IX O cavaleiro de paus

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— Então meu Karma é como o de tantos outros? — O tom de voz que eu usava era sereno. Percebi que minha mãe criou um filho para agir assim. Plácido.

— O de tantos outros? — A velha pareceu surpresa.

— Uma obrigação em vida. Algo que mudara tudo. — Respondi pensativo.

Olhei para as quatro pessoas ali. Sentadas em cadeiras de madeiras simples, sem luxo ou glamour, mas que seriam cruciais para o que viria. O pior era saber que eu seria a chave de toda aquela peça, um protagonista que morreria junto a um antagonista para reestabelecer algum certo tipo de equilíbrio. Eu estava calmo, e isso me deixava ainda mais pensativo. Eu deveria estar aterrorizado.

— Preciso aprender. Quem pode me ensinar?— Falei decidido.

— Irei te levar a Universidade. — Neal falou se levantando da mesa. — Agradeço a hospitalidade senhora, mas acredito que é preciso ir o mais rápido possível.

— Claro, irei acompanhar vocês ate a entrada da cidade, iremos ceder cavalos para que possam chegar antes do anoitecer na universidade.

Antes que deixássemos a casa Izzy trouxe roupas para mim, André e Neal. Era uma vestimenta meio rustica. Um tecido grosso e de cor marrom, também nos deu uma espécie de bota de couro, depois de vestirmos estávamos parecendo cidadãos de uma era medieval. Quase ri com a cena, mas meu irmão e meu quase namorado estavam confortáveis e agiam de forma normal.

Saímos da casa e descemos a colina ate a rua principal da outra noite. O movimento era grande, das lojas entravam e saiam fregueses. O calor da pequena cidade era agradável e o cheiro de comida no ar era inebriante. Seguimos por um caminho que não fizemos quando chegamos, estávamos indo para fora da cidade. E quando nos afastamos das casas da aldeia avistamos uma porção de cavaleiros montados em cavalos e segurando alguns pelas rédeas.

Fiquei mais uma vez impressionado com o tamanho dos cavalos, eram colossais. O capitão estava entre os homens, e mais uma vez admirei sei tamanho. Ele era musculoso e alto. Os cabelos ruivos estavam cortados baixos e os olhos azuis eram vividos. Aposto que aquele homem já lutou batalhas, mas provavelmente venceu as mulheres.

— Bom dia cavalheiros. — A senhora Lu falou graciosamente.

— Bom dia. — Os homens falaram em coro.

— Capitão, como sabe quero que escolte esses três rapazes ate a grande universidade de Anisóptera. Posso contar com você e algum de seus homens? — A velha tencionou o rosto após falar.

— É claro. — O homem fez uma pequena reverencia assim como os demais.

— Obrigado por me contar tudo. — Aproximei-me da Senhora e a abracei gentilmente. — Gostaria de me despedir de Izzy, onde ela esta?

— Não sei, achei que ela estava descendo a colina junto a nos.

— Ela subiu de volta quando chegamos à cidade. — André respondeu.

— Precisamos partir. — Neal cortou o momento de despedida.

— Vamos. — Respondi um pouco estressado e olhando para ele com um semblante serio.

Aproximei-me dos cavalos e subi em um, ele era cinza com manchas de tons um pouco mais escuro. Debrucei-me sobre o pescoço do animal e o acariciei gentilmente o que acabou me fazendo lembrar um amigo que se foi. Uma lagrima surgiu, mas foi apenas uma, eu não poderia me deixar consumir pelas lembranças. Todos agora já estavam montados e então começamos a caravana. Dois homens foram na frente andando em uma velocidade bem maior que a nossa. Logo atrás estava eu com o capitão ao meu lado André, Neal seguia alguns metro mais atrás e ainda mais atrás quatro cavaleiros nos acompanhavam.

O filho do fauno Onde histórias criam vida. Descubra agora