean perguntou lhe oferecendo um copo de uísque.

Flavia pegou o copo e bebeu um gole, sempre achou uísque uma bebida para homens, mas depois que conheceu Jean, ela começou a apreciar mais aquele líquido âmbar.

- Estou pensando se sua filha achou o vestido ideal.

- Veremos em breve.

Assim que as palavras terminaram de sair da boca de Jean, Hilary despontou na escada, vestindo um vestido vermelho sangue e um par de sandálias altíssimos na cor preta.

- Não disse Flavia. - Jean disse levantando o copo para ela.

- Será que eu devo subir para me trocar?

Flavia estava vestindo uma calça jeans colada e uma sapatilha de cor creme, para combinar com sua blusa rosa pastel, nada muito sofisticado, mas ao mesmo tempo elegante e confortável.

- Jamais minha cara. Está visível a diferença entre uma menina e uma mulher.

- Papai! - Hilary se fez de ofendida. - Assim o senhor me deixa magoada. Flavia não se arruma tanto, por que já tem seu Deus grego. Mas eu estou em busca do meu ainda, então devo caprichar.

- Claro minha filha. Tenho certeza que todos os Deuses irão reparar em você hoje, está muito bonita. E você também Flavia, é bom seu Deus grego ficar de olho.

- Obrigada Jean, mas meu Deus grego não tem com o que se preocupar.

- Então talvez quem deva se preocupar seja você. - Hilary disse levantando as sobrancelhas e analisando o look de Flavia.

- Tenho certeza que Flavia não precisa se preocupar, afinal quem sairia perdendo mais, não seria ela, não é mesmo? - Jean veio em defesa de Flavia, que já estava prestes a soltar um " O que você quis dizer com isso Hilary? ".

Ela sabia muito bem o que a garota quis dizer, ela era uma mimada que gostava de alfinetar Flavia, com seus comentários sobre Robson e como ela achava ele lindo de mais para Flavia. Jean sempre socorria Flavia, e não cansava de dizer para ela o quanto era bonita, ela sabia disso, sabia que deixava muitas meninas no chinelo, no quesito aparência.

- Claro. - foi a resposta que saiu a contragosto da boca de Hilary. - Agora vamos logo, estou morrendo de fome.

Jean havia providenciado um carro de aluguel para que pudessem passear pela cidade, quando não estivessem trabalhando claro, na verdade quem iria realmente usar o carro seria Hilary, somente ela não trabalhava ali. Depois daquele jantar, Flavia achava difícil que viessem a passear de novo. Tinha dado uma olhada na agenda de Jean, e sabia que estava cheia de trabalho pelo resto da semana, o casamento seria no sábado e eles tinha poucos dias para entregar todos os vestidos.

Quando entraram no restaurante sentaram em uma mesa na varanda, o lugar era lindo. Ficava na beira do rio, e da varanda conseguiam enxergar algumas ilhas que rodeavam a cidade. Era tudo fantástico, Flavia estava adorando tudo aquilo, com certeza iria voltar aquele lugar mais tarde, quando estivesse de férias.

- Então o que acharam? - Jean perguntou animado.

- É lindo! - Flavia respondeu.

- É muito romântico papai! Poderia ter escolhido um barzinho ou coisa do tipo, com pessoas jovens. Aqui só tem casais. - Hilary falou com um ar de indignação.

- Para de reclamar menina, você queria um tempo com seu pai e é isso que você está tendo. Em um bar rodeada de gente, você não conseguiria nem conversar com ele. - Flavia que já estava cansada das atitudes mimadas de Hilary, disse secamente.

- Obrigado. - Jean agradeceu.

Logo depois o garçom chegou e todos fizeram seus pedidos. A comida era maravilhosa, e o vinho que Jean escolheu para acompanhar era divino. Hilary parou de reclamar, e voltou a ser a menina que divertia Flavia e Jean nas viagens, eles conversaram sobre tudo. Sobre como Jean ficava uma fera, quando ela se enrolava nos tecidos que ele comprava para os vestidos. Como ela adorava as vezes que ele fazia ela de manequim, e sempre alfinetava uma parte do seu corpo, dizendo que foi sem querer, mas os dois sabiam que não era.

Ali sentada, naquela mesa, Flavia percebeu o quanto sentia falta de uma família. Suas amigas sempre estavam por perto quando ela precisava, mas sentia falta de chegar em casa e ter alguém para abraçar, quando perdeu sua mãe na infância, essas lembranças logo ficaram para trás. Mas agora vendo como o chefe e sua filha eram unidos, eram uma família, as lembranças da mãe e de sua infância invadiram sua mente. Sem perceber uma lágrima solitária rolou por seu rosto, e o sorriso que tomava conta do rosto dela se apagou.

A tempos Flavia não pensava na mãe, sempre visitava o túmulo dela, mas a saudade não invadia seu corpo como estava fazendo agora. Estava tentando mandar as lembranças embora, mas ficar tão próximo de uma família, por mais que fosse pequena, mas ainda assim era uma família, isso estava mexendo com seus sentimentos. Sentiu o coração apertar, e lembrou das amigas, sua família desde a morte da mãe, Melissa sua prima que perdeu a mãe no mesmo incêndio que ela, era considerada por Flavia como uma irmã. Renata seria sempre a pequena Renata, a garotinha assustada que não queria falar com ninguém.

As lembranças estavam invadindo sua mente, como um furacão que por onde passa deixa destruição. A saudade era grande, nos últimos tempo, não queria dar o braço a torcer, mas desde o casamento das amigas ela se sentia perdida, como se algo estivesse faltando dentro dela.

- Flavia está tudo bem? - Jean perguntou apertando sua mão de leve. Ela estava tão distraída com as lembranças, que esquecera o resto do mundo.

- Sim, está tudo bem. - a voz quase falhando.

Seu telefone tocou e viu que era a distração que ela precisava. A foto de Robson apareceu no visor e ela se levantou rapidamente.

- É o Robson. Com licença, eu vou atender.

Jean apenas balançou a cabeça, e ela saiu sem olhar para Hilary.

- Alô!

- Oi minha Pocahontas! Tudo bem? - a voz firme de Robson, a confortou por um instante.

- Tudo e você?

- Estou com saudades. Como está sendo a viagem?

- Muito divertida, a cidade é linda. Estou amando cada detalhe.

Flavia saiu do restaurante e começou a andar pela calçada, enquanto contava a Robson como estava adorando a cidade. Parou em frente a uma praça e ficou admirando os casais que iam e vinham, despreocupados e com sorrisos uns para os outros.

Quando estava se despedindo de Robson, sentiu uma mão agarrar seu braço, ela se virou rapidamente e um pano foi colocado em sua boca. Ela tentou gritar, mas o som saiu abafado. Seu celular já não estava mais em sua mão, ela começou a ser arrastada, uma mão cobria sua boca e nariz, enquanto outra agarrava sua barriga. Ela já estava desesperada e com medo, seus pés se debatiam e ela tentava frustrante mente se livrar das garras, de quem quer que estivesse lhe arrastando daquela maneira. Aos poucos o cheiro daquele líquido que estava no pano que cobria sua boca e nariz, invadiu suas narinas e se sentiu cada vez mais mole, até que adormeceu. E então não viu mais nada.

......................................................................

Olá leitores lindos! Espero que estejam gostando de toda essa adrenalina.

O que será que aconteceu com Flavia?
Algum palpite?
Se tiver deixe nos comentários claro.
E não esqueça das tão lindas🌟🌟.
Beijos😘.


Prenda-me Onde histórias criam vida. Descubra agora