Dez.

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Foram vários minutos andando. A casa dela era bem longe do centro da cidade.
Chegamos na sorveteria, e pedimos o sorvete. - sorte que eu tinha dinheiro no bolso.
Saímos da sorveteria e fomos dar algumas voltas pela praça.
Eu e a Fabi comentamos sobre as coleções dos livros na estante do quarto da Alline com ela.
Ficamos conversando por tempos sobre os finais e os personagens dos livros, até que vejo a Bela de longe com um amigo dela. Eles se aproximam da gente cumprimentando.
- Oi Blen, Oi All, Oi galerinha. Vocês conhecem o Geovane? - disse a Bela
- Geovane? Nossa. Ele estava muito diferente de ontem a noite. Com uma roupa mais leve, sem jaqueta, mas a mesma touca verde. Sem contar que estava quieto, e com um óculos escuro no rosto. - pensei comigo.
A Bela o olhou por um tempo esperando uma resposta, mas ele só deu uma olhada pra ela e pra gente logo abaixando a cabeça denovo.
O olho dele estava meio roxo por baixo do óculos.. deve ter apanhado no curto período de tempo que ficou na cadeia. Eu acho que até foi a Bela que o ajudou a sair de lá já que ela tem tanto reconhecimento pelos cantos da cidade.
- bom.. sabe aquele ensaio que eu te levei no dia que você chegou? - disse Bela me olhando. - então. Amanhã vai ser a apresentação dele no teatro da cidade. Vocês vão, né?
- É.. pode ser. E como você passou de ontem, Bela? - perguntei.
- Eu fiquei bem depois de alguns remédios e sujar o chão do Mark a noite.. mas obrigada por se importar. Agora a gente tem que ir pra arrumar as coisas pra amanhã. Tchau gente. - Os dois se afastaram e viraram a rua.
Saímos andando denovo, mas agora falando sobre o espetáculo do dia seguinte.
Os outros estavam animados. Disseram que o Boca de cena fazia uma das melhores peças teatrais da cidade. Eles até já ganharam prêmios...
Depois de um bom tempo conversando com todos, o tempo começa a escurecer e resolvemos ir embora.
Saímos correndo por caminhos diferentes, rumo as nossas casas, até que chuva engrossou.
Parei em baixo de toldo azul de uma farmácia toda enxarcada pela chuva, sentando do lado de um garoto na beirada da porta fechada.
Ele estava mechendo no celular. Estava com uma camisa xadrez preta e cinza. Tinha umas pulseiras legais no pulso e um colar igual o do Dean de Supernatural.
- Uow, você também é um Hunter? - perguntei.
Ele me olhou um pouco assustado mas logo deu uma risadinha olhando pra frente e segurando o colar.
- Sim, eu sou. - ele me olha - Você também?
- Siiiim, eu adoro o Azazel
- A morte dele foi bem épica mesmo. Já conheceu o Crowley?
- Já. Mas ele é a putinha dos dois irmãos. Tomara que agora ele volte a ser mal.
- Mas ele já voltou, você não viu? Parece que o encanto foi quebrado
- Nossa, é verdade. - rio - eu não acredito que a Charlie morreu. Elaera uma das minhas personagens favoritas.
E nisso foi vários tempos de conversa. A chuva abaixou e eu me essqueci de ir embora. A gente continuou conversando até a mãe dele chegar de carro para o buscar.
- Foi legal te conher.. a gente se vê por aí - ele sorri e entra no carro.
Eu não sabia o nome dele nem o número de celular, mas ele parecia ser mais novo que eu.. e menor.
Me levantei, e vi o cartaz da peça da Bela colado na parede na farmácia.
A peça era sobre o Fantasma da ópera. Um clássico.
Agora sim que eu fiquei mais anciosa para ver a peça.
Aproveitei que a chuva estava baixa e corri para a casa, até que ela começou a engrossar denovo.
Droga. Lembrei que meus tios ainda estavam na cidade e fui para o hotel aonde eles estavam, que por sorte, estava mais próximo que a minha casa.
Entrei e subi as escadas. O chão estava escorregadio e meu nariz já todo zoado. Eu só queria tomar um banho logo.
Cheguei, bati na porta, e nada.
Bati outra vez e nada de novo, até que o Leo abre a porta.
- O que foi?
- Posso entrar? - perguntei.
- É.. entra aí.
Ele estava com os olhos pesados e a cara amassada. Devia estar dormindo.
- Cadê a tia?
- Saiu com os outros pra comprar pijamas. - disse ele com uma voz meio rouca passando por mim e se jogando na cama.
- pijamas? - sentei no chão tirando meus tênis
- arram, eles vão levar pro povo de lá como uma "lebrancinha" - fez as aspas com os dedos enquanto encarava o teto
- Meu Deus. - rio me levantando - posso pegar uma coca ali? - apontei para o frigobar
- se me pagar depois..
- hahahaha, sem graça. - abro o frigobar pegando a Coca e logo abrindo. - que horas eles voltam? - me sento no chão.
- não sei não.
Fiquei ali com ele até escurecer. Não fizemos absolutamente nada além de conversar deitados na cama enquanto eu de hora em outra pegava o celular para responder o Júnior.
Eles trouxeram duas caixas de pizza, e guarana.
Minha mãe ainda não tinha me ligado nenhuma vez, e nem o meu pai. Resolvi ficar ali e comer as pizzas com eles.
No quarto que a gente estava, tinha duas camas de casal. Os outros dois deveriam estar em outro quarto por ali perto.
Eles resolveram jogar um jogo online pelo celular, e eu joguei com eles também.
Acabou o jogo, e a chuva voltou. Olhei em volta procurando um relógio de parede, e sem sucesso, perguntei pra Nath que horas eram.
- 7:20, Blend's.
Estava muito tarde. Eu precisava ir pra casa mas estava chovendo. O meu tio tinha saído para ir no banco, e nada dele voltar.
Me despedi deles, peguei um moletom do meu primo emprestado. Insisti em ir embora, mesmo eles me implorando pra ficar e esperar meu tio.
Cheguei na recepção, e pedi um guarda chuva.
- São R$2,00, mocinha.
- Coloca na conta do 29.
Esperei ela marcar e saí dali indo embora.
O hotel ficava um pouco pra baixo da praça e eu morava subindo o morro dela. Não era muito longe, mas estava muito frio e chovia cada vez mais forte.
Os meios-fios estavam cheios de água. Em cada esquina, poças grandes e fundas.
Fui pulando algumas, e passando por cima de outras.
Eu já não estava mais ligando sobre ficar doente ou não, por que isso era bem previsível pela minha roupa enxarcada várias vezes pela água da chuva.
A chuva vinha de frente, então andava de cabeça baixa e a toca da blusa sobre a cabeça.
Atravesso a última rua e chego em casa. Finalmente, casa. Mas.. Não tinha ninguém ali.
Andei olhando pelos comodos os procurando, até que vi minha mãe na cama do quarto, então liguei a luz
- ei, por que você não me ligou?
Vi ela acordando e me pedindo para desligar denovo
- Eita...
Fechei a porta e fui tomar banho.
Dia animado, e chuvoso.
Eram 8:20 quando saí do banho.
O sono já estava comigo dês de a metade do banho, então resolvi só passar algumas músicas no violão e me deitar. Mas quem disse que fiz isso?
Deitei na cama direto depois do banho. Tinham me adicionado em um grupo que tinham todos que eu conhecia dali. Júnior, Júlia, Alline, Jonas, Shyna, Lislaine, Marcos, Bela... enfim. Todos. Até a Ana da padaria estava lá.
Me distraí com as conversas aleatórias de lá, e fiquei conversando com eles até pegar no sono.

O amarelo da parede. (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora