Última quinta-feira do mês, e eu só tinha dormido duas horas no máximo.
Quando eu acordei, com um beliscão da minha mãe na minha perna depois dela ter me chamado trocentas vezes. Me levantei então, e fui colocar a roupa com o corpo mais mole que água.
Coloquei a primeira roupa que vi na frente, amarrei o cabelo e fui tomar café. Droga, minha barriga ainda estava embrulhada daquelas coisas que bebi ontem.
Depois de enrrolar bastante no café, olhei para o meu celular e já eram 6:50. Droga, eu estava muito atrasada. Gritei minha mãe enquanto eu ia para o carro, e ela demorou mais uns dois minutos para sair de casa e vir pro carro.
Saímos bem rápido, e quando chegamos na escola, eram 6:59. Por sorte, o portão ainda não tinha fechado. Passei correndo mesmo para dentro do portão rumo a sala. Não tinha absolutamente ninguém nos corredores. Dei três toquinhos na porta e entrei.
Todo mundo me olhava e eu caçando uma carteira vazia com os olhos. Achei uma e coloquei na frente da carteira da Fabi e sentei.
Meu humor estava péssimo, qualquer coisinha, eu estourava. Então, resolvi respirar fundo e só assistir a aula, mas, aqueles garotos idiotas do fundo, começaram a rir durante a aula de Ciências.. Justo ciências. Eles continuaram por tempos. Eu estava já sem paciência e como eu sentava meio que perto deles, não dava pra ouvir explicação nenhuma, até que eu me estressei pra valer e dei um soco na carteira, levantando e virando para eles com o rosto já vermelho:
- CALEM A PORRA DA BOCA, MERDA. EU QUERO OUVIR A PORRA DA EXPLICAÇÃO..
Isso era na terceira aula, e quando me dei conta do que eu fiz, olhei para todos em volta, que me olhavam com cara assustada, até eu olhar para a diretora na frente da classe:
- BLENDA, VAI JÁ PRA DIRETORIA.
Ótimo, eu ia levar uma advertência por ter ajudado a professora a manter eles quietos para os outros entenderem a aula:
- Mas e eles? Eles estavam rindo na sua aula. Eles também deveriam ir pra lá comigo.
Mas ela já estava na frente da porta com a própria aberta:
- anda logo, não quero saber de desculpas.
Revirei os olhos e fui andando até a porta enquanto fuzilava os dois lá de trás com o olhar.
Ela segura meu braço enquanto me leva pra diretoria. Não sei por que tanta agressividade com meu braço.
Chegamos na diretoria e a diretora já logo olhou para a professora perguntando o que tinha acontecido:
- ela bateu na carteira e chingou o Shyna e o Jonas gritando na frente de toda a sala. - a professora responde.
Me olhando de cima a baixo, a diretora disse:
- ta bom. Senta ali mocinha, vamos ver sua ficha. - ela pega um tipo de pasta em uma prateleira enquanto a professora volta pra sala e eu sento. - nono um, certo?.. - ela procura meu nome e me olha - Você é a tal da Blenda Weldy? A novata? Chegou a um dia e já está fazendo essas coisas? Que educação a sua, em..
Ela procura alguma coisa olhando para os lados e pega outra pasta na mesma prateleira.. era o caderno de ocorrências.:
- Bom, senhorita Blenda. Você vai receber uma ocorrência por falta de comportamento dentro da sala.. - ela dizia isso enquanto escrevia - e também, toma cuidado. São duas advertências e a terceira é uma suspensão de quatro dias.
Fico um pouco questionada:
- mas, e eles? Eles não recebem nada? Eu só estava querendo assistir aula.
- você poderia simplesmente ter se levanta do e ir até a professora sem fazer o tal fexame - diz ela enquanto escreve. - depois eu vejo o que faço com eles, mas pra você, é advertência. - ela empurra um pedaço de papel até minha frente. - quero que sua mãe, pai, ou responsável, assine isso é me traga amanhã. Okay?
Pego o papel e olho logo dando um suspiro e a olhando:
Ta bom.. - reviro os olhos.
- que bom - ela da um sorrisinho falso - então, volte pra sala e sem vexames dessa vez.
Me levanto e saio da diretoria.
Droga, estou aqui só a dois dias e já levei uma advertência. EU SÓ QUERIA ASSISTIR A AULA... eu não sei qual a parte dessa frase que eles não entenderam.
Chego na sala e bato na porta denovo três vezes antes de entrar. Todos me olham mais uma vez e eu ainda com os olhos fixados no Shyna.
Sento no meu lugar e mostro pra Fabi a advertência, enquanto os dois me olham e riem de mim. Me viro para eles e me viro pra frente denovo prestando atenção na aula, até que o sinal toca e a gente sai para o recreio.
Saio da sala com a Fabi, mas ela vai pro outro lado com as amigas dela e eu fui dar uma volta.
Realmente, a Bela não tinha vindo pra aula. Os amigos que ficavam com ela, estavam todos separados andando sozinhos, ou com um outro alguém.
A Alline também não tinha vindo na aula, mas o grupo que andava com ela, ainda andava junto.
Puxei meu celular do bolso, coloquei o fone, e fui andando olhando para baixo até que trombo em alguém.. denovo:
- ei, toma cuidado aí - um voz grossa fala.
- Júnior? - respondo um pouco espantada.
Ele era bem mais alto que eu, então o fiquei olhando com a cabeça levantada logo me afastando:
- É... desculpa.. Você também fica sozinho no recreio? - pergunto a ele.
- não, mas meus amigos mudaram escola.. então acho que sim. E você, o que tu quer? - ele responde.
- nada.. na verdade, me desculpa por ser grossa ontem com você. Aquilo não é jeito de se tratar alguém que salva sua vida. Valeu mesmo. - termino com um sorrisinho, olhando para o rosto dele. - e.. meus amigos também não vieram.
- beleza. - ele olha em volta e olha pra mim novamente. - Quer dar uma volta então? Melhor que fazer nada aqui parados. - ele me responde com uma cara séria sem emoções e saimos andando juntos.
- e aí, que tipo de música você gosta? -disse ele enquanto andava do meu lado com as mãos nos bolsos.
Conversamos bastante, até demais para os 20 minutos de recreio que restavam para entrar pra sala, até que o sinal toca. A gente já estava na frente da sala dele. Ele fecha a mão levantada pra mim com um sorrisinho no rosto, e eu dou um soquinho de volta:
- você é mais legal que eu imaginei, Blenda. A gente se vê por aí. - ele entra pra sala e me dá um tchausinho pra mim, antes de chegar na porta. Me virei para o outro lado e fui em direção a minha sala.
Ele era realmente bem gentil. Depois que conversamos bastante, ele se soltou e podemos conversar sobre vários assuntos sem aquela parede de gelo entre a gente. Aquele clima pesado de ontem, simplesmente sumiu, inclusive meu mau humor de hoje mais cedo.
Voltei pra sala e todos já tinham chegado, inclusive o professor de história e mais uma vez, os olhares todos se atraíram pra mim. Eu entrei logo passando pelo professor sentei no mesmo lugar.
Pelo quê vi, a aula dele era realmente bem chata, já que todos conversavam, e ele continuava explicando do mesmo jeito entediante.
Parece que dele era "Os mais espertos conseguem aprender mesmo com o som da segunda guerra mundial em volta". Bom, eu não sei se esse era realmente o lema dele, mas foi o que a Fabi disse enquanto conversavamos na aula.
Durantr essa conversa, ela me passou o número de celular para a gente se falar, e marcar de se encontrar alguma hora. Achei bem gentil da parte dela.
O tempo de história acabou, e o último passou mais rápido que o esperado para uma aula de matemática. Então, o sinal toca para finalizar a aula.
Todos saem na frente, e me despeço da Fabi acenando, enquanto eu arrumava todo o meu material bagunçado na mesa. Até que alguém se aproxima de mim.:
-é.. Oi.. - uma voz fina e afeminada fala comigo. - desculpa por aqueles dois, eles realmente são dois idiotas.
Olho para cima e vejo uma das meninas que são amigas dos dois palermoes que ficam mechendo comigo todo dia.:
- Ahh, Oi. Tirando o fato que levei uma advertência, tá tudo bem. - me levanto colocando uma das alças da mochila no ombro e estendendo a mão pra ela:
- Bom.. meu nome é Blenda, a novata.. mas acho que você já sabe.
Ela pega na minha mão e me cumprimenta me olhando com um sorrisinho.
- Sou Julia. - ela responde.
- Mas então, como você conheceu aqueles caras? O Shyna e o Jonas?
Fomos conversando bastante até o portão. Eu ia seguindo o meu caminho, e ela ia comigo. Eu não fazia idéia aonde ela morava, mas ficou comigo até um bom tempo.
Julia era um pouco menor que eu. Usava boné de aba reta virado pra trás, com o cabelo solto que era roxo nas pontas.. ela era até bem estilosa..
Conversamos bastante durante o caminho, até que ela para um pouco antes da padaria que o Marcos trabalhava:
- eu moro ali - ela aponta para um sobrado com uma farmácia.
- na farmácia? - rio sendo irônica
- claro que não - ela também ri. - bom.. eu vou ficando por aqui. - ela puxa uma caneta da mochila e puxa a minha mão também - vou te passar meu número pra gente se falar mais vezes. - diz ela enquanto escreve, e alguem chama ela da casa. - droga, é a minha mãe, tenho que ir. Nois se vê por aí.
Ela então atravessa a rua correndo, parando na porta e subindo as escadas.. e eu saio andando.
Lembro que tinha algumas moedas, e então passei na padaria, indo até o balcão aonde Ana estava:
- Oi Ana!!!
- Oi garotinha! E aí, como está o braço? - diz ela se apoiando no balcão me olhando.
- Tá melhorando - sorrio pra ela enquanto procuro Marcos com os olhos. - o Marcos não veio hoje?
- Não. Ele me ligou mais cedo falando que estava com uma dor de cabeça terrível por causa da festa de ontem, e não poderia vir. Mas e você, o que quer?
- Quero um sonho desse - coloco o dedo no vidro mostrando alguns sonhos pequenininhos enquanto ela abre a portinha e pega um logo me dando com um guardanapo.
- aí está, mocinha.
- quanto é, Ana? - Pergunto com as moedas na mão contando quanto eu tinha.
- é 2,00, mas faço 1,50 pra você.
- é sério? Tem 1,50 mesmo aqui. - dou o dinheiro para ela. - bom, obrigada Ana, até mais.
Saio da padaria enquanto aceno para ela, logo saindo de vista.
Peguei o caminho que o Marcos tinha me ensinado, analisando bem as ruas pra não me perder e ter que ligar pra ele me levar pra casa denovo.
Não demorou muito tempo até eu chegar em casa. Eu realmente tinha chegado em casa sozinha sem precisar do Marcos. Fiquei tão animada que entrei correndo em casa. Mas quando fui passar pela sala, vi gente demais sentada no sofá, e virei pra eles:
- mas o que vocês estão fazendo aqui???
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O amarelo da parede. (Hiatus)
Novela JuvenilBlenda é uma jovem de 15 anos que é forçada a mudar de cidade e abandonar tudo ali, família, amigos, escola, por causa do novo trabalho do seu pai.. mas não foi algo tão ruim assim.