X A casa chinesa

215 29 5
                                    

Os cascos começaram a fazer ruído no paralelepípedo da rua em que surgimos após sair da floresta. Uma grande praça estava ali logo a nossa frente e um enorme edifício de dois andares feito de pedra coberto por musgo. A praça parecia ser uma espécie de jardim para a entrada da faculdade, algumas arvores baixas e canteiros cobertos por flores coloridas. Muitas pessoas passavam para lá e para cá, além das outras que estavam sentadas e conversando nos bancos ali dispostos.

—É aqui que lhes deixo. — O capitão anunciou brandamente.

— Obrigado por nos escoltar capitão, e sinto muito por seus homens. — Neal falou enquanto descia do cavalo e estendia a mão para cumprimentar o homem.

— Tenha uma boa noite. — André disse descendo do cavalo.

Eu já desmontado aproximei-me do capitão e estendi a mão para cumprimenta-lo:

— Sinto muito, não pude fazer muito a não ser aliviar o sofrimento do homem.

— Você fez muito ao interromper a dor dele meu caro. — Os olhos azuis do capitão se encheram de lagrimas por alguns segundos.

— Onde passara a noite? — Perguntei para cortar o clima mórbido.

— Iremos para a torre da guarda. Podemos passar a noite lá sem problemas.

— Boa noite. — Falei por fim indo em direção a Neal e André que pareciam apenas me esperar para seguir viagem.

Neal não passou pela praça. Parecia não querer chamar atenção. Seguiu pela rua contornando-a. O edifício da universidade era cercado por praças e jardins, depois que saímos da praça principal e viramos para uma estrada de pedra branca comecei a ficar confuso. Achei que nos hospedaríamos na faculdade.

— Para onde estamos indo?

— Para minha casa na Vila dos Mestres. — Neal respondeu olhando para traz para ver se eu avia entendido.

— Os professores moram lá. — Explicou o menino que era acompanhado por um leão.

Quando olhei para o animal fiquei intrigado.

— Porque as pessoas na praça não ficaram eufóricas quando viram o leão. Na verdade elas nem pareceram ver. — Falei pensativo.

— Ele esta usando uma magia furtiva, acho que seria realmente muito difícil alguém vê-lo sem ele permitir. — André explicou pousando a mão na grande juba da fera.

Não perguntei mais nada. Em uma semana minha vida estava completamente de cabeça para baixo. Nada parecia ser uma surpresa. Eu era a arma crucial para uma profecia, e estava acompanhado de um menino que agora tinha um leão com chifres e ainda podia fazer magia. Simplesmente abri um sorriso nos lábios e continuei a andar.

Não mais do que cinco minutos e estávamos em uma rua cheia de casa. Na verdade eram três rua, Neal escolheu logo a que ficava a nossa direita e continuamos caminho. Algo começou a chamar minha atenção. Todas as casas eram diferentes. Tanto em seus tamanhos como estilos. Algumas pareciam ser centenárias e outras ate milenares. A rua não era tão cumprida, deveria ter duzentos metros no máximo.

Depois de passarmos por umas dez casas Neal parou em frente a uma diferente em tudo das outras. Ela parecia ser recente, não estava escurecida pelo tempo ou tinha aparência milenar. Era simples feita de madeira e vidro. Um pequeno jardim estava exposto na frente e não possuía muro ou grades.

Seguimos pelo caminho de pedras ate a porta da casa que se abriu sem ao menos ser tocada. Assim que vi o interior fiquei encantado. A casa era coberta de talismãs, guirlandas e fitas no teto. Os moveis eram simples, mas elegantes e bem arrumados. No final da sala ficava outra porta que levava a um jardim interno com claraboia. Quando vi fiquei paralisado. Esculturas feitas em pedras de diversos animais estavam expostas ali, além de uma cerejeira florida no centro do ambiente.

O filho do fauno Onde histórias criam vida. Descubra agora