Só faz três dias que a gente chegou nessa cidade, e parecia que a família toda estava ali na sala. Mas eram só meus primos com as namoradas, meus tios e meus pais.
- Nossa, chega e nem fala um Oi para a gente?! - disse minha tia com os braços cruzados enquanto me olhava.
- você não conhece ela, Teresa? Essa só não fecha mais a cara por que não pode. - disse meu tio em meio a risadas irônicas enquanto revezava o olhar para minha tia e para mim.
Respirei fundo contendo aquela mine raiva do que meu padrinho, e olhei para todos:
- só vou guardar a mochila. - andei até o quarto e joguei a mochila em cima da poltrona vermelha, logo voltando para a sala, e sentando do lado da minha mãe.
Eu até que estava disfarçando bem a falta de paciência, já que meus primos estavam ali.
Eu adorava eles. Inclusive as namoradas.
Meu primo, o Leo, ele tem 24 anos, e um cabelão que dá inveja todas as vezes que o vejo. Ele é bem branco também, como eu.. e se paga de durao intelectual.
A namorada dele é muito gente boa, um amorzinho de pessoa. É a Lury.. e ela também tem cara de intelectual. Ou seja, casal perfeito. Ele no último ano da faculdade de engenharia, e ela no segundo de pedagogia. Shippava eles antes mesmo de acontecer, até por que, eu e a Naty fomos as cupidas para eles dessem certo.
Naty, é a namorada do Lucas.. meu outro primo que também estava ali. Ele é chato, assumo, mas a Naty é umas das melhores pessoas como a Lury.
Ele tem cabelo curto, usa óculos de grau com armadura daquelas de aviador - que não faz o estilo dele - tem quase dois metros de altura e já tinha se formado em psicologia. Ela, também usa óculos - como todo mundo - só que mais estilosos. Pequena em consideração ao tamanho do Lucas. Ela é linda, inclusive aquele cabelo de trancinhas.
Depois de um tempo na sala, meu pai foi pra fora conversar com meu tio sobre os negócios.. eu acho, enquanto minha mãe estava na cozinha com a minha tia preparando meio que um almoço. - já eram quase 1:30 da tarde.
O Lucas pegou meu violão que estava encostado na parede do meu quarto, foi pra mesa da cozinha, e começou a tocar enquanto eu brigava com o Leonardo por um pão com geléia na frente do balcão.
Naty e Lury estavam na mesa conversando com minha tia e minha mãe, enquanto todas tentavam fazer a gente parar de brigar com a idéia de "dividir" o pão.. claro que não aceitamos e continuamos a brigar até o pão cair no chão - que ele limpou, é claro - e todos em volta começarem a rir de nós.
Depois de um tempo de muita música e fofocas, o almoço estava pronto.
Tinha tanta comida naquela mesa que aquele almoço poderia ser comparado facilmente com uma ceia de natal.
Comemos muito. Muito mesmo. E depois, fomos pra sala ver "O Senhor dos Anéis" na sessão da tarde. - cliché, eu sei.
Estávamos eu, Lury, e Léo no mesmo sofá, e os outros dois no outro.
Eu e ele estavamos brincando de guerra de almofadas enquanto estava no comercial, até que uma delas voou na cara do Lucas fazendo o óculos dele cair, e ele surtou dando um grito com a gente, e nós paramos.
Não era nem a metade do filme, e já estavam todos dormindo.
Depois de um tempo, acordei e vi todos um em cima do outro. - estava até bem fofo - Aproveitei pra tirar um snap e fui para o meu quarto.
Eram quase 5:00 da tarde. Eu não tinha absolutamente nada pra fazer. Pensei em acordar eles com um panelaço, mas eles me odiariam depois. Vi que tinha algumas maçãs na cozinha e fui comer.
Sentei na janela do meu quarto e fiquei conversando com a Bela e a Fabi pelo Whatsapp por um bom tempo, até meu pai voltar com meu tio, e proporem jantar fora.
Eu ainda estava com meu estômago cheio, inclusive depois daquela maçã gigante, vermelha e suculenta. Parece que a digestão ainda estava meio empacada mas, já que todos toparam, eu não ia ficar sozinha em casa.
7:15. Meus primos já tinham chegado em casa com meus tios, todos bem arrumados para irmos. Eu estava arrasando com meu macacão Jeans e minha sapatilha vermelha. Sem contar meu cabelo que estava meio preso e cheio de cachos. - Bonita, maravilhosa.
7:30 saimos de casa. Era muita gente pra um carro, então foram meus tios com o Leo e a Lury em um , e meus pais comigo e os outros dois em outro na frente mostrando o caminho. Parece que meu pai tinha reservado mesas em um restaurante que o pai da Bela sugeriu.
Depois de ter pegado alguns caminhos errados, a gente finalmente encontra o tal lugar.
O nome era bem complicado. O restaurante era em um lugar mais afastado da cidade, tanto que tinha bastante mato.. Saímos dos carros e entramos no restaurante todos juntos.
O lugar aberto, bem grande, iluminado.. e com uma decoração retro maravilhosa.
Fomos todos seguindo meu pai até o caixa que deu o número das mesas e seguimos até elas com a companhia de um garçom.
O garçom, durante o caminho, vai dizendo o que tinha na entrada e coisas pra fazer a propaganda do lugar. Até que sentamos nas mesas e fazemos o pedido.
Ficamos esperando a comida por um tempo, até que vi um playgroud com várias crianças brincando. Eu não podia não estar lá.
- vou no banheiro, já volto. - foi a minha desculpa pra sair da mesa e ir pro parquinho.
Fui me aproximando até entrar na área de brinquedos. Apesar de todas aquelas crianças me olhando, não dei atenção, e fui direto para o escorregador, torcendo para meus pais não me acharem, e nem algum dos funcionários me verem infligindo as regras do local. - ela é rebelde ela.
Fiz de tudo ali, fui em todos os brinquedos, - mesmo não cabendo em alguns - ajudei até uma criança a se cobrir de areia naquelas caixas.. mas quando eu fui levantar pra voltar pra mesa, trombei com o Júnior.
Eu não sabia o que fazer. Minhas mãos estavam todas sujas de areia, e meu rosto praticamente espantado.. e vermelho, provavelmente. Mas ele riu de mim e disse:
- isso é sério? Você ajudou o garoto a se enterrar na areia? - riu mais uma vez quando olhou o garoto e voltou a olhar pra mim.
- não, não, eu o atolei.
Começamos a rir muito de imediato, até pararmos e eu o perguntar o que estava fazendo ali.
Ele disse que estava com a irmã mais velha dele e umas amigas dela mas, ela estava se pegando muito com o namorado e ele resolveu dar uma volta.
Até aí, tudo bem. Saímos do parquinho e fomos andar pelo lugar enquanto conversavamos.. e o lugar era mais grande que eu imaginava.
Durante a conversa, ele me perguntou se eu gostava de Mamonas assassinas, e eu disse que adorava.
Naquela hora, o papo fluiu mais ainda quando começamos a falar das músicas. Mas.. no meio da conversa, meu primo, o Lucas, me vê e vem rumo a gente me chamando. A gente se olha e ele pega um papel, escreve alguma coisa e coloca no bolso da frente do meu macacão:
- não me ligue depois das 10. - me olhou com um sorrisinho, e saiu andando.
Não sei por que ele saiu tão rápido.. deve ser aquela história cliché de pai bravo com os meninos com quem fala com a filha.. mas era meu primo.
Tudo bem. Meu primo chega em mim e pergunta quem era o menino, e respondo que era só um colega da escola. Antes de chegarmos na mesa, passei no banheiro pra lavar as minhas mãos.
Chegamos na mesa, e a comida já estava ali.. mas era pizza. Devem ter mudado de opinião enquanto eu "fui no banheiro".
Sentamos na mesa, eu e ele, e comemos com os outros. Ainda bem que lembraram que não como cebola e pediram a de calabresa e de frango sem.
Ficamos no restaurante até todos comerem. 8:40, mais ou menos, fomos embora.
Vi o Júnior mais uma vez com a irmã, o namorado dela, e os amigos, quando estávamos saindo. Tentei dar um Tchau, mas ele estava longe demais.
Chegamos em casa. Meu Deus, que sono.
Meus primos, as namoradas, e meus tios, ficaram no hotel que eles alugaram por duas noites. Passamos por lá também pra deixar os dois que estavam com a gente.
Depois de despedirmos deles, fomos pra casa.
Acho que ainda não disse mas, a minha casa ficava no pé de um morro.. mais especificamente, do morro do centro.
Chegamos em casa, e desci do carro já meio mole pelo sono. Fui direto pro banheiro tomar banho e escovar os dentes.
Meus pais ligam a TV pra assistir.. Não sei como eles ainda vão ficar acordados.
Banho tomado, dente escovado, saio do banheiro já com a típica blusa grande do meu pai e o macacão no braço.
Pego meu celular, e adiciono o contato do Júnior na minha agenda, e já logo o chamo no Whatsapp.
Quando o chamei, ele ainda estava na rua. Disse que foi tomar sorvete com os dois e os amigos, e disse que ele não tinha muito o que fazer.. Conversamos até bastante pra quem disse estar com sono.
Depois de um tempo.. muito tempo, acabo pegando no sono no meio da conversa, deixando ele no vácuo.
Me desculpa, Júnior. Mas o sono me venceu.
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O amarelo da parede. (Hiatus)
Teen FictionBlenda é uma jovem de 15 anos que é forçada a mudar de cidade e abandonar tudo ali, família, amigos, escola, por causa do novo trabalho do seu pai.. mas não foi algo tão ruim assim.