Power and Control - 2ª Temporada

"Preciso pensar"

- Do que você tá falando? Desde quando você inventou isso?

- Desde que eu soube que a George está sendo roubada, estão com desvios de muito dinheiro, preciso acompanhar tudo de perto!

- E nem me avisou? Foi lá e comprou uma merda de apartamento sem nem me avisar?

- Otaviano, você sempre soube que eu sou muito independente, tenho uma empresa com inúmeras filiais pelo mundo e não posso simplesmente largar a George de outro país!

- E a Duda? Você acha que ela vai concordar com isso? - Suspiro e encaro o chão. - Aposto que você nem avisou a menina sobre isso.

- Eu avisei e ela concordou. Será bom para mim e principalmente para ela. Você tinha que ver o sorriso que ela deu quando soube que vai fazer um tratamento lá, para poder escutar e falar.

- Um tratamento?

- Sim, vou pesquisar quando me mudar e ela começará a fazer.

- Monica, eu espero que essa sua história me encaixe, pois eu não quero ficar longe de você.

- Ota, você é o único fotógrafo da George do Rio, não vai poder largar seu cargo, mesmo que eu seja a dona, não vou poder tirar uma pessoa daqui só pra te colocar, vão falar um monte de merda de mim, mais do que já falam.

- Olha, eu acho que você está ficando maluca. Não tem condição disso!

- A gente pode tentar de longe! Tenho jatinho, mando te buscar ou nós vamos. Não vai ser tão ruim.

- Monica, você ia passar um mês no Rio e está com muito mais tempo, você não acha que isso tudo está se repetindo? Certamente vai se apaixonar por algum americano, loiro dos olhos azuis, ele vai fazer um papel de pai da Duda e vocês vão noivar!

- Você sabe muito bem que eu não me envolvi com ninguém, apenas com você e estou há meses. Eu te amo e você sabe! Tenta entender minha parte!

- Eu entendo! Você vai morar em Nova York, mas vai levar a minha filha pra longe de mim! - Meus olhos já estão marejados. Ele continua: - A gente pode tentar, como você disse.

- Eu quero tentar e com você sorrindo, não com essa cara de raiva. - Me aproximo e limpo meu rosto. Seguro seu queixo e lhe dou um selinho. - Vou te dar um tempo pra absorver.

- Eu vou pro Brasil.

Cerro os olhos e ele sorri de lado.

- Preciso pensar longe, me deixa um pouco só. Isso é difícil.

- Como quiser.

Me afasto e sento no sofá da sala. Ota sobe as escadas e me permito chorar, pois sei que isso tudo não vai dar certo. Em algumas noites, após transarmos, ele me contou de uns relacionamentos à distância com algumas funcionárias da George e nunca deram certo.

Ele sempre detestou distância e eu estou me afastando. Indo para outro país e com a Duda.

Quinze minutos depois, ele desce as escadas e me encara. Olho para seu rosto e vejo seu rosto vermelho. Mas não me levanto.

- Eu te amo muito. - Digo baixo.

- A gente se fala.

Meu coração fica apertado. Ele sai e pega um táxi que já estava lhe esperando. Respiro fundo e escuto o barulho de motor.

Em alguns segundos, a porta abre com Duda correndo. Limpo as lágrimas rapidamente e lhe abraço.

- Cadê o tio?

- Ele voltou para casa, teve que resolver uma coisa do Darth. Lembra do cachorro dele? - Duda assente e ri, certamente lembrando da sua briga comigo para deixar Darth conosco.

Eu acabei vencendo, Darth mora em uma fazenda no interior, e sempre que dá, levo-a para vê-lo.

- Eu tomei um monte de sorvete! - Ela troca de assunto rápido e sorrio, beijando sua cabeça.

- Você está a fim de voltar para o Brasil ainda hoje e arrumar nossas coisas? Vamos morar em Nova York ainda esta semana.

- Sim! Mamãe, eu vou ter um quarto novo?

- Sim, e já mandei planejar tudo, estão decorando nossa casa esses dias.

- Ele é azul?

- É uma surpresa. - Ela ri e me dá um beijo. - Agora vai ajeitar suas coisas, vou adiar nossas passagens pra hoje.

Duda assente e corre escada acima. Pego meu computador, que está em cima da mesa de centro, e observo Dani se aproximar.

- Aproveitando que Ariel está dormindo no carrinho e nossos pais estão conversando com o vizinho, como foi a conversa com ele?

- Otaviano voltou para o Brasil. Disse que precisa pensar sobre manter uma relação a distância, mas tenho certeza que ele vai acabar tudo. Ele odeio distância.

- Só posso desejar boa sorte. E outra coisa, você tem a sua filha, ela merece ser feliz  junto contigo e tenho certeza que vai ficar ao seu lado sempre. Qualquer coisa saiba que estamos aqui. E se ele acabar tudo, me liga que eu vou morar com você em Nova York.

- Você é muito cara de pau. - Brinco e ela ri. - Obrigada por tudo, Dani.

- Não precisar me agradecer, maninha.

Respiro fundo, mais uma vez, e vejo Duda descer com um urso.

- Vamos, mamãe! Precisamos arrumar nossas coisas! - Ela disse trocando os sinais em libras e sorrio.

- Vamos, pequena.

Puxo Duda para o colo e subo as escadas.

Tenho uma nova vida.
Tenho uma filha.
Tenho uma empresa gigantesca que preciso administrar.
Tenho uma família pra me apoiar.

Não falta mais nada pra recomeçar, aliás, falta sim, falta Otaviano aceitar que nossa relação seja a distância.