DIEGO
Eu estava caído, sem nenhuma vontade de levantar. A dor que eu sentia era como se estivessem amassando meu coração, eu não queria viver, não queria comer, não queria ninguém, só ele, meu Eric. Já havia uma semana que ele havia ido embora. Elena me visitava todos os dias, às vezes ela também chorava comigo. Eu passei dias inteiros olhando para o nada pensando porque ele havia me deixado. Acho que ele me odiava pra fazer isso, ele sabia que eu iria sofrer que o que nós tínhamos era pra sempre, talvez a dor fosse eterna assim como nosso amor. Eu sempre quis viver livre, mas já era tarde demais, eu já estava preso a dor tanto quanto eu estava preso a Eric.
As dores em meu abdômen só aumentavam, as vezes eu chorava encolhido. Chorava pela dor física e emocional. Se eu comia era porque minha tia me obrigava, não porque eu queria. Todo dia eu relembrava os meus momentos com ele, todos os dias, várias vezes, sem nunca esquecer. Havia vezes que eu enchia a banheira de água e ficava lá por três horas chorando, a água morna fazia com que a dor no meu abdômen diminuísse.
Minha tia tentara me privar de visitas, a única que eu gostava de ver era Elena, ela entendia minha dor, ela também fora deixada pra trás. Eric era seu único filho. Ela sempre segurava minha mão, ela até colocara minha cabeça em seu colo pra que chorasse. Eu sempre achei que a pior dor que poderia ter passado foi quando perdi meus pais, mas agora eu podia dizer que essa era a pior. Eu nunca me arrastei tanto, eu nunca quis tanto morrer. As pessoas diziam entender o que eu sentia, mas não, elas não sabiam, elas não carregavam o peso que eu estava sentindo, o veneno não queimava as veias delas, o ar nãos as sufocavam, elas não podiam dizer que me entendiam.
Elena adentrou meu quarto com seu sorriso fraco. Eu não correspondi, não tinha vontade de fazer isso.
– Como está a dor? – ela falou se sentando ao meu lado.
– Só piora, não passa, já tomei remédios – falei olhando pra ela.
– Posso marcar uma ultrassonografia pra você.
– Posso ser atendido por você?
– Não, porque não sou especializada nisso, se fosse uma ultrassom sim, mas estarei com você se quiser.
Eu assenti.
– Pode marcar.
– Vou marcar para daqui a dois dias tudo bem?
– Tudo bem. – suspirei pesaroso.
– Eu sei que sente falta dele, também sinto, ele sempre foi meu garotinho, meu homenzinho, mas ele escolheu ir, por mais que eu quisesse eu não poderia fazer nada, eu poderia ter feito se soubesse antes dele partir, mas ele não me disse, só deixou a carta. Acredite. Ler aquela carta me doeu tanto quanto em você, mas tenho que lidar com a dor.
Elena começou a chorar e segurou minha mão.
– Seja lá o que você esteja passando, eu estou com você querido, nós perdemos a mesma pessoa.
– É pior do que se ele tivesse morrido, eu sei que ele está vivo, que foi escolha dele nos deixar. – falei soluçando.
– Você vai ficar bem. Nos vamos ficar bem.
– Promete?
– Sim querido. – Elena me abraçou.
– Obrigado.
– De nada. – ela falou me afastando do abraço e passando a mão em meu rosto molhado. – Tenho que ir querido, preciso dormir ou não estarei pronta para o próximo plantão.
– Tudo bem. – assenti.
– Adeus, fica bem.
– Você também.
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Darkness of Heart | Livro II | Romance Gay
WerewolfEM ATUALIZAÇÃO Autor Original @starkfucker (Lovefoxx) Continuidade: Aldo Andrade Publicado Originalmente na Casa dos Contos