Tinham muitas pessoas ali. Aquele sobrado de dois andares estava infestado de gente com copos nas mãos. Mas estava até organizado demais.
Nós quatro entramos e vimos a turma do teatro conversando do lado da escada. A Bela nos viu entrando e foi até a gente.
- Oii gente.. - ela tinha mudado de roupa pra um vestido preto menos social que o da peça.
- Ei!! Vocês vieram!! - O Geo se aproxima e nos recebe com abraços.
- Bom... Essa é uma confraternizaçãozinha que eu fiz antes da minha mãe sair para ir viajar. Tem comida ali na cozinha se quiserem.. - a Bela o da uma cutuvelada no braço, e ele a olha depois voltando para nós. - Você é o Júnior e você a Blen, né? Desculpa por aquela noite. Eu estava um pouco fora de mim e... Bom, foi mal.
- Como se algum dia você estivesse em si, né Geo? - disse a Bela.
- Ahh, qual é.. - Eles riem um do outro e se afastam logo após de nos apontar o local da cozinha.
Não parecia ser uma festa de arromba como a que eu imaginava que seria já que tinha bastante gente velha e umas músicas chatas. A Júlia não perdeu tempo e já foi logo para a cozinha comer.
A All se juntou com algumas pessoas e a Júlia ficou conversando com um garoto que estava dando mole pra ela. Eu e o Júnior ficamos conversando enquanto a galera toda perambulava pra lá e pra cá na casa se enchendo de comida.
Passou algum tempo - 1:30.. - e a mãe do Geo estava saindo da casa com as malas, e entrando em um carro com umas pessoas. - parentes do Geo, acho eu. - O Geo se despediu da mãe dele e vice e versa.
A festa acabou ali. Metade das pessoas já estavam indo embora, mas eram só os mais velhos, incluindo alguns adolescentes e a All que dizia estar com sono e cansada. Os outros da nossa idade ficaram ali bebendo como se a festa ainda iria continuar.. e de fato, continuou.
O Geo subiu na mesa da cozinha, e anunciou em voz alta que a festa estava começando.
Nesse momento, alguns garotos amigos dele tiraram umas sacolas escondidas pela casa cheias de bebidas, enquanto outras pessoas trocavam os CD's chatos pelo bluetooth do celular.
A galera começou a ficar alterada depois de um tempo. Eu e o Júnior queriamos ir embora, mas depois de conversar com a Júlia, ela nos fez ficar. Deve ser por causa do garoto que ela estava conversando.
Ficamos ali. Cada hora que ia se passando, mais a galera ficava doida. O Geo começou a beber denovo e beijar todas as que via pela frente.
A Júlia estava nos amassos com o carinha e um pouco alterada também. O Júnior não tinha bebido. Estava ali olhando a Júlia de longe enquanto eu observava tudo pelo local.
A Bela estava observando tudo do canto da escada com um copo na mão. Fui até ela logo sentando do seu lado no degrau.
- Ei, você tá bem?
- Tô, por que?
- Nada. é.. Você não tem falado com o Marcos? Não vi ele por aqui nem na peça..
- Não. - respondeu friamente e seca enquanto olhava para a galera dançando do lado da escada.
- Vocês brigaram ou algo do tipo?
- A gente... - o Geo se aproxima falando alto tentando subir os degraus sem cair.
- Eles terminaram por causa que ele é trouxa. Vem Bela, vamos dançar. Tá muito triste nessa festa daora aqui. - ele segura a mão dela a puxando, mas ela recusa.
- Não Geo. Me deixa. - e sai andando da escada, rumo a mesa colocando mais bebida no copo.
- E você, Blendinha. Vem dançar com a gente..
- Não Geo. Obrigada. - me levantei e saí de perto dele.
Ainda bem que a festa era na casa dele por que ele já estava mais bêbado de que na última festa.
Fui até o Júnior que estava encostado no armário, com um copo vazio na mão.
- Por que você insiste em ficar de vela aqui?
- Alguém tem que cuidar pra ela não fazer nenhuma besteira.
- É.. tem razão.
E a festa continuou. A Júlia parou de se pegar com o cara quando ele derramou bebida nela e ela desistiu dele. A Bela estava conversando com alguns garotos, mas bem mais sóbria que eles ali.
Um tempo depois, começa a gerar uma briga na cozinha. O Geo estava em cima de um cara batendo nele, mas também com a cara toda ferrada.
A Bela interfere na briga fazendo os dois se separarem.
A Briga gerou muito barulho, e atraiu vizinhos. Na verdade, já tinha atraído.
A Bela, depois de intervir na briga, foi até a porta e recebeu um colega deles falando que os pais tinham chamado a polícia. Na mesma hora, ela agradece, e grita para todos saírem da casa, depois de desligar o som alto.
Era 01:00 nesse momento. Eles não queriam sair, então ela pediu ajuda pra mim e para o Júnior colocar todos pra fora.
Casa vazia, porém, acabada.
Bela tinha levado o Geo para o quarto dele pra cuidar do rosto. Eu e o Júnior estávamos pegando as coisas e colocando no lixo, que por sinal não coube tudo.
- Blenda, você viu a Júlia?
- Ela deve ter saído com o pessoal.
- Mas ela não estava com você?
- Não.... Você que estava de guarda dela
- eu o que?...
- Nada, Júnior. Nada.
Ótimo, perdemos a Júlia. Deixamos os sacos ali mesmo e saímos a procura dela. Ele ia ver lá fora, e eu por dentro da casa.
- Bela, você viu a Júlia por aí?
- Não. Ela sumiu?
- Sumiu.
- Procura embaixo das camas..
Ela riu, e eu saí andando chamando ela pra todos os cantos. Ligava para o celular dela, e três toques depois, desligava.
"Cadê essa garota?" A preocupação começava a me confundir com pensamentos horríveis sobre o que poderia ter acontecido, me deixando mais nervosa ainda. "JÚLIAAAAAA" - gritava eu por toda a casa.
Ouço a porta fechar e desço as escadas me deparando com o Júnior.
- Nada? - ele apenas me responde com a cabeça. - tenta ligar pra ela até atender. - subi as escadas denovo e fui procurar por todos os cantos. Literalmente.
- ACHEI ELA!! - gritou o Júnior lá de baixo. Desci, e lá estava ela sentada no sofá com um copo de água na mão.
- Aonde ela tava? - perguntei pra ele.
- Deitada no banquinho do quintal lá fora. Achei ela pelo barulho do celular.
Olhei para ele:
- Como eu não pensei nisso antes? - Respirei fundo aliviada por ter encontrado ela. - Ela está bêbada?
- Arram. A gente tem que levar ela pra algum lugar que não esteja tão no caos assim.
- Vamos levar ela pra casa, uai.
- A dela? Não mesmo. A mãe dela ia pirar comigo. Eu disse que ficaria com ela e não deixaria nada acontecer.
- UI, ele é babá agora - ri dele
- Não é Babá, é ser responsável
- Ui reponsavel - rio mais dele. Ele se rende e ri comigo. - Eu tô com a minha chave de casa aqui. Não tem ninguém lá. Vamos levar ela pra lá e ficar com ela essa noite.
- E quanto a mãe dela?
- A gente liga e fala que a gente ia ver um filme e ela acabou dormindo.
- Mas e a sua mãe?
- A gente fala o mesmo. Vamos?
- É.. pode ser. - disse ele com um tom de preocupação na voz.
- Tá, eu vou avisar a Bela. Tenta fazer ela ficar mais acordada.
- Eu tô acordada - resmungou a Júlia.
- Arram, tá bom. - subi as escadas e fui rumo ao quarto que a Bela estava.
Ela estava sentada no canto da cama em que o Geo estava deitado. Pareciam estar conversando. Achei que era necessário bater na porta, e ela me viu.
- Ahh, Oi Blen.
- Oi.. como o Geo está? -me aproximei ficando de pé ao lado dela.
- Ele acordou mas dormiu denovo.
- A cara dele está horrível. Vai ficar roxo?
- É de se esperar. Mas já limpei o sangue e vou colocar ele no banho. Já liguei pra minha mãe pra dizer que vou passar a noite aqui.
- É.. Okay. A gente achou a Júlia e meio que ela está alterada, então eu e o Júnior vamos levar ela pra casa. Você precisa de alguma coisa? A gente deu uma organizada lá em baixo.
- Não, tá tudo bem. Podem ir. Vou ligar pro Ângelo e ele vem pra cá também.
- Mas.. Por que não liga pro Marcos?
- Ele já deve estar domindo essas horas. - disse com a voz menos entonada e cabisbaixa.
- É... Okay. Então até mais. Se precisar de alguma coisa, é só ligar.
- Tá bom. Obrigada. - ela se despede com um sorrisinho.
Desci até a sala e deparei com o Júnior na porta com a Júlia.
- O caminho é longo. A gente não pode chamar um táxi?
- É.. tem razão. Liga aí do seu por que o meu acabou a bateria.
O Júnior ligou e o táxi chegou em alguns minutos. Ele nos deixou em casa. O Júnior colocou o pagamento no nome da mãe dele pra pagar depois, e entramos na casa.
Deixamos a Júlia deitada no sofá, e ele vai voltando rumo a porta.
- Ei, aonde você vai?
- Embora. Já são 02:00 da madrugada. Minha mãe já deve estar preocupada comigo.
- Ah mas não vai mesmo. Tu vai dormir aqui. Tá pensando em deixar eu sozinha com ela?
- Sim......
- Haha, pode ligar pra sua mãe que tu vai passar a noite aqui. Sozinha eu não fico!
- Mas você não tá sozinha...
- Eu sei, Júnior, mas não quero.
- Para de criancice Blenda. Tá com medo de dormir aqui?
- Não, só não quero dormir sozinha.
- Mas você não está sozinha.
- Eu seeeeeiii, mas não posso querer que você durma aqui?
Ele para e me olha rindo.
- Tá bom, eu durmo.
- Ótimo. - dou as costas pra ele indo para o banheiro.
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O amarelo da parede. (Hiatus)
Teen FictionBlenda é uma jovem de 15 anos que é forçada a mudar de cidade e abandonar tudo ali, família, amigos, escola, por causa do novo trabalho do seu pai.. mas não foi algo tão ruim assim.