O Norwegian era uma imensidão de navio. De longe as luzes acesas pareciam estrelas no céu escurecido da noite, sua estrutura imponente podia ser comparada a um hotel de trinta andares. Trinta andares!
— Uau!
Ouço minha própria exclamação assim que subimos. Minha ansiedade chega a ser palpável não apenas pelo fato de estar em um cruzeiro, mas pela sensação de liberdade. Tenho expectativas. Quero conhecer toda a estrutura daquela imensidão de navio. Norueguês. Meus olhos brilham maravilhados assim que me aproximo da proa. Daqui de cima, o mar é negro envolto por luzes cintilantes. A visão do horizonte é maravilhosa, algo inexplicável que faz meu coração bater descompassado. Admito que há muito não me sinto assim. Talvez pela proposta da viagem, minhas emoções estavam todas exacerbadas pela novidade. Tudo aqui é diferente do que já li em revistas, chega a ser concreta a sensação de liberdade rondando o ar.
— Não disse que era lindo?
— De noite é muito mais lindo do que imaginava. — respondo ao animo de Lessi que parece uma criança excitada cheia de presentes. — Nunca pensei que seria tão emocionante estar em alto mar.
— E você ainda não viu nada. Já vi que aqui tem sala de cinema, cassino, academia, playground... Definitivamente quatro dias serão estraçalhados por tanto entretenimento.
— Fez o serviço de casa direitinho, não é?
Ela ri e eu a imito, porque sabemos o quanto ela esperou por esse passeio.
— Fique tranquila que também é seguro. Vamos.
Lessi me puxa pela mão até a entrada principal. Esbarramos em várias pessoas e noto que muitas já estão no interior.
— Uau! — vislumbro embasbacada com o luxo do saguão.
— Hey, você podia mudar o repertório né? Uau, uau...
— Você, vai ficar barrando minhas emoções agora? — entorto minha boca enquanto finjo indignação — Eu extravaso minha emoção do jeito que eu quero.
— Ah qual é Beatrice! Tanto jeito de extravasar as emoções...
Com ela eu sei que argumentos são perdidos.
— Certo, Miss emoção. Me diga outro jeito de extravasar a minha emoção?
— Ora, beijando e... bem, você já sabe.
— Sei o quê?
— Já sabe, ora. Fazendo sexo pra começar.
— Hum, claro. Pelo que vejo tenho muitas opções aqui para isto... — ironizo sentindo-me vitoriosa dessa vez.
Ela sempre introduzia sexo em seus argumentos. Claro que sexo é bom, apesar de que não tenho uma vida muito repleta disto nos últimos meses, talvez anos. Mas, aqui sexo seria algo meio... duvidoso.
— Não vejo por que. Há uma multidão de homens aqui.
— Ok. Pode me apresentar um nesta multidão? — provoco, só para ver até onde ela iria com o argumento tosco.
Não sei por que penso em Cavagnalari tão logo ouço a palavra sexo. Não que o simples fato de pensar em meu cliente remetia-me á palavra. Mas, penso sim em como Carl faz amor. Pronto. Reconheço que de vez em quando, minha curiosidade recheia minha mente sobre o modo como ele tocava e se comportava fazendo sexo. Não posso negar, pelo menos para mim.
— A noite é só uma criança. — Lessi me devolve posuda, dona da razão.
— A noite é só uma criança.
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