Diga-me como posso respirar sem ar?
Os dias se passavam, e eu não estava vivendo, eu estava existindo apenas, eu sentia o ar nos meus pulmões, mas parecia que não era o suficiente. Passaram-se meses desde que Ben me proibiu de ir lá. O que aconteceu dois dias depois dele me expulsar do quarto, eu ia ao hospital para saber dele, mas ele bloqueou minhas visitas.
O carma estava me mordendo bem na bunda, antes de Bem e eu nos casarmos, eu tive uma pequena crise histérica provocada por sua mãe, e terminei as coisas com ele e fui embora, fiquei em um apartamento de amigos por semanas, e evitava-o como o diabo evita a cruz.
Com carinho lembrei-me do dia do nosso segundo encontro, do nervosismo dele, de como ele metia os pés pelas mãos e nunca sabia o que me falar, do cheiro das flores que ele me deu e da chuva que caiu. Deus, eu amo aquele homem, e sabia que ele era para mim, assim como eu era para ele.
Dormimos juntos cerca de 3 encontros depois, e desde então só vivia pensando nele, meus cadernos da faculdade junto com as provas podem provar que, no canto superior estava o nome dele com um coração. Eu parecia que estava de volta na 5ª serie. Levou cerca de 2 semanas para estarmos falando um ao outro a palavra com "A".
Conhecia Benjamin o suficiente para saber que ele havia desistido de tentar, passaram-se meses, e tudo o que eu sabia eram os pequenos recados de sua mãe, acho que ela se apiedou de mim, e resolveu ser menos uma bruxa velha e ser só velha. Pelo o que eu sabia, ele ia bem, e ia fazer mais alguns exames e voltar para casa em poucos dias. Ela disse que eu poderia vê-lo, já que as regaras do hospital não se aplicavam na casa dela.
Eu não iria lá, a não ser que ele me chamasse, ele me fez uma promessa afinal, e uma coisa que eu sabia do Ben antes de mim era que ele jamais quebrava sua promessa.
Sim, ele não voltaria para cá, ele decidiu que o melhor para ele era voltar a morar com a mãe. Como eu iria viver sozinha sem ele, eu não conseguia simplesmente não dava. Eu me sentia sem chão, como se tivesse passado um terremoto na minha vida tranquila e feliz e tivesse levado tudo o que importa. Ben.
Eu conversava com os médicos online, mostrava os resultados dos exames do cérebro dele, queria entender mais. Mas quanto mais eu sabia mais desesperada eu ficava, uma coisa era certa, Ben poderia jamais se lembrar de mim.
Não se lembrar de mim não era uma opção, eu não deixaria, eu era como uma mulher em uma missão. Mas como eu faria era um mistério, o meu marido me ama, só que não sabe disso.
Tudo era tão fresco na minha memoria, seus beijos, seus toques o jeito que ele fazia amor comigo como se eu fosse preciosa e como ele trepava comigo como um animal, o modo de me amar, que mesmo que ele não se se lembra de mim, eu tinha amor por nos dois.
Essa casa tinha cada lembrança de nós, batizamos cada canto como todos os recém-casados apaixonados fazem, suas roupas com seu cheiro no guarda roupa ainda esta lá, do jeito que ele deixou. O travesseiro do seu lado direito servia como um mantra para me lembrar de que ele me amava, e que iria voltar.
Organizei nossas fotos, e vídeos caseiros e corei ao ver que ele não tinha jogado fora um vídeo de nós dois fazendo amor.
"-Olha para mim Jess, olha como você é linda. Linda e toda minha amor. Vai me manda um beijo, e para de fazer biquinho. Olha amor, ate a câmera te ama.
Enquanto corria atrás de mim com a câmera, só escutava a sua risada, meu coração apertava com a imagem.
- Benjamin, você é ridículo, para com isso.
-Então fala para mim, diz quem é o papai.
Ri junto com a imagem na tela, ele estava impossível nesse dia.
- Eu não vou dizer isso, é ridículo e você também. –Eu revirava os olhos.
-Não vai uh?
Enquanto se aproximava de mim.
- Não adianta correr amor, eu sempre vou perseguir você. Não importa onde você se esconda.
Ele se aproximava de mim no vídeo, e tudo o que eu fazia agora era chorar. Ele me pegou e me fazia cocegas.
-AAAAAH, BEN. MERDA PARA COM ISSO. Enquanto eu ria lá, e apertava meu coração aqui.
-Baby, diz pra mim, quem é o papai, só paro quando disser isso.
-Ok Ben, você venceu, seu trapaceiro. Você é o papai. Seu palhaço.
-Quem é o amor da sua vida, e o louco por você uhn? Mordi os lábios e respondi:
-Rodrigo Santoro.
Ben arregalou os olhos, e me matava de rir. E a gravação parou ai, ele tinha deixado a câmera de lado para me matar de beijo, e me fazer pagar pela brincadeira de um jeito gostoso que fiquei sem andar por 2 dias.
Enquanto os dias se passavam, o dia da alta de Ben chegou e mais uma vez não podia vê-lo, e isso me matava, eu estava com saudades e ele não me ligava. Fiquei sabendo que teve ate uma festa de boas vindas, uma festa na qual não fui convidada.
Dizem que todo casamento tem aquela fase ruim, o meu não. Nunca tivemos a crise do primeiro ano, e jamais cogitamos a hipótese de nos separar, nem mesmo nas nossas piores brigas, sempre voltávamos a nos provocar no mesmo dia.
Então imaginem minha surpresa quando encontro nas correspondências uma carta para comparecer ao cartório, porque a porra do meu marido pediu divorcio.
Ben pediu divorcio mas não teve a decência de me contar cara a cara, e isso não iria ficar assim.
"Não adianta correr amor, eu sempre vou perseguir você. Não importa onde você se esconda. "
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Amnesia
Romance"Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu ninguém separe". Eu nunca acreditei em destino, isso era um fato. Para mim ou acontecia ou não, nunca deixei meu futuro nas mãos de ninguém. Exceto dele. Ele era meu mund...