XIII O Fantoche

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— Qual o nome dele? — Perguntei encarando os olhos frios do homem.

— Você deve estar louco. — André falou puxando minha mão para baixo. Mas alguém parecia querer ver o circo pegar fogo.

— Wieland Uwe. — Arabela falou rápido. — Sabe que você não tem habilidade para enfrenta-lo. Desista Lucio. Não quero ter que vê-lo na enfermaria. — A menina falou sem olhar para mim. Sua voz mostrava que queria vê-lo humilhado e também havia raiva em sua voz.

Em outro canto da sala senti a energia de Neal, ele parecia querer entrar em minha mente. Não deixei. André provavelmente contou o que eu estava planejando. Olhei para Neal e o vi andando em minha direção, ele iria tentar me deter. Algo forte surgiu no meu peito e fez com que minha voz saísse alta e em claro som. Olhei para o homem repugnante no outro lado da sala e pronunciei.

— Eu Lucio Carvalho. — Incrivelmente todos ficaram em silencio no mesmo instante. — Desafio Wieland Uwe a um duelo no Circulo de pedra.

— Curandeiros não duelam. — Escutei alguém gritar em zombaria e foi seguido de rizadas.

— Então que o guerreiro me derrote. — Falei serio e plácido como um rei. — Ou vai me negar tal honra nobre privilegiado?

A ultima frase caiu como um meteoro. Todos ficaram em silencio e então começaram a cochichar uns com os outros. Se ele negasse estaria humilhado o suficiente, mas sabia que ele não perderia a chance de se sair por cima da situação. Meu corpo estava frio e minha respiração estava surpreendentemente normal.

— Não vejo motivo para duelar com um curandeiro medíocre. Um simples camponês. — Ele falou enquanto levantava-se de seu acento. — Mas já que insiste. Darei a honra de expô-lo ao ridículo.

— Obrigado por sua generosidade.

Assim que terminei de falar segui o caminho para fora da Universidade em direção ao campo de duelo. Meu sangue pulsava em ritmo forte e podia sentir meu corpo frio mesmo perante o caos que eu havia criado. André esta andando logo atrás de mim, mas não falava absolutamente nada. Arabela também me acompanhava e podia sentir a energia de Neal logo atrás.

Era notável também a energia de centenas de alunos que vinham logo atrás para apreciar o espetáculo. Senti então uma energia diferente no ar, algo que eu conhecia, mas não consegui distinguir. Deixei de lado a sensação energética e comecei a concentrar-me em um campo de proteção Elemental. Sobre minha pele eu estava criando uma fina camada de agua, algo invisível, porem impediria qualquer ataque. Era simples de se fazer, mas necessitava tempo. Por isso comecei a projeta-la antes de entrar no circulo.

Quando passei pela grande porta da Universidade sabia que não existia volta para aquilo. Eu iria realmente enfrentar um aluno experiente e cruel. Eu só possuía a minha confiança. Não sabia fazer feitiços de ataque e meus escudos não eram de total confiança ainda em uma batalha. Então percebi porque eu estava fazendo tudo isso.

Por muitos anos sofri com ofensas e certa vez agressões por ser eu mesmo. Não tinha muitos amigos e os meninos não costumavam interagir comigo. Era muito sozinho o tempo todo. Muito mudou depois que ganhei Apolo, mas agora ele se foi e a ferida ainda não estava cicatrizada. Eu queria justiça, meu corpo clamava por ela, mas eu estava prestes a fazer minha própria justiça. Algo que nunca achei que seria sábio.

Eu agora estava em frente à entrada do circulo de pedras. Respirei profundamente e fechei os olhos. Pedi a meu pai que me guiasse na batalha. Abri os olhos e entrei no grande circulo. Muitos alunos e professores se aglomeravam em volta da arena para deslumbrar o duelo. Não me importei com eles e caminhei ate o centro. Poucos segundos depois Uwe aproximou-se uns vinte metros.

O filho do fauno Onde histórias criam vida. Descubra agora