Who's there?

Capítulo 3

A mulher deslumbrante e esculturar ainda pairava nos meus pensamentos, o que me deixava louco. Não tinha noção da gravidade da situação. Para mim, Bella fora embora e as suas ultimas palavras eram apenas mais um dos seus jogos para mexer com o meu estado. Foi uma noite, apenas uma noite, nada significou para mim e Anna não saberá de absolutamente nada, o que me resta é esquecer tudo e enterrar, de uma vez por todas, este assunto.

Desgastado de toda a confusão, caio sobre o meu macio colchão e fico a encarar o teto.

-Está tudo bem, certo?- pergunto-me a mim mesmo com a voz a falhar.- certo.- convenço-me, depois de meros segundos de dúvida.

Pego no meu telemóvel pousado em cima do meu peito e encaro a fotografia de fundo com um pequeno sorriso. Anna e eu com dezanove anos, na época em que eu éramos caloiros na faculdade, Anna frequentava o primeiro ano de direito.

Posso dizer que a minha vida mudou drasticamente desde que o nosso namoro começou. Confesso que era uma pessoa totalmente diferente, não era problemático mas gostava de amassos atrás da escola, talvez ficar até mais tarde na sala de aula, enquanto todos já estavam em casa, a tirar umas certas... dúvidas com a jovem professora de Inglês. Deitava-me tarde, ficava a curtir as festas do outro lado da cidade, depois acordava cedo para mais um infernal dia de escola. Costumava-me meter em sarilhos com o meu famoso grupo de rapazes, ficámos suspensos algumas vezes por trazer algumas ilegalidades para a escola, nada de mais. E mesmo com tudo isso, era o melhor aluno da turma e melhor no box. Podia-se dizer que levava uma boa vida; muitas festas, algumas miúdas, bons amigos, o box. Zayn Malik no seu melhor, até aparecer Anna.

Não estou a insinuar que a sua chegada foi má, pelo contrário, foi simplesmente... inesperada. Anna não era exatamente o tipo de rapariga que eu gostava e procurava, mas de algum modo ela cativou-me e de algum modo, que nem eu sei, eu apaixonei-me pela minha vizinha da frente, que pela primeira apreciação me pareceu muitoooo aborrecida. Quer dizer, eu só queria divertir-me e aproveitar a vida, não queria saber dos castigos do meu pai, não queria saber se descia as minhas excelentes notas, eu queria uma carreira no box, queria conhecer raparigas, fazer o que quiser, sair com os meus melhores amigos e gritar "foda-se isto" para todos. Mas, infelizmente, a vida não é tão perfeita assim, nem o meu pai. Nem mesmo eu, que fui burro como tudo e entrei em coma alcoólico no dia antes de um exame nacional. E o meu pai, que já antes tinha vergonha que eu manchasse o nome da família com as minhas rebeldias, agora... bem, imaginem só, mal acordei tinha a cara dele mesmo colada á minha, e ele pronto para iniciar os berros, as acusações e o sermão de mais de duas horas. Mas eu consegui fazer um exame, não no dia marcado, óbviamente, mas consegui. E tirei uma excelente nota.

Graças a Anna Marin, que disponibilizou grande parte do seu tempo para me dar explicações.

Quando tive a primeira suspensão, o meu pai ficou perplexo, mal esperava que o perfeito filho Zayn fizesse tal coisa, deu-me vários castigos, todos em vão, pois eu conseguia sair de casa todas as noites. Desci as notas e perdi o interesse pelo estudo, então ele viu-se na obrigação de me colocar nas explicações. Totalmente desnecessário.
Então, depois, lembrou-se da adorável filha dos Marin's, que viviam logo em frente da nossa casa. Eu conhecia a rapariga de vista, pela escola, e não achava grande coisa (depois eu ensinei-lhe umas coisinhas e ela ficou uma boazonha do caralho, mas isso é a parte). Era loira, (óbviamente que era loira, eu só como loiras), uns perfeitos cabelos loiros que combinavam perfeitamente com o seu inocente rosto, mas que ela infelizmente escondia sempre com uma touca na cabeça. Tinha dois grandes diamantes azuis nos olhos, mas que eu nunca era capaz de ver, visto que a rapariga morria de medo de me olhar. Também tinha dois grandes pares de mamas, mas escondia sempre ao usar aquelas camisolas largas foleiras. Lembro-me que quando ela falava eu só sabia revirar os olhos, porque ela tinha uma voz mesmo muito irritante, mas que explicava bem, lá explicava. Todas as tardes estudávamos juntos e, acidentalmente, um dia acabámos por desviarmos-nos dos assuntos da escola e começar uma conversa mais intima. Acabei por conhece-la melhor e saber que, por de trás daquela rapariga desprezível, havia uma maravilhosa pessoa (claro, nem vocês sabem como foi vê-la nua...).