Quinze.

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        Depois de tanto esperar, chegamos ao Shopping.
       -Shopping? -Perguntei para os dois os olhando confusa.
       -Sim, seus tios querem comprar algumas coisas antes de voltarem para Borda. - Respondeu minha mãe enquanto meu pai procurava um lugar para estacionar o carro. Demorou um pouco até ele achar uma vaga. Era sábado, previsível o Shopping estar cheio. Saímos do carro e fomos para dentro do Shopping.
       Fomos direto para a praça de alimentação, o ponto de encontro aonde meus tios e meus primos estavam esperando a gente.
        Eu ainda estava meio de mal humor por causa da minha última conversa com o Júnior. Eu não queria acreditar que ele fez tamanha cena por causa que conheci um outro garoto... Em fim, aquilo me deixou com menas vontade de estar ali naquele momento.
        Ao chegarmos perto deles, meus pais os cumprimentam e se abraçam enquanto fiquei observando todos ali.
Fomos todos para a loja de roupas mais próxima, e ali, eles ficaram por muito tempo. Eu não aguentava mais ficar andando atrás deles então, pedi dinheiro para meu pai e voltei para a praça de alimentação.
         Fiquei ali mexendo no celular, ligando para a Bela e para a Júlia enquanto tomava sorvete, até que, ao levantar minha cabeça, vejo Stiven na minha frente com uma bolsa grande em formato de violão.
         - Oi.. será que eu.. - ele olhava para os lados como se procurasse algo - ... posso sentar aqui? As mesas todas estão cheias e.. bom, você está sozinha.
         - Claro, pode sim. - Sorri abertamente ao ver o garoto. - Você também toca violão? - Ele se senta e me olha com um sorriso leve.
         - Sim. Você toca?
         - Arram, à alguns meses... - Eu rio e pude ver o sorriso do garoto aumentar com a minha resposta.
         - O que você costuma tocar? - Ele me pergunta.

         Ficamos conversando ali por um bom tempo sobre outros assuntos além de música.. - Ele me pagou até um sorvete - Pelo que entendi, ele adora séries e memes.. tirando o amor pelo violão, é claro.
Meu celular vibrou, e no que fui ver, era meu pai me ligando, provavelmente para ir encontrar eles.
          - ...eu preciso ir, mas.. - Soltei meu cabelo que estava preso com uma caneta e escrevi meu número de telefone em um guardanapo passando pra ele. -... podemos continuar essa conversa outra hora. - Dei um sorriso o olhando e logo me levantando com ele. Me despedi com um beijo na bochecha do garoto logo me afastando.
          - Ahh.. e obrigada pelo sorvete, fico te devendo essa.
          Antes de sair andando, pude perceber ele sorrindo envergonhado, enquanto me olhava com o guardanapo entre os dedos. - Acho que ele não é muito acostumado com bejinho de despedida.
          Voltei para a loja aonde eles estavam, e antes de chegar, pude ver eles sentados em um banquinho comendo sorvete. Me aproximei e eles me ofereceram, mas agradeci após dizer que já tinha comido um com meu amigo.
          - Amigo? - perguntou meu primo me olhando com cara de confuso.
          - O mesmo que sentou ao meu lado no teatro.. - o respondi
          - Você está se encontrando com meninos, Blenda? - Disse meu pai aparentemente bravo.
          - Ele é só meu amigo, pai. - ri dele e olhei para meu primo - e você, para de colocar ideias na cabeça do meu pai.
         Meu tio e meus primos estavam com várias sacolas em mãos, aparentemente das garotas, já que as lojas eram focadas em roupas femininas.
         Depois que eu finalmente consegui convencer meu pai que ele era só um amigo, seguimos todos para o estacionamento aonde estavam os carros. -             Droga, como eu odeio despedidas.. - Ali, todos se abraçaram e se despediram. Aquilo doía mais por que não sabíamos quando nos veríamos novamente, e família é sempre melhor quando está unida.
         Eles entraram no carro, e seguiram para a saída do shopping. Eu e meus pais acenávamos de longe pra eles, na esperança de vê-los de novo em breve.
          O caminho dali até o nosso carro, não foi tão grande, já que o meu pai conseguiu, não sei como, identificar o carro do meu tio em meio a tantos no estacionamento.
          Fomos para a casa. No caminho do shopping até lá, fiquei conversando com a Júlia e a Bela pra saber se estava tudo bem com ambas.
          Meus pais discutiam sobre como as coisas no novo trabalho do meu pai estava correndo bem. Ele dizia que tudo estava vendendo mais rápido e o preço tinha aumentado, já que a qualidade do produto também ficou melhor. Minha mãe, criava planos para passearmos nos finais de semana, como fazíamos antigamente.
          O Júnior ainda me respondia da mesma forma. Mesmo eu insistindo tanto em querer falar com ele, ele ainda ficava na defensiva sempre mandando indiretas, como se não quisesse esquecer a infantilidade de sentir ciúmes de um garoto que mal conheço.
          Chegando em casa, entro para dentro e me jogo na minha cama. Eram três horas da tarde, quase quatro, e não tinha nada para fazer, além de terminar o trabalho que o professor de Física passou.
          A preguiça em começar a fazer era muita, mas, por fim, arquei com minha responsabilidade e sentei-me a mesinha do meu quarto para fazer o trabalho.
          Eu não estava nem na metade do trabalho, quando meu celular apita do meu lado.
Era uma mensagem no WhatsApp..

"Blenda? Oi, lembra de mim? Stiven 4:13pm"

          Fiquei realmente feliz por ele ter me chamado. A nossa conversa mais cedo foi bem interessante e divertida demais pra não nos falarmos mais.
          Conversamos por um bom tempo, até falarmos de música.

- Sabe aquela música de The Fosters que o B toca com a Callie?

- arram, sei sim. Já até peguei o ritmo dela..

- Serio???? nossa, você precisa me ajudar a pegar o ritmo. Faz tempo que estou tentando e nunca sai direito

- Ué, pode ser. Ta livre agora? Vamos nos encontrar na praça da matriz?

- Super posso. Nos encontramos lá em 30 minutos?

- Pode ser, vou pegar o violão e sair já. Até mais, Blen.

           Meia hora depois, saí de casa com o violão na capa, e fui rumo a praça. O vi sentado com o violão no colo, mexendo no celular, e o assustei com um pulo.
           Nos cumprimentamos e tiramos os violões das capas. Ele me mostrou todo o ritmo e corrigiu os acordes que eu estava fazendo errado.
          Ficamos ali até umas 8:00 da noite. Depois de me explicar todo o ritmo, fomos até a lanchonete mais próxima e pedimos lanches pra comermos. Conversamos enquanto comíamos, mas nos entretemos tanto nela, que ficamos conversando até bem depois de acabarmos os lanches, e minha mãe me ligar.
          Era quase 9:30, e o lugar sem muitos clientes. Insisti em me despedir dele ali, mas ele fez questão de me acompanhar até em casa, já que não era muito longe dali.
          Ele me deixou na porta de casa, e aí sim nos despedimos com abraços.
          Entrei em cada e fiquei o observando pela janela, até o mesmo cruzar a esquina. Foi uma noite legal com uma companhia legal... espero sair com ele de novo.

O amarelo da parede. (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora