Capítulo 3

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— Da próxima vez deixe-o ligado Coe!

Observo Ralph explodir em nervos e caminhar de um lado para o outro. Ele nem passa os olhos para minha figura calma e neutra diante de sua mesa.

— Esta foi uma exigência sua — lembro-o e ele fulmina-me com o olhar.

— Retire esta exigência de sua lista — ele arqueja contrariado. — Pelo menos nos dias em que não tiver horário com Cavagnalari.

Calculo mentalmente antes de responder e reviro os olhos, indignada.

— Isso me dá cinco dias de chance de atendê-lo! Eu tenho os finais de semana livres. Lembra disso também?

— Pode ser. — Ralph deixa as mãos cair ao lado do corpo antes de se sentar. — Esqueça isso Coe — ele continua e ergue-se novamente. — O homem é um pirata agressivo e prepotente. Devia ouvir os comentários que ele usou em tom nada educado para mim.

Eu posso imaginar, mas não preciso entrar em detalhes com ele quando se trata de Carl.

— Estou fora! — Ergo minhas mãos em sinal de rendição e decido-me por encerrar o assunto. — Já ouvi muito.

— Tem razão — Ele para um instante e considera minha sensatez. Com os olhos rasos de olheiras, fita-me longamente antes de balançar a cabeça. — Não vamos apelar, nós dois sabemos cada passo que demos até chegar aqui.

Eu nem questiono seu comentário porque sei o significado de suas palavras. Apenas, preservo-me de mais delongas e saio, batendo a porta suavemente e deixando um Ralph com cara de taxo.

Aproveito o pouco tempo que ainda tenho para bebericar um café na bancada do pequeno café que Ralph gosta de manter na clínica. De certo modo é para os clientes, no entanto, tão cedo não há quase ninguém. Minha conversa com Ralph só serviu para me contrariar, afinal, ele foi claro quando me orientou a atender as ligações de Cavagnalari.

— Oi Beatrice. Acordou muito cedo!

— Oi Joice. De fato — concordo erguendo os olhos para sua figura alta e esbelta.

— Tem horário hoje?

— Sim, com Mohamed.

— E quanto á Pinn? — ela direciona um ar de mistério e sorri ao final num suspiro. — Me parece que há um romance entre eles.

Eu sei que há. Em certos momentos nós conversamos sobre certos assuntos. Não somos amigas íntimas, mas nossas atividades diárias apesar de paralelas permitem que nos encontremos ocasionalmente na mansão de Mohamed.

— Não sei.

— E quanto a você?

Fico um tempo imaginando o significado daquela pergunta até que desisto. Já tenho problemas demais em minha cabeça para me ocupar com mais algum.

— Eu não sei... Nos vemos pouco durante as sessões de drenagem. — Por fim dou de ombros. — Mas não gosto muito disso.

— Quer dizer, não gosta de querer saber sobre assuntos alheios?

— Exato. Preciso ir. — aviso por fim, passando os olhos para meu relógio de pulso. — Deu minha hora.

— Boa sorte, é com Cavagnalari agora, certo?

Não respondo com palavras, apenas faço um gesto com a cabeça enquanto pego a bolsa e saio com meu sorriso neutro nos lábios.

Sim, é com Cavagnalari agora.

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