Capítulo 4 - Impossível

1.2K 174 0
                                    

"Talvez um dia eu fosse deixar de ser tão fraco, de ser tão indefeso... Eu tenho medo do meu lado mais obscuro, da minha parte má. Meu lado negro é um monstro, e um dia ela será bem pior... "

Se existisse uma forma pior para meu mundo desabar, seria essa, na verdade está sendo. Um filho? Eu grávido? Essa palavra existe? Grávido? E o pai, o pai era Eric, aquele que foi embora. Eu já estava bem demais pra dizer que ele havia me abandonado, se existe algo que eu odeio é drama. A única coisa que eu pensava era como eu vou dar a luz a essa criança, e essa não era a pior parte, como eu iria criar ela? Eu estava realmente acreditando naquilo? Que havia uma criança dentro de mim?

Nunca em sã consciência eu podia imaginar que isso era possível, parece que o mundo sobrenatural era um iceberg que a gente só vê a ponta fora da água, mas a maior parte dele está submersa. Segundo Caius havia coisas no mundo sobrenatural que até ele mesmo desconhecia, coisas que nem mesmo ele no meio de tudo isso, conhece. Minha vida já estava de cabeça pra baixo, mas agora não há movimentação periférica que a explique. Quando tudo cauteriza, algo vem pra abrir ou aumentar a ferida.

Eu não tinha raiva de Eric, até agora, pois ele havia me deixado pensando que me fazia mal. Mas agora ao meu ver ele me deixou com um filho. Tudo bem, ele também não sabia, mas isso era demais, eu podia matar alguém agora. A oscilação de humor estava presente, essa é uma das características da gravidez, eu não queria pensar nas outras... Eu estava no quarto de Sam, sentado abraçando minhas pernas. Mais uma vez encarando o vazio.

– Você quer dormir aqui hoje? – Sam perguntou sentado ao meu lado.

– Não obrigado, quero ficar um pouco só e no meu quarto vou me sentir mais confortável.

– Você quer ficar sozinho agora?

– Não Sam, é seu quarto, não devo ter autoridade.

– Relaxa, vou te deixar um pouco só ok?

Assenti. Sam saiu fechando a porta. De alguma forma eu estava me sentindo mais forte, mais disposto a lutar. Agora eu enxergava que eu teria um filho, ele precisaria de mim, mas antes eu tinha que saber como ele estava. Porém como eu iria conseguir uma Ultrassom? E quando o médico visse minha gravidez o que ele diria? Eu sairia nos jornais como aberração, seria conhecido mundialmente. Eu poderia dizer para Elena, ele poderia fazer algo por mim, mas como contar a ela que eu esperava um bebê do filho dela? Bom, eu teria que dizer de um jeito ou de outro. Ouvi umas batidas na porta e logo Caius entrou.

– Preocupado? – ele perguntou se sentando ao meu lado.

– Em choque na verdade. – falei olhando para ele.

– Tem coisas no mundo sobrenatural que nem mesmo eu conheço, coisas que vão além de qualquer coisa, algumas fazem parte de nosso mundo e outras não.

– Eu não sei como viver com isso Caius, minha barriga provavelmente vai crescer e não vai parecer que engordei ou que eu tenho problema no fígado. Eu vou ter que me esconder. Ficar preso em casa, e nem sei como vou contar a minha tia. – falei frustrado.

– Você precisa se acalmar, você não está sozinho, nunca esteve, pelo menos não aqui. Não sei se você nos vê assim, mas somos suas família. Uma das coisas que mais prezo é a família e perdi a minha, agora tenho minha alcateia, é uma família e você faz parte dela, seu namorado era parte dela, mas não é só porque ele foi embora que você não nos conhece ou que não é envolvido com nosso mundo. Somos sua família e vamos protegê-lo, eu vou te proteger.

Caius me abraçou de lado e beijou o alto da minha cabeça. A essa altura eu já chorava.

– Obrigado. – Retribuí ao abraço. – Mas preciso fazer uma coisa, e não sei como.

– O que? – Caius me olhou confuso.

– Contar para minha tia. Importa-se em me ajudar?

– Não conheço sua tia, mas posso tentar. Entendo que não queira fazer isso, pelo seu estado, não acho que vá saber falar algo.

– Se importa em me levar a casa de Elena?

– Não, mas porque que ir lá? – Caius me olhou preocupado.

– Primeiramente contar a ela e em segundo pedir para ela fazer alguns exames, ela terá que saber de alguma forma, e ela sendo médica ajuda. – expliquei.

– Então vamos, no meu carro. – ele sorriu de lado.

Eu o segui até a garagem passando pela sala e todos me olhando confusos. Mas não tentei explicar. Fomos para a garagem e lá havia um carro bonito, parecia caro, não sabia o nome, se não me engano era Volvo, era cinza. Caius destravou as portas e eu entrei. Fomos em silêncio até a casa de Elena. Paramos em frente à entrada. Eu fitei a casa e foi impossível não relembrar algumas coisas. O sentimento de força havia se esvaído do meu corpo. Respirei fundo e saí do carro. Caius me seguiu. Fui em pisadas secas até a porta e sem pensar muito toque a campainha. Em poucos segundos Elena abriu a porta.

– Querido, mas que surpresa, resolveu sair de casa? – ela disse sorrindo.

– Na verdade eu vim pra falar algo importante. – o semblante de Elena ficou sério.

– Quem é sue amigo? – Elena olhou Caius.

– Esse é Caius, um amigo meu, ele conhece Eric.

– Ah sim, Eric já falou sobre você, e que você era alfa e algo assim não? – Elena questionou.

– Sim isso mesmo. – Caius falou em tom irrelevante.

– Bom, entrem. – Elena abriu espaço para que entrássemos. E nos guiou até a sala no indicando a sentar.

– Elena tenho algo a dizer e que não é fácil, nem mesmo eu estou acreditando, mas devido a circunstâncias...

– Bom querido seja o que for você pode me dizer, se eu puder ajudar. – Elena disse calma.

Eu achava melhor dizer de uma vez.

– Não há jeito fácil de dizer isso então... Eu estou... Estou... – respirei fundo. –Estou grávido. – aquelas palavras pareciam ridículas sendo ditas por mim, na verdade por qualquer um.

– O que...? Como assim? – Elena disse séria.

– Caius, por favor...

– Bom Elena, como seu filho já deve ter dito, no mundo dos lobisomens as coisas sãos diferentes, e tem regras naturais. E uma gravidez masculina é possível, e é o que acontece no momento, pode parecer piada e impossível de acreditar, mas é verdade. – eram incríveis as palavras que Caius usara tudo parecia tão leve.

– Mas isso é... Biologicamente impossível. – Elena disse chocada.

– Eu também achava, mas o que mais prova são as dores na barriga, isso só aumenta.

– Mas isso pode ser perigoso não? – Elena disse preocupada.

– Certamente. – Caius disse.

– Devíamos fazer exames. – Elena cruzou as pernas inquieta.

– Mas os médicos saberão. – sussurrei.

– Não se preocupe, os exames serão executados por mim. – Elena se sentou ao meu lado e segurou minha mão. – Então quer dizer que vou ser vovó? – Ela disse com um brilho nos olhos.

– Por incrível que pareça... – falei tentando parecer feliz.

– Meu homenzinho vai ser pai... Mas e Eric? – Ela mudou para uma feição séria ao fazer a pergunta.

– Ele não sabe. – falei seco.

– Talvez isso fizesse com que ele voltasse. – Elena entendia meu sofrimento.

– Não quero que ele volte por pena, eu criarei esse filho sozinho. – falei com determinação.

– Não criará sozinho. Quando o pai de Eric morreu eu tive que aguentar tudo sozinha, eu não tinha ninguém, mas você tem a mim, e pelo visto Caius. – ela disse olhando Caius. – Nós estaremos com você.

Abracei Elena e fiquei ali por um tempo. Não sei por que, Elena me passava uma segurança e conforto que ninguém sabia me dar no momento.

Darkness of Heart | Livro II | Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora