Surprise, surprise!

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Benjamin.

Dois anos depois.

Tenho 99 problemas, mas mulher não é nenhum dele.

Eu estava quase me rendendo, sério, aquela briga era ridícula. Eu não quebrei outro vaso dela de proposito, eu esbarrei e caiu. Acontece, mas não, ela de alguma forma resolveu que eu quebrei, e pra piorar eu o escondi. Eu sabia que ela ficaria brava, ela amava aquele vaso colorido e que na minha opinião era feio.

- Não ouse falar comigo agora Benjamin Lucca Bairon. - Fiz uma careta, ela estava realmente brava, francamente eu meio que fiz um favor. Mas Jessica tinha uma paixão pelos seus vasos.

Ela estava ali, concentrada em me ignorar, tão linda que eu estava preste a mandar nossa discussão para o inferno e agarra-la e beija-la.

Jessica tinha dias que me fazia perder a cabeça, mas no final era sempre engraçado, e termina em sexo, sempre.

Eu não sei que tipo de feitiço ela jogou pra mim, funcionou. Eu estava a beira da loucura com essa mulher.

Lembro da primeira vez que eu a vi, realmente a vi. Eu estava tentando entender que estive em coma, tentando compreender que fui casado. E ela estava lá, adormecida, estava com um coque na cabeça, sem maquiagem alguma e com todas aquelas tatuagens. Eu estava fascinado, era diferente de tudo o que eu conhecia, de tudo que eu fazia parte. Conhecendo minha mãe, ela deve ter tido um ataque de panico.

Tudo era complicado, perder 5 anos de memoria, e acordar com uma esposa e tatuagens, era como se eu acordasse e descobrisse uma personalidade que não era a minha.

Eu queria descobrir o que ela era para mim, eu estava com inveja de mim mesmo, e acabava descontando nela. Jess vinha sempre pela tarde, e aguentava minhas reclamações e duvidas constante, como por exemplo outro dia em que perguntei a ela porque diabo eu tatuei seu rosto, eu percebi que a magoei tarde demais, mas ela engoliu as lagrimas e disse que era porque eu a costumava a amar. Também me contou que "meio que pirou", assim quando viu, mas que depois acabou se acostumando. Bom, tudo isso foi antes que eu a mandasse embora.

Olhei para a minha nova tatuagem, bem nova no meio de todas as antigas, Jess costuma chamar de "nova-pós-coma" , mas eu sabia melhor, nunca contei a ela que essa frase ficava me rodeando, quase me deixando louco durante o período no hospital. Eu não sabia onde tinha escutado, ou se eu realmente tinha escutado. Eu só sabia que ela ficava se repetindo como se fosse aquela musica chiclete que, mesmo que você queira, ela não vai te deixar.

Oh céu, agora Jessica resolveu fazer biquinho, eu riria se isso não custasse um chute na costela. Sim essa maldita chutou minha costela porque eu ousei a "rir no momento inadequado" segundo ela. Depois que a dor passou eu ri de novo, ela era tão adorável.

Eu estava vendo quando ela trocou a planta que estava regando, hoje iriamos pintar um quarto, mas conhecendo minha mulher como eu conhecia, não iria ser de uma cor só, ela gostava de arco-íris. Perguntei uma vez se isso era algo que o antigo Ben saberia, e ela me disse uma coisa que eu nunca vou esquecer.

" Não existe Ben novo, ou antigo. Existe o meu Ben. Só você, e eu o amo. Então cale a boca e mexe a tinta". Então eu sorri, calei a boca e mexi a tinta.


No tempo em que eu fiquei longe dela, não consegui parar de pensar nela, o que foi irônico já que ninguém ousava falar dela perto de mim, nem mesmo minha mãe que ao saber que eu a expulsei do hospital parou de falar comigo. Bem não exatamente parou, mas me lançava olhares que me deixava com um pouco de medo.

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