Natal

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- Oi, Ota! - Digo assim que escuto seu alô. - Como você tá?

- Estou bem, com muita saudade, mas estou levando. Como vai ser o Natal aí?

- Vamos fazer a ceia, depois meu pai se veste de Papai Noel e entrega os presentes para Duda e Ariel. - Otaviano ri e acabo rindo também. - E aí?

- Esse ano eu que vou me vestir de Papai Noel, meu pai disse que não aguenta mais o tranco, disse que tá velho pra essas coisas. - Dou uma risada e posso imaginar seu sorriso. - Mas vai ser assim, a gente faz a ceia, trocamos presente no amigo secreto e depois entrego os presentes para as crianças. Só não vou entregar o da Duda e o seu.

- Você sabe que não precisa comprar o dela.

- E o seu?

- Eu gosto de presentes. - Digo brincando. - O que seria o meu?

- Não seria algo material, seria algo... Do momento, algo quente... - Otaviano é meio safado e, às vezes, eu rio com tanta baboseira que ele diz. - Ah! Recebi as fotos da Disney! E vi a selfie de vocês três no seu Instagram, com os comentários de homens tarados falando que encarava vocês duas.

- Está com ciúmes? De pessoas "virtuais", que nunca vão me ter?

- Eu comentava suas fotos antes e olha onde estamos.

- Idiota. - Dani aparece na porta do meu quarto, aos gritos. - Que é, mulher?

- Me ajuda com esse vestido, ele não tá fechando! - Ela reclama, quase chorando.

- Calma, eu te ajudo.

- Amor, pode ir lá, Feliz Natal pra todos vocês, eu te amo.

- Feliz Natal, te amo, beijo.

Desligo e ajudo Dani com sua roupa. Logo termino de me vestir e quando descemos, encontro Duda mexendo na árvore de Natal, sem ninguém por perto.

- Duda, minha filha! - Acabo gritando, só que, óbviamente, a menina continua e decido me aproximar. - Não pode mexer, ou o Papai Noel não vem.

- Tudo bem, desculpa.

A noite de Natal foi e sempre é bem familiar. Ariel dorme a noite inteira e só acorda na hora dos presentes, mesmo com um mês e meio, não sabendo o que é isso. Duda é a mais inquieta, sobe e desce do sofá, vai até a escada, belisca algo do restante da ceia ainda posta sobre a mesa.

Logo o avô que o surge alto da escada, com os presentes e distribui a maioria para Duda e Ariel. Depois que desce, sem a roupa vermelha, foi bombardeado por perguntas de Duda, perguntando onde ele estava e pedindo para que lhe ajudasse a abrir todos os presentes.

***

- Olha isso. - Coloco o computador na mesa de centro, na sala de estar. - Estou indo pra Nova York hoje, vou passar somente essa noite e volto cedo, amanhã de manhã já estou de volta.

- O que vai fazer lá minha filha?

- Tenho duas coisas pra fazer, as duas sobre a George, vou dormir em algum hotel, não sei. Vocês podem ficar com a Duda? Se ela for, vai ficar mais demorado pra eu ajeitar tudo.

- Ficamos sim, até porque temos um ingresso da Disney pra amanhã. - Dani avisa, me lembrando do compromisso com ela e com mibha filha. - E quando você chegar, corra pra lá.

- Eu sei. Agora preciso ir, o táxi já chegou.

Me despeço da família rapidamente, mas não saio sem explicar minha pequena ausência para Eduarda, que entende depois de saber que iria voltar à Disney no dia seguinte.

- Duda, agora quero que seja sincera comigo. - Eu peço, já na porta de casa. - Se você tivesse a oportunidade de poder escutar e falar, como a mamãe, você iria aceitar?

- Sim, eu quero falar "eu te amo" pra você, com a minha voz. Também quero escutar sua voz.

Aquilo amolece meu coração. E a minha dúvida foi respondida. Estava indecisa sobre se mudar para Nova York por conta de Duda e Ota, só que agora tenho certeza. Agora tenho um dia pra encontrar um apartamento para a gente morar a partir de janeiro, e assim, infelizmente, deixar Otaviano no Brasil.

Mesmo que fosse díficil para mim terei que fazer. Era minha empresa e minha filha. Não vou largar tudo por causa de um romance com um homem. Tenho uma carreira, e não posso abrir mão.

Nova York, Duda e eu chegaremos em breve.

Power and Control - 2ª TemporadaWhere stories live. Discover now