XIV O barco

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No mesmo instante em que percebemos que a cada hora que passava Owen ganhava mais poder e se preparava para agir decidimos que era mais que a hora de enfrentar a profecia. Neal enviou três corvos para a Cidade dos Deuses, o objetivo das mensagens eram a mesma, avisar aos lideres o que estava acontecendo e a necessidade de providenciar uma intervenção imediata.

Já estava no final da tarde quando saímos de casa carregando mochilas com suprimentos e objetos necessários para a viagem. André se recuperou bem dos ferimentos embora ainda sentisse dor conseguiríamos chegar rápido ao porto mais próximo, o Porto dos Viajantes. A viajem a pé ou a cavalo levaria mais de três dias, mas de barco chegaríamos ao meio dia de amanha.

Estávamos em silencio, não trocamos muitas palavras depois que decidimos partir. Caminhamos pela floresta por pouco mais de duas horas quando chegamos ao porto. O céu estava claro e ventava consideravelmente em direção ao nosso destino.

Paramos em frente a um barco com o nome de O Lento. Comecei a suspeitar que o nome do barco referia-se a sua velocidade e então senti um frio na barriga, mas André estava com um sorriso nos lábios.

— Porque esta rindo?

— Quero ver como essa coisa vai nos levar pelo Mar de Espíritos. — Ele riu e olhou paras traz esperando uma explicação de Neal.

— O Lento é conduzido por um antigo amigo e não se deixem enganar pelo nome. — Ele sorriu e então colocou a mão em volta da boca para amplificar o som de sua voz. — Moana.

O grito foi forte e mesmo com o som das ondas batendo nos cascos das embarcações seria possível escutar de dentro do navio. Pouco mais de alguns segundos e um homem de pelo avermelhada e coberta por tatuagens apareceu para nos receber.

— Como os ventos trazem velhas lembranças. — O homem sorriu e desceu para cumprimentar Neal que o recebeu sorrindo e cheio de alegria.

— Como tive saudades irmão. — Neal o abraçou com força e comecei a duvidar que ele pudesse ser mais um dos trezes filhos de meu pai.

André também ficou confuso e cochichou baixinho para mim:

— Será que é seu irmão também?

— Não duvido muito. — Olhei para ele e sorri.

— Moana, esses são Lucio e André. Lucio é filho de nosso pai, o decimo terceiro. — Neal o encarou e Moana virou seu olhar para mim e me encarou profundamente.

— Que as ondas dos deuses corram a seu favor jovem irmão.

Ele se aproximou de mim e colocou sua testa com a minha. Pude sentir seu afeto. Depois de alguns segundos fez o mesmo com o menino loiro. Ao se afastar sorriu e falou:

— Prevejo que não vieram apenas para que eu o conhecesse, não é mesmo? — Olhou para Neal e sorriu maliciosamente da mesma forma que ele fazia.

— Pode nos levar para o Porto dos fantasmas? Irei lhe explicar o motivo durante a viagem.

— Entrem. À noite não esta com nuvens, mas os grandes espíritos estão com fome e não será nada fácil encara-los. — O sorriso malicioso não saiu de seus lábios ao pronunciar nenhuma palavra.

Entramos no navio de porte pequeno e em poucos minutos as velas já estavam funcionando e o barco se movendo. Fiquei na proa com André enquanto Neal estava na cabine com Moana explicando os acontecimentos dos últimos dias.

As estrelas no céu era o perfeito guia e a lua ajudava a clarear mesmo estando minguante. A agua de tom azul escuro parecia ser uma grande pintura viva, era magnifico. O vento soprava forte e ganhamos velocidade rapidamente, o frio começou a penetrar meus ossos e então me aconcheguei com André sobre uma fina manta que estava ali à disposição. Pegamos no sono em poucos minutos.

O filho do fauno Onde histórias criam vida. Descubra agora