Pensamentos De Um Criado-Mudo

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Acordei cedo hoje, olhei para fora e já era dia, mas o sol ainda não nascera. A noite foi boa, sono relaxante mas não pareço disposto, preciso dos meus fones. Ouço uma música e sinto como se meus motores começassem a ser abastecidos, o dia seria bem mais difícil sem isso.
Me apronto rápido, converso comigo mesmo: "temos muito o que fazer hoje." Lá fora o sol ainda briga com as nuvens, o amanhecer tarde e eu parto, não tenho tempo pra isso.
Ouvi muito esta frase outrora, talvez comecei a recitá-la na mesma época em que os jornais se tornaram mais atrativos que os desenhos, mudei mesmo achando que não teria tempo pra isso.
Olho para o mar e ele nada me diz, estranho. A inspiração me ataca num quarto fechado, com tudo pintado de branco. Não há mais nada aqui além de mim, uma caneta e rabiscos num papel.
Me vinguei nas folhas, dei um tempo hoje e me tranquei para me libertar. Deixei o tempo passar, ele voa e por um momento eu apenas quis voar com ele.
Não rimei na sétima sílaba, não sou a sétima arte
Cometi sete pecados hoje apenas nesta tarde
Ouvi a sétima sinfonia, quis ser sua sétima parte
Numa peça de sete atos, onde só vislumbrei metade
As sete cores do arco-íris nasceram dos seres mares
E a sétima hora do dia nos tirou de nossos lares
Ouvi sete mentiras, contei uma só verdade
Nasci no sétimo dia, viverei a eternidade
Não há bixo de sete cabeças que me pareça tão forte
E nem há sete ondas que eu pule que me traga tanta sorte
Naveguei a sete léguas no meu barco rumo ao norte
Entreguei sete Rosas em vida, não receberei uma sequer em morte
Das sete maravilhas do mundo eu quero visitar as nove
Levei sete anos pra aprender que nem toda dor comove
O mundo feito em sete bilhões de anos, ou sete dias caso ache muito
E pra criar tudo o que preciso só levei sete minutos.