Capítulo 6 - Calma! Vai ficar tudo bem!

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- Calma vai ficar tudo bem! Solte uma mão e a sua mochila que consigo te subir. Anda Christian o gelo está cedendo. – falo ele solta a mochila com o equipamento dele, pega a minha mão e toma impulso. Apoia o tronco no gelo e o puxo! Pesado, muito pesado! Cai ao meu lado e a vara do esqui cai lá embaixo. Droga ele perdeu um dos esquis, não vai conseguir descer até a clareira, ou sem o oxigênio que usou em mim.

- Obrigado! Achei que iria morrer. Obrigado Anna! – fala suspirando. Até aqui ele me irrita, já disse para não me chamar de Anna.

- Já te falei para não me chamar de Anna! Já te tirei do perigo agora tchau! Ah sim! Estamos a seis quilômetros da área plana. Sua única chance é pedir ajuda para te buscarem ou descer de vôo humano, te empresto a roupa que eu trouxe já que perdeu todo o seu equipamento, você tem medo de morrer, então melhor não desafiar a morte, ela pega os medrosos. – falo e me levanto, quero que ele pense que sou metida, que saia daqui e pare de me atrapalhar.

- Fomos feitos um para o outro, não percebe? Eu gosto de você! Qual seria a graça de viver todos esses desafios se você não existir para eu te irritar. Meu mundo e foco são você Anastácia. – mas como é cara de pau, quer dar um showzinho para as câmeras via satélite. Seria mundial! "Casal supera a morte." "Desafio do amor!"

- Me poupe do seu showzinho para as câmeras Christian, isso é muito clichê e pelo pouco que sei de você não combina. Faça o que quiser irei continuar o meu caminho e não me siga, peça ajuda pelo rádio para a sua equipe ou a minha. Irei levar o meu desafio até o fim. – falo saindo, sacudo o gelo da minha roupa, minhas mãos estão congelando.

- Que câmeras as nossas? A minha eu perdi, caiu junto com a mochila. A sua do seu capacete? O meu capacete não tem. – cínico!

- Dos satélites, ou acha que eu não sei? Minha equipe me informou. A Ducatti está monitorando tudo o que você faz! Agora a Ferrari também, não ficariam atrás! Não estou aqui para demonstrar nada a ninguém, quero superar o meu próprio desafio se conseguir. O sol está se pondo, vá embora ou morra aqui. Irei tentar até onde conseguir. – falo calçando meu snowboard novamente.

- Não sei de nada disso, não me falaram nada! Meu contrato com a Ducatti é novo, não sabia que tinham alta tecnologia assim. Anastácia, precisamos nos ajudar, não vamos conseguir se ficarmos sozinhos, ou agindo como inimigos. Sua roupa não servirá em mim para voar, e minha equipe não chegará a tempo. Não tenho oxigênio! Me ajuda por favor! – mas minha raiva e frustração só pioram, porque não me deixou sozinha?

- Porque não me deixou sozinha? Se quisesse me superar que fosse depois como sempre! Eu odeio você! Nem na morte não me deixa em paz. Mas não tenho outra escolha, você me deu o seu oxigênio. O que pretende, só temos o meu snowboard e o meu equipamento, esse esqui no seu pé não servirá de nada. – Christian arregalou os olhos quando eu falei que o odiava. Mas sorriu quando me dispus a ajudar.

- Sabia que era louca por mim também! Não temos tempo, é o seguinte, você não aguenta o meu peso, então. Me passa seu snowboard e sobe nas minhas costas. Com o peso de nós dois, chegaremos mais rápido pela velocidade, chegaremos com metade do tempo na clareira. Já dá para avistar. E então? – fala tirando e esqui do pé e jogando abaixo do Everest. Ele agora só tem o próprio capacete. O plano é bom!

- Mas você é péssimo com dois esquis, imagino no snowboard? Vamos morrer de qualquer jeito, então que seja tentando. – falo e entrego o snowboard a ele e sorri. Firmo mais a minha mochila com o equipamento. Calibro a câmera do meu capacete e estou pronta. Christian limpa o gelo da roupa, e calça o snowboard.

- Me fala os movimentos e teremos chances. – meu rádio toca.

- Anastácia saia daí agora, tem uma avalanche descendo, ainda não sentiram porque está a oeste de vocês, mas está rápido. Saiam daí e vão para a clareira. – assentimos e pulo nas costas dele. Prontos e vamos. A velocidade é muito grande, parece que vamos congelar. Aperto o braço dele para pular. Christian entende e nos preparamos e pulamos, vamos para o lado direito, sentimos a vibração da avalanche. Morrer surfando no gelo, essa será ótima, o ruim é morrer com as pernas abertas nas costas de Christian Wood. Sentimos parte do gelo batendo em nossas cabeças, estamos indo para o lado e descendo ao mesmo tempo, pulamos algumas pedras pontiagudas e desviamos de outras. Parecemos um corpo só, é tanta adrenalina que fico excitada, sinto minha calcinha molhar. A adrenalina, o cheiro dele, estarmos tão próximos fugindo da morte. Isso tudo é uma loucura! Me seguro mais no pescoço dele, só ouvimos nossas respirações e sentimos nossos corações baterem forte. Christian aperta a minha mão e retribuo, já que estamos nisso pela primeira vez juntos. Avistamos a clareira a uns quatrocentos metros, chegaremos em segundos, será que ele sabe como frear? A duzentos metros eu aperto mais o ombro dele, mas não entendeu em vez de esticar os joelhos, Christian flexionou mais, vamos capotar. Me preparo para o impacto, ele perde o controle e capotamos, capoto umas dez vezes no meio do gelo e ele ficou mais atrás. Vem correndo me ajudar!

- Você nunca andou de snowboard? Não sabe parar? Era para esticar os joelhos e não flexionar mais para ganhar velocidade, poderíamos ter quebrado o pescoço. – falo quase berrando. Mas o ar me falta. O sol está quase se pondo.

- Me desculpe é que a adrenalina e excitação foram tão grandes que não pensei, desculpe. Mas se eu morresse, morreria feliz com você aqui e agora! Desculpe, esqueci das câmeras, vou parar. – Christian fala e depois pega a minha mochila para montarmos a barraca, estou congelando. Mas como ficar duas pessoas na barraca de uma?

- Tem fogo artificial só para metade da noite, teremos que apagar, fazer o chá quente e apagar. Não sei se vamos sobreviver até amanhã. A barraca só cabe uma pessoa, um saco de dormir. Estamos molhados e congelados de tanto cair no gelo. - não vou trocar de roupa na frente dele não.

- Nossa que tanto de lixo, as pessoas não respeitam a natureza. – Christian reclama dos lixos espalhados na clareira. Tomada pela metade pela média avalanche que quase nos pegou.

- É verdade isso me entristece muito, Deus é perfeito em tudo o que faz. O ser humano não dá valor. Soube que tem uma nova lei saindo, cada turista terá que descer de quatro a oito quilos de lixo, além do que trouxer. – falo e ele me dá atenção e sorri. Ficamos alguns segundos nos encarando. Lembro de como ele me beijou, será verdade que não sabia que estamos sendo monitorados o tempo todo? Desvio o olhar e continuo a descer o que vamos precisar dentro da barraca, o fogo, saco de dormir, um dorme fora do saco, ele provavelmente. Terminamos e coloco a mochila e o restante do equipamento ao lado, preso e amarrado a barraca, a ventania da noite começa com o fio de sol que tem no horizonte, é muito lindo.

- Eu entro primeiro e troco minha roupa, saio e você se troca depois. Tem só um saco de dormir, você coloca a garrafa de chá entre as mãos, eu dormirei no saco de dormir. – falo e ele assente e não diz nada. Entro na minha barraca e começo a trocar de roupa, não antes de acender o fogo artificial.

- Christian! Saia daqui, qual foi o combinado? – falo colocando a blusa de flanela para esquentar mais.

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