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Chego perto da maca e os senhores afastam - me, eu só começo a gritar e a chorar.

-Deixem - me ver a minha mãe.-disse chorando.

Lá cheguei perto dela e fiquei chocada.

Vários hematomas espalhados pelo corpo.

Agarro a mão dela e beijo - a com delicadeza.

-Vais ficar bem, és uma heroína!

Ela não me ouvio porque estava inconsciente mas eu acredito que ela tenha sentido a minha presença.

Se eu fosse outra pessoa e não soubesse que ela tinha uma pele muito clara iria achar que estava morta mas nem penso nessa ideia seria a pior coisa do mundo!

Olhei em redor para ver se via o Miguel, o meu pai de sangue mas não de coração.

 Nada nem um sinal.

Era sempre assim, ele passava a vida na  taberna e bebia até não puder mais, era um refúgio seu mas claro que ia a casa para comer e dormir

Era irritante!

Mas agora que me lembro também ia a casa para discutir, ele brigava muito com a minha mãe.

Começo a achar que não foi nenhum acaso talvez agora as peças comecem a encaixar mas eu não posso culpar ninguém sem antes ter certezas.

Eu vou descobrir o que aconteceu e vou fazer justiça!

Entrei na ambulância e fomos em direção ao hospital.

Três dias se passaram e nem sinal dela pelo que eu percebi ficou em coma.

Tava de rastos, com 3 noites sem dormir era visível as minhas marcas do cansaço.

Grandes semicírculos roxos rondavam a parte inferior dos meus olhos.

Não tinha comido muito desde então por isso perdi alguns quilos.

Oh não, esqueci - me de avisar a Stacey.

Vou-lhe ligar.

Ao fim de um longo tempo acabo por adormecer.

-Menina Jean- alguém me bateu de leve.

Eu acordei e estava em frente a um senhor alto e com uma bata branca pelo que deu a entender que era médico.

-Como é que ela está? - perguntei.

-A sua mãe acabou de acordar.

Eu fiquei mais tranquila e feliz.

-Posso vê - la?

-Pode mas com cuidado ela está um pouco fragilizada.

Eu abanei a cabeça como que a dizer sim.

E segui - o.

Entrei no quarto e lá estava ela

Sem brilho

Um olho meio aberto e o outro meio fechado.

Eu dei - lhe um abraço suave e ela lançou - me um sorriso genuíno.

-Mãe como te sentes?

-Bem!

-N precisas mentir.

-E tu como estás? Tens dormido, tens - te alimentado decentemente?

As perguntas básicas que uma mãe preocupada faz.

E é por isso que eu faço tudo por ela porque mesmo mal preocupa - se e necessita do meu bem estar.

-Talvez devias ir para casa eu estou bem, amanhã passas por aqui outra vez.-ela sugeriu.

Despedi - me dela e fui - me embora, estava exausta.

Quando cheguei a casa caí como uma pedra na cama, só que por mais estranho que pareça não consegui adormecer.

Certas perguntas palpitavam sobre a minha cabeça.

"O que aconteceu? "

"Se eu tivesse em casa mais cedo nada disto tinha acontecido"

"Se o Miguel lhe tocou com um dedo não respondo por mim"

Sentia - me estranha.

Começo a ver as paredes a mexer

Ligo a luz o mais rápido possível

Vou até à casa de banho lavo a cara mas no momento em que levava as mãos à água eu reparei n'algo surreal nunca me tinha acontecido antes.

Eu estava com medo

Muito medo do que me pudesse acontecer

As minhas mãos tremiam freneticamente era impossível controlar

Eu estava a sufocar pois também se tornou difícil respirar.

O meu corpo tremia da cabeça aos pés então decidi que não podia ficar sozinha em casa à espera que me acontecesse algo pior.

Com as mãos a tremer e o telemóvel quase a fugir - me das mãos lá consegui digitar o número da Stacey.

-Stacey, posso dormir na tua casa hoje por favor?

-Claro mas tá tudo bem?-ela perguntou.

-Eu depois conto tudo muito obrigada!

Apanhei um táxi e segui rumo a casa dela.

Dling dlong

-Olá Jean!

Eu só a abracei.

-O que se passa?

Sentámos no sofá e eu contei-lhe tudo mas tudo, incluindo o que se tinha passado com a minha mãe.

-Isso é muito estranho, amanhã vais ao médico e não se fala mais nisso.

Ela era tão preocupada mas eu gostava disso pois demonstrava o quanto ela gostava de mim mas eu também gostava muito dela.

E acreditem todos os que eu amava ninguém lhes fazia mal sem depois terem as consequências.

-À quanto tempo não fazes análises?

-À muito tempo.-eu respondi encolhendo os ombros e lançando um sorriso amigável- Mas não te preocupes amanhã cedinho vou ao médico e faço análises.

Ela ficou mais descansada.
....
Eu virei - me para ela

-Obrigada por tudo!

-Não tens de quê.

Continuámos a falar e eu fiquei melhor, já nem me lembrava do que tinha acontecido

Bem estou a mentir

É claro que me lembrava mas enquanto estava com a Stacey não voltei a sentir nada mais.

Lentamente fechei os olhos e caí no sono profundo.

Em busca da sorteOnde histórias criam vida. Descubra agora