Meus dias estão sendo turbulentos e devastadores. Tenho agradecido intimamente por poder contar com a ajuda de Dorah para refazer a mala de Ollay. Pensei sinceramente que um dia faria isto com a intenção de levá-la para casa, aliviada e feliz.
Dorah me lança olhares fixos, ora de lamentação, ora de estímulo.
— Ela gostava deste suéter. — eu ergo o tecido no ar e sorrio, recebendo um beijo em meus cabelos.
— Sim, gostava.
— Eu procurei trazer as roupas mais confortáveis — digo enxugando minhas lágrimas insistentes.
— E ela insistia em me pedir para cuidar exatamente das peças que você separou.
Suas palavras provocam em mim mais lagrimas, e choro um choro convulsivo na camiseta simples de algodão, extravasando toda minha emoção por te perdido minha madrinha. Cheguei a tempo de ouvi-la pedir para que eu fosse feliz.
Faz duas semanas que organizei o velório de Ollay. Por motivos legais, ainda permaneço na cidade porque preciso resolver pendências como a venda da casa onde por anos morei com minha mãe e madrinha. Atendo ao desejo de Ollay em vender a casa e doar uma parte do dinheiro á clinica de hemoterapia que por tantos anos, a tratou com tanto cuidado. Outra parte foi presente para Dorah, nossa vizinha que cuidou de nós e da própria casa que foi nosso canto por anos, sem nunca pedir nada em troca. Tudo foi descrito exatamente em contrato, combinado com o único advogado da cidade.
Na clínica, deixei meus sinceros agradecimentos pelo tempo que cuidaram com carinho da mãe que me batizara, mas foi o abraço de Dorah que indicou que eu precisava deixar St. James.
— Precisa voltar, querida.
Concluo que cuidei de tudo como deveria ser, como ela me pediu algumas vezes. E que agora devo cumprir com seu desejo mais insistente: que eu cuide de mim.
— Eu sei.
— Há duas semanas está aqui — ela me observa cravando os olhos nos meus. — Têm se mostrado fiel á sua madrinha, resolveu tudo como uma mulher adulta que é e eu digo que já basta.
Sinto a ternura em seu abraço e suspiro, ciente de que Dorah tem razão. Assim como Ollay. Minha vida é importante e neste momento, eu preciso cuidar de mim como nunca.
— Eu fiz por amor.
— Apenas isso?
Ela me encara com olhos que me conhecem. Apesar de nunca ter sido mãe, assim como Ollay, ela não teve a mesma sorte de ter ao lado crianças e vê-las crescer. Mesmo assim, sempre existiu um instinto materno em suas ações.
— Como assim?
— Beatrice, querida, — ela segura minha mão e captura meu olhar novamente — quando Ollay disse que precisava voltar era para que resolvesse sua vida. E quando ela se foi, pediu que fosse feliz. Você é jovem, bonita e inteligente. Sei que sabe o que tem a fazer quando voltar para casa.
Eu hesito um instante, perdida em suas palavras.
— Leu minha carta?
— Não — ela nega com um sorriso — mas nem precisaria. Está apaixonada e isso é quase evidente...
— Tão evidente assim?
— Fica claro quando o amor nos toma.
— É, mas não há chances.
— Quem falou em chances? — Dorah continua com seu olhar intenso, queimando-me. — O amor não precisa de chances. E isso sua madrinha já disse uma vez...
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RomansaLink Amazon: http://amz.onl/8gk025C Sinopse Carl Cavagnalari é um magnata sério e arrogante que acredita que as pessoas á sua volta estão sempre dispostas a serem usadas. Beatrice não está em sua lista. A fisioterapeuta é uma das poucas pessoas a d...