XVI A raposa

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Saindo da floresta que ficava dentro da cidade e onde residia o templo para meu progenitor seguimos Moana que estava nos levando a alguém que poderia nos levar ate o Templo dos Oráculos no deserto. Saímos da cidade por um portão pequeno em um grande muro que levava para o lado de fora. Seguimos o por entre grandes arvores e nos afastando cada vez mais da civilização. Estava sentindo um aperto no peito e algo veio a minha mente.

— Quem vamos encontrar? — Respirei fundo e senti uma energia antiga sobre a floresta.

— Uma mulher que viveu muitos dias se dedicando aos oráculos. — Moana respondeu com um tom de duvida.

— Como se chama? — Perguntei inquieto.

— Não sei seu nome. É melhor não saber mesmo. Entretanto é conhecida como a Sibila do deserto. — Ele olhou sobre o ombro e completou. — Soube que é tão jovem e bela como as mulheres mais desejadas que já pisassem sobre a Terra.

Continuamos pela floresta e a cada passo que dava me sufocava mais com a energia que o ambiente possuía.

Chegamos a uma pequena clareira e no meio se encontrava uma pequena casa de pedra. Uma fumaça saia da chaminé e alguns sinos do vento balançavam pendurados nas janelas fechadas.

Caminhamos ate a porta e Moana bateu três vezes.

— Entrem filhos do Fauno e jovem guerreiro. — Uma voz jovial e cordial veio de dentro da casa. A porta abriu-se sozinha sem ranger nenhuma dobradiça. — Fiquei esperando vocês o dia inteiro.

A noite já chegara e provavelmente o Sol cairia rapidamente.

Olhei para a mulher sentada em uma cadeira de balanço em uma sala vazia. A lareira iluminava sua pele delicada e sem rugas. Seus cabelos eram um misto de fogo e terra. Castanhos e loiros. Seus olhos marrons chegavam a uma tonalidade tão clara que pareciam à própria chama da lareira.

Ao fixar meu olhar sobre a linda mulher meu corpo tremeu e gelou.

— Boa tarde. — Neal falou com uma voz sedutora e um sorriso largo. — Obrigado por nos receber. — Seus olhos emanavam luxúria.

A dama se levantou da cadeira e aproximou-se do homem divino. Seus rostos estavam tão próximos que ele poderia sentir seu cheiro, seu hálito e ate mesmo escutar seu coração. Ela sorriu e pronunciou:

— Porque me procuram?

Neal não falou nada. Moana parecia estar em transe assim como Neal. André deu um passo para traz e falou para mim:

— Saia da casa.

Não pensei duas vezes e me retirei dando meia volta nos calcanhares e voltando para clareira. André me acompanhou e sacou seu cajado de batalha. Algo estava errado.

A mulher saiu da casa e fechou a porta atrás de si. Meus irmãos estavam agora trancados em uma casa e aprisionados por uma feiticeira desconhecida.

— Incrível como não ficaram presos em meu feitiço. — Ela riu alto. — Estão apaixonados?

Não falei absolutamente nada. Mas comecei a conjurar um escudo sobre meu corpo e sobre o de André. Abu que estava no lado de fora nos esperando agora estava na frente de André e em posição de ataque. O leão possuía grande magia e estávamos em maior numero. Ela teria que desistir de um ataque.

— O que pensa que estava fazendo? — Questionei-a.

— Ganhando sangue para mais alguns anos.

Sua resposta foi fria e obscuro o tom de voz que usou. O pássaro que estava em meu ombro se fez presente e falou em minha mente:

Sabe que posso lhe ajudar caso precise. Diga e serei seu escuto. Ordene e serei sua espada. — Ele falou poeticamente.

O filho do fauno Onde histórias criam vida. Descubra agora