Ele cai por cima de mim e me olha por um momento nos olhos quando aquele uno passa pela gente.
Ele se levanta logo me ajudando.
- você está bem? - ele disse enquanto pegava meus óculos e a minha mochila no chão.
Eu estava em choque, com os olhos arregalados e bem assustada quando vejo o Marcos saindo de uma padaria, se aproximando de mim, correndo:
- BLENDA...
Ele chega perto da gente enquanto o carinha me solta:
- merda, olha o seu braço.. vem, eu te ajudo.
Meu braço estava ralado e sangrando do cotovelo até um pouco para cima da manga da blusa que havia sido rasgada.
Ele me leva para uma padaria próxima enquanto o carinha alto que tinha me salvado, vinha seguindo a gente.
Ele me coloca sentada em uma das cadeiras atrás da bancada:
- fica aqui, vou chamar a enfermeira da turma cuidar desses seus machucados.
Ele entra dentro de uma porta apressado.. Acho que na cozinha, e ficamos só eu e o carinha ali.
Ele também tinha cabelos baixos e a pele parda. Ele era bem alto. Eu diria uns.. 1,70, 1,75 por aí e magro, e também usava a blusa da minha escola junto com uma mochila.
Ele ainda estava em pé, andando de um lado pro outro e me olhando:
- aquele cara... Você.. o que você estava fazendo com um celular enquanto atravessava uma rua? Por que não saiu correndo? - eu até tento falar alguma coisa, mas estava bem nervosa, e ele percebeu isso. Puxou uma cadeira para minha frente e se sentou me olhando. - desculpa. Você deve estar bem nervosa. Meu nome é Júnior e.. digamos que eu salvei a sua vida.
Dou um sorrisinho de leve e olho para o Marcos vindo seguido com uma mulher apressados também:
- é ela.. Será que você consegue ajudar? - disse ele olhando para a mulher.
Ela se ajoelha do meu lado vendo meu braço:
- foi só um arranhãozinho. Só passar um remédio e fazer um curativo. Você poderia ter quebrado o braço.. agradeça o garotão ai depois.
Ela olha para o Júnior sorrindo, e volta para aquela sala enquanto o Marcos conversa com o Júnior dizendo coisas do tipo " você é um grande garoto, salvou ela, você é um herói" e blablabla. O ego do menino aumentava perceptivelmente mas, ele ficava me encarando nem ligando pro Marcos com uma cara preocupada dizendo:
- eu só a ajudei..
Minha mão estava tapando os ralados no meu braço que estavam ardendo e latejando, enquanto o Marcos pegava uma água com açúcar para mim.
A mulher chega com uma maletinha vermelha, se ajoelhando de novo do meu lado e puxando minha mão suja sangue com cuidado limpando o local.
Ela era mais velha que o Marcos, chutaria a idade dela por uns 28,29 anos no máximo, também uma cor mais escura de pele, com uma cabelo claro com algumas mexas. Ela usava um óculos azul e tinha uma voz bem legal. Sem contar que mesmo com a blusa da padaria, tinha muito estilo.
Ela limpava tudo com bastante cuidado:
- como foi que aconteceu isso? - ela disse enquanto da uma olhada para o Júnior e volta a limpar o machucado.
- eu estava entrando em casa e a vi distraída com o celular. Quando vi o carro e ela parada no meio da rua, só olhando o carro vindo, eu corri. Mas ela estava parada. Ela nem correu..
Eu dou um suspiro depois de ouvir ele e olho para a mulher:
- eu estava ligando o GPS do meu celular para achar o caminho da minha casa, já que a minha mãe não apareceu para me buscar. E.. - olho para ele seria. - eu não conseguia me mexer e minhas pernas estavam bambas feito tábua de cerca frouxa quando bate um vendaval. Se eu corresse, eu caía, e o carro esmagava a minha cabeça. Idiota.
Ele fica sério enquanto o Marcos e a mulher riem da minha resposta.
- eu salvei a sua vida e você me chama de idiota. Bem educada você, né? Poderia ter te deixado lá, nem te conheço mesmo.... Blenda....
Ele fica com a cara mais amarrada e volta a olhar para a mulher.
- tá bom... Júnior. Muito obrigada por ter compaixão e não me deixar ser atropelada por um carro. - respondi com um tom irônico o olhando.
-denada, Blenda. - ele da um sorrisinho falso e se levanta. - vou indo então. - ele se vira e deixa minha mochila no chão, e meu óculos em cima do balcão. - Tchau gente.. e Tchau.. Mal agradecida.- ele se vira e sai enquanto o Marcos e a mulher se despedem dele, enquanto o ignoro, olhando para a mulher terminando o curativo.
- como tá aí, Ana? - Pergunta Marcos.
- tudo pronto. - ela se levanta e se levanta, colocando a mão no meu ombro. - agora você vê se desliga o celular e presta atenção nas coisas a sua volta. - ela olha para o Marcos. - será que você pode ajudar ela a achar o caminho para casa?
- claro. Eu já fiz isso uma vez quando ela estava perdida lá na praça. - ele se levanta. - vamos, Dora aventureira!? Agora eu te mostro o mapa para você não se perder outra vez.
Ele da uma risadinha e eu dou também:
- vamos. - olho para a Ana sorrindo. - e.. obrigada pelo curativo, moça. Você foi bem gentil.
- foi nada, mocinha. Só toma cuidado da próxima vez, tá?
- tá bom.
Pego minha mochila e meu óculos, saindo da padaria com o Marcos.
- você trabalha lá? - pergunto.
- trabalho. - ele responde.
- mas você não estuda?
- estudo. Só que a noite. - ele olha pro meu braço. - sua mãe não vai brava com você?
- talvez, mas nem deve. Se ela tivesse me atendido, nada disso teria acontecido. - respondo-o.
- entendi.. Esta prestando atenção no caminho?
- estou. - rio e o olho. - aquela Ana.. ela trabalha lá também?
- trabalha, mas só na parte da Manhã mesmo.. depois ela sai e vai colocar a filha dela na escola.
-pera, ela tem uma filha??
Conversamos por tempos até que a gente chega na minha casa, por volta de 12:40. Marcos me acompanha até a porta e me olha:
- olha.. Se você precisar.. - ele tira uma caneta do bolso e escreve números na minha mão. - me liga quando estiver perdida. Acho que eu vou poder te ajudar de alguma forma.
Ele sorri me olhando e eu retribuo o sorriso logo o abraçando:
- obrigada. Se não fosse você e aquele Júnior, eu nem estaria mais aqui.
- denada, Dora aventureira. - ele me abraça também.
Ele se afasta de mim descendo a rua e seguindo devolta pra onde estávamos.. eu acho. Fico olhando para ele até cruzar a esquina e sair da minha vista, logo entro em casa.
Casa vazia. Absolutamente ninguém ali além de mim e o silêncio.
Vou para a cozinha e preparo um pão com maionese pra mim comer, e vou para o quarto com o prato. Me sento na janela denovo, cruzando as pernas e colocando-as por cima da beirada da janela também com com o prato sobre.
Fiquei olhando a movimentação da rua, enquanto sentia o ralado do braço latejar entre quatro e quatro segundos.
Eu estava chateada com a minha mãe. Eu realmente poderia estar morta nesse momento se não fosse aquele garoto, o tal do "Júnior". Como ele disse, ele poderia ter me deixado lá já que nem me conhecia, mas, ele foi lá e me ajudou. E também digamos que a cena de me ver voando pelos ares e depois branca e morta em uma distância depois não seria nem um pouco agradável.
Minha consciência começa a pesar pelo jeito que o respondi aquela hora. Ele foi realmente um herói, me salvou da morte, e eu fui sem educação.. espero o ver denovo um dia, para me desculpar.
Ouço um barulho de porta se batendo vindo da sala. Me levanto e vou até lá.
Ótimo, lá estava a mãe que deixou a filha plantada na frente da escola.
Me aproximo dela. Ela estava com a bolsa vermelha de couro dela.
- aonde você estava? - pergunto caminhando ainda até parar na frente dela.
- conheci uma mulher que fazia uns docinhos maravilhosos aqui na cidade. Conversa vai, conversa vem, nem vi o tempo passar. Muito legal ela. - dizia ela enquanto jogava a bolsa para cima do sofá logo me olhando. - Ahh e, você conseguiu achar o caminho pra casa. Seu pai vai gostar de saber disso. - ela passa andando por mim e eu vou atrás.
- eu realmente não quero acreditar que você me deixou plantada na frente da escola por causa de "docinhos".
-pois acredite. Seu pai me encontrou no caminho e experimentou alguns deles. Ainda sobraram alguns no carro, depois você pega lá.
Respiro fundo e a olho falando calmamente...:
- então você realmente me deixou lá mofando enquanto você comia docinhos.
...mas explodo:
Eu sou sua filha. Você tem que ir pegar quando você diz que vai me pegar na escola.
Ao contrário do que você disse, eu não decorei o caminho pra essa casa. Foi o namorado da Bela que me trouxe pra cá. Eu me perdi nessa cidade e fui parar lá na casa do nunca por causa que você não foi me buscar. E não me venha com "Ah, você se perdeu por que quis". Droga, mãe. Tirando aqueles dois que fiz amizade, essa mudança está sendo péssima. Eu me perdi já duas vezes e recebi um apelido infantil do cara que me trouxe as duas vezes pra cá. Você não poderia ao menos ter atendido o celular? Ou até mesmo ligado para o meu pai ir me pegar? Ahh, é mesmo, vocês estavam fazendo apreciações de docinhos com uma qualquer que você conheceu aí na rua e te disse que tinha uma confeitaria. - respiro e depois desse desabafo, a olho. - eu estou realmente chateada com você e com ele.. - aponto para meu pai que estava parado ali dês de o começo me ouvindo. - .. que me deixou sair passeando por aí com a filhinha adorável e simpática do amigo dele. E.. -suspiro - quer saber? Eu vou para o meu quarto.
Saio com passos fortes pelo corredor de chão de madeira da casa, e entro no quarto, batendo a porta.
Puxo a pele do braço olhando o curativo que cobria a ferida, ainda latejando por causa dos movimentos.
Algumas lágrimas caem dos meus olhos.
Passo as mãos devagar no rosto enquanto ainda estou de pé, e ando até o lado da cama, dando dois socos na parede em que ela estava encostada.
-MERDA.
Péssima idéia. Agora, além do braço, a mão também latejava de dor.
Me jogo na cama, pego o meu celular com os fones, e coloco Lana Del Rey pra ouvir no Spotify.
Jogo o celular pro lado e fico olhando para o teto do quarto, enquanto os dois estavam não sei aonde.
Passo as duas mãos no meu rosto denovo e me viro contra o colchão com a cara no travesseiro.
Por que eu estava chorando? Que droga, que raiva, que merda de dia. Naquele momento me arrependi de sair da cama.
Hoje eu já trombei com uma garota, descobri que aqueles dois idiotas que me empurraram, estão na minha sala, eu estou estudando na mesma escola com a Bela, e ainda quase morri atropelada por um uno. E olha que nem 14:00 da tarde eram ainda.
Depois de uma dose de drama e uma fronha molhada de travesseiro, acabei dormindo.
Acordei eram 16:00. Puxei meu celular e o Whatsapp estava repleto de mensagens da Manu me peguntando pra onde eu tinha ido, que sumi de tudo.
Eu a disse que eu tinha me mudado e ela fica mal, mas me chinga por não ter a dito antes.
Lembro do número do Marcos que estava na minha mão, e logo gravo no celular, mandando um " Oi ".
Ele me responde na hora.
Depois de eu dizer que era eu, ele diz que a Bela queria falar comigo e me passou o número dela.
Lá fui eu salvar o número dela, e mandar um "oi" também.
Durante o intervalo do meu "oi", eu fiquei falando com Marcos. Ele tinha uns papos legais sobre as coisas e tal.. eu realmente estava gostando dele.. como amigo. Claro.
Isabela me responde. Ela nem quis saber quem era, já me mandou logo um "Oiiiii Blen" como se já esperasse uma mensagem minha.
Ela me manda um áudio me convidando pra ir em uma "festinha" de aniversário de um amigo dela.
Eu não sabia se aceitava. Além de não conhecer o aniversariante, eu não tinha dinheiro pra um presente.. mas como ela insistiu tanto, acabei aceitando. E também por que seria legal eu me distrair um pouco desse dia tenso, mas, meus pais não iriam deixar.
Ela me passou o horário da festa e me disse pra mim a esperar em frente a minha casa mesmo, pra não tem perigo de me perder mais uma vez. Obrigada Bela. Você realmente foi gentil.
Pensei, pensei, e finalmente achei um jeito de despistar meus pais para sair aquela hora para a festa escondida deles.
Okay. Tudo planejado para dar certo. Eu tinha uma festinha marcada pra mais a noite e já estava a pesando em que roupa por.
Depois de muito, muito, muito, mecher no celular, e também vários cochilos aleatórios entre idéias para enganar meus pais, tomo banho, e volto para o quarto sem falar com eles.
A festa era as 9 e eu tinha que estar do lado de casa as 8:30.
Esperei, esperei, esperei, e nada dos meus pais irem para a cama.
8:00, 8:05, 8:10.. nada de mãe entrar no meu quarto pra me dar boa noite. Droga, eu não podia furar com a Bela.
8:17, e as luzes se apagam junto com o som da TV que foi desligado.
Minha mãe finalmente entra no meu quarto escuro, e me dá um beijo de boa noite, logo saindo do quarto, e entrando no dela.
Esperei mais alguns minutos até ouvir os roncos puxados do meu pai, e é hora de agir.
Coloquei a roupa no mais absoluto silêncio, peguei meu óculos, e pulei a Janela.
Bela estava na equina da minha casa já com o Marcos do lado.
Andei até eles:
E aí, vamos?
Eles se olham e sorriem um pro outro depois me olhando e afirmando balançando, a cabeça e me puxando pelo braço, atravessando a esquina.
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O amarelo da parede. (Hiatus)
Novela JuvenilBlenda é uma jovem de 15 anos que é forçada a mudar de cidade e abandonar tudo ali, família, amigos, escola, por causa do novo trabalho do seu pai.. mas não foi algo tão ruim assim.