Teste

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Acordo na segunda com uma ressaca do cão. Passamos o domingo no Brasil, levei Duda na praia e só saímos quando anoiteceu, compramos uma pizza e um pote de sorvete. Porém, acabei bebendo quase um litro de Whisky sozinha enquanto Duda dormia.

Antes de seguirmos para Nova York, passo na George. Deixo Duda na cafeteria do térreo com Giovanna e vou até meu andar. Encontro Otaviano no mesmo, sentado e mexendo no celular.

- O que faz aqui? - Pergunto, segurando a bolsa.

- Imaginei que você fosse vir aqui hoje, quero falar contigo.

- Você sabe muito bem que não temos o que conversar.

- Temos sim. - Ele levanta e se aproxima de mim. - Que tal um café?

- Estou com pressa, Duda e eu vamos voltar para Nova York ainda hoje.

- Você tem mil jatinhos, pode usar um pra voltar na hora que quiser, agora para de arranjar desculpas e vamos conversar logo de uma vez?

Respiro fundo e assinto.

- Tudo bem! Na minha sala.

Procuro a chave na gaveta de Gio e logo entramos. A sala estava igual como deixei, tudo no lugar. Ele fecha a porta e eu sento na minha cadeira, procurando alguns relatórios na gaveta.

- Fale, estou ouvindo. - Aviso.

- Não estou mais com a Flávia. - Subo o olhar até ele e rio.

- Eu não mandei você terminar com ela, nem precisava me avisar, estou nem aí pra vocês. - Volto pra gaveta.

- Flávia dá muito piti por nada, então eu preferi terminar, ela acabou te procurando no meio da festa, eu soube. O que ela tenha falado, ignore.

- Eu sei ignorar as merdas que me falam, sempre soube, não precisa me avisar. Era só isso? - Fecho a gaveta e seguro um envelope em mãos, encarando-o.

- Só isso que tem a me falar?

- Você queria o que? Que eu me jogasse nos seus braços, falasse que eu te amo e que íamos retomar tudo que vivemos? Otaviano, é passado! Você fez sua escolha, falou que não ia dar certo a nossa relação.

- Eu fui um estúpido! Me perdoa! Eu te amo e só quero você, Monica!

Engulo o choro e me levanto. Não posso cair nos braços dele, nunca mais. Pego minha bolsa e o envelope, indo em direção a porta. Seus passos atrás de mim me deixam mais nervosa, não sei se vou conseguir aguentar.

O cheiro do seu perfume me segue, me deixando atordoada enquanto esperamos o elevador.

- Você vai embora sem falar nada?

- Já disse que não tenho o que falar.

- Você está sendo idiota e superior igual o começo disso tudo. Quando começou sendo secretária da Jolie, não deixe a riqueza te comprar. Eu sou seu verdadeiro amor e você sabe.

- Me erra, porra!

Grito e entro no elevador, deixando-o plantado no último andar. Limpo as lágrimas no espelho e quando chego ao térreo, encontro Duda dando pulos e batendo palmas, ansiosa ao me ver.

- Aconteceu alguma coisa, princesa? - Pergunto, já que ela me escuta 80%, isso é ótimo! - Quem te deixou assim?

Ela aponta o dedinho fino e de unha pintada azul para mim, com um sorrisinho de dentes tortinhos.

- Eu?! O que eu fiz?

- Mamãe.

Minha boca quase vai ao chão. A primeira vez que minha filha está falando! Ela falou! Ela disse "mamãe", em bom tom.

- Meu Deus... - Digo, ainda surpresa e de joelhos no meio do saguão.

- Mamãe! - Ela repete, me dando um abraço apertado.

- Eu te amo, minha linda!

Me pego com lágrimas nos olhos e agarrando a menina no meio do saguão. Me levanto, limpo as lágrimas e a pego no colo.

- O que você quer fazer hoje? O dia é todo nosso!

- Sorvete! - A menina repete em voz, me deixando ainda mais boba.

- Então vamos tomar todo o sorvete da sorveteria!

Passamos algum tempo na sorveteria, experimentando a maioria dos sabores e logo voltamos pra casa, para pegar as malas e ir ao aeroporto. Já que perdemos o voo, vamos ter que voltar com jatinho.

***

Alguns dias se passam e a cada dia, me sinto mais exausta. Duas pessoas foram presas, já que conseguimos provar que os desvios estavam sendo feito por eles. Matthew e eu comemoramos juntos, brindando em um jantar, sua mulher e os gemeos, eu e Duda.

Duda está começando a falar aos poucos e formar frases, me deixando orgulhosa a cada dia. Porém, o enjoo permanece e nenhum remédio mais faz efeito.

- O que você acha que é? - Dani questiona enquanto coloca Ariel no berço.

- Não sei, ainda não fui ao médico por medo de ser algo grave.

- Você já cogitou ser gravidez?

- Claro que não! Estou há quase quatro meses sem transar.

- E a última vez que menstruou?

- Sei lá, nunca é certinho, às vezes atrasa e às vezes não, estou bem acostumada.

- Deve ser porque você mal come, mal bebe água e entre outras coisas, né? Me faz um favor. Faz um teste. Só por fazer.

- Eu não estou grávida.

- Tudo bem, faça o teste e me prove.

- Você é tão idiota, Daniella Maria.

- Você é tão teimosa, Monica Iozzi.

Desligo a chamada de Skype e pego minha bolsa. Duda está na escola, tenho exatamente 15 minutos para passar na farmácia e buscá-la.

Compro vários testes e mando uma foto para Dani, mostrando o que estou fazendo. Busco Eduarda na escola e voltamos pra casa.

Dani já está bombardeando meu celular de áudios e mensagens, esperando o resultado. Peço que Duda tome um banho e vou fazer o teste.

10 minutos depois...

Não tenho coragem de ver.

- Mamãe, fome. - Ela entra no quarto e se joga na cama.

- Só um minuto, princesinha.

Respiro fundo e pego o teste na pia. Respiro fundo e leio as palavras.
Respiro fundo e seguro o choro.

- Mamãe?

Power and Control - 2ª TemporadaWhere stories live. Discover now