Duda

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- Oi. - Ele começa falando e eu sorrio. - Tudo bom?

- Mais ou menos, e com você?

- Estou bem, andei pensativo esses dias. - Meu coração acelera ainda mais. - Cadê a Duda?

- Na escola, o motorista foi buscá-la, agora nós vamos para a clínica, será o primeiro dia de tratamento, ela nem sabe, vou fazer uma surpresa.

- Ela vai adorar, você me disse que era tudo o que ela queria. - Assinto e meu celular vibra, indicando a mensagem de que o motorista já estava lá embaixo. - Algum problema?

- Não, o motorista chegou, mas podemos continuar, certamente Duda está assistindo algo dentro do carro. Como vai seu trabalho?

- Vai bem, o novo hotel já vai começar e... - Ele franze a testa e ri. - Você já deve saber, é a dona da empresa.

- Sim, eu sei. E sei que suas fotos ficaram lindas, a da reforma do hotel carioca, recebi algumas.

- Obrigado. Estão gostando de Nova York?

- Duda está amando, sempre fala da escola, adorou a Times Square e ainda tem novos brinquedos no quarto. Estou gostando, estou trabalhando direto, sempre tenho tempo pra ela e adorando a cidade, mas ainda falta uma coisa aqui, uma pessoa... Eu sinto falta, sabe?

Acabo admitindo de uma vez. Sim, eu sinto a falta dele e se fosse há um tempo atrás, eu já teria o demitido, pelo fato de estar mexendo comigo.

- Também sinto falta. - Ele responde e sorrio.

- Doutora... - A secretária entrou de uma vez, tomo um susto e a encaro. - Desculpa, mas é urgente. Esses papéis precisam da sua assinatura.

- Pode deixar aqui comigo, eu já assino e coloco na sua mesa. Peça que Duda suba, ainda vou demorar um pouco.

- Sim, senhora.

Meu Inglês saiu mais que enrolado, e vejo que Otaviano ria.

- Tomei um susto, certo?

- Não estou falando nada! - Ota rende as mãos para cima e cerra os olhos. - Que papelada é essa?

- Demissão em massa. Cinquenta serão demitidos amanhã cedo.

- A velha Monica voltou? A que dispensava os funcionários por motivo nenhum?

- Esses tem motivos, tem alguns pendentes, ainda vou pensar no caso desses. - Deixo a papelada de lado e o encaro. Minha garganta está com um nó, com dificuldade e segurando a ansiedade, pergunto: - E a gente?

- Não sei como falar. Eu pensei, por todos esses dias, tentei colocar na minha cabeça que ia dar certo, mas nenhum relacionamento deu. Eu não consigo namorar a distância.

- Estamos noivos.

- Monica, eu não vou conseguir ficar dias longe de você. E se for pra ficar longe, vou sofrer muito, e você também. - Eu poderia rir, se fosse há um tempo, mas como estou completamente apaixonada por ele, concordo. Já estou sofrendo. - Acho melhor terminar.

- Tudo bem. Terminamos. Mas saiba que ainda vou ter contato com você, tem a empresa e a Duda certamente vai querer falar contigo, ou ver o seu cachorro.

- Tudo bem, eu amo a Duda e quero manter contato com ela.

Assinto e enxugo as lágrimas dos cantos dos olhos. Tento ser discreta, mas sei que ele nota, pois abaixa a cabeça.

A porta é aberta e Duda entra correndo, com um chocolate em mãos. Afasto a cadeira um pouco e a pego no colo. Trocamos um abraço, beijo no rosto e ela logo vê Otaviano na tela. Seu sorriso se abre ainda mais e ela mostra o chocolate, arrancando uma risada de Ota.

Power and Control - 2ª TemporadaWhere stories live. Discover now