Pensamentos De Um Criado-Mudo

Improbabilidades

Quais as chances do improvável acontecer? Pequenas. É o que eu, você e qualquer um supõem, mas o que afinal de contas é improvável? Eu diria que a nossa vida como um todo é improvável.

Um pequeno planeta entre bilhões de outros planetas e cá estamos nós. É improvável que uma pequena esfera azul pairando no espaço abrigasse algum tipo de vida, mas isso não nos impediu de estar aqui.

Este pequeno planetinha capaz de abrigar vida já passou por pelo menos cinco extinções em massa que dizimaram até cerca de 95% de todas as espécies viventes e em meio a tudo isso surgiu a improvável chance da nossa pequena espécie evoluir e se propagar e cá estamos nós.

E as improbabilidades se seguiram vez por vez até ocasionar tudo isso que vemos hoje, que somos hoje. A improbabilidade nos fez mais o que somos do que a previsibilidade. Então, pelo menos pra mim, o improvável está mais próximo de nós do que a maioria acha estar.

E nesse meio de improbabilidades, eis que surgem dois humanos que se unem no meio de bilhões de outros e que dessa união geram algo novo: eu, você ou qualquer pessoa que esteja por aí. Todos nós somos frutos de uma improbabilidade tão qual tudo sempre foi e cá estamos nós.

E assim crescemos, vivemos e nos arrependemos. Rimos, evoluímos e nos divertimos. Brincamos, choramos e cá estamos. Duas pessoas entre outras 7,3 bilhões de pessoas. Qual a probabilidade de nos encontrarmos? Pequenas. É o que eu, você e qualquer pessoa diria, mas nos encontramos.

Eu poderia ter me atrasado um minuto. Você poderia ter saído uma aula mais cedo. Eu deveria ter esperado o coletivo expresso pra casa e você provavelmente sentado na cadeira ao lado da moça a sua frente. Eu talvez apenas me entregasse aos meus fones de ouvido e esquecesse tudo a minha volta e você simplesmente virado o rosto ao invés de sorrir de volta e dizer seu nome. É tão improvável que pudéssemos estar juntos e cá estamos nós.

O que seria da vida se não fossem estas improbabilidades? O improvável é tudo o que nós somos e jamais deveremos subestimá-lo ou descartá-lo, ao contrário, precisamos agarrá-lo e aproveitá-lo, pois quem há de saber as improbabilidades do nosso futuro senão as chances do nosso presente?