Capítulo 11

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{Eu já votei nesta história. E você?  ;) }


Da cadeira onde estou, passo os olhos mais uma vez para a porta na esperança de que o Dr. Quice entre e me dê notícias a respeito dos exames de Ollay. Pela enésima vez, respiro fundo e baixo, sentindo minhas emoções em fagulhas. E quando ele entra, sinto um aperto no coração e tudo fica silencioso a minha volta.

— Dr. Quice, quero que saiba que estou preparada para qualquer coisa, e não quero que me poupe de nada.

Ele para diante da mesa e sorri com os lábios abertos.

— Preparada?

Posso sentir seu tom cômico encarando-me como se tivesse diante de uma alma desestruturada. O conjunto do avental branco, do estetoscópio envolto no pescoço e da pequena pilha de papeis nas mãos me assusta, esta é a verdade. Ele arqueia as grossas sobrancelhas antes de continuar.

— Desse modo?

— Desculpe — eu coro rezando para que minha expressão suavize. — O que eu quero dizer é que...

— Eu sei, Beatrice. Estou brincando.

Ele deixa um instante de silêncio onde se senta e cruza as pernas antes de voltar a falar.

— Sabe, — ele começa circunspecto, mantendo os olhos fixos em mim — antes de qualquer coisa, quero dizer que admiro o que faz por Ollay.

Eu tento sorrir imaginando o que seriam suas palavras.

— Não é sua filha consanguínea, mas lhe dá um tratamento que muitos filhos unidos por esse laço nunca dariam aos seus entes. E isso, me dá esperança Beatrice.

— Fico feliz por isso.

— Quero mais — ele diz amistoso desta vez. — Quero vê-la feliz.

Num reflexo, eu baixo meus olhos. Não sei o que significam suas palavras e não consigo transmitir o entusiasmo que ele quer ver. Além das minhas olheiras sobre os olhos, consequência da noite mal dormida na poltrona da clínica, não posso evidenciar mais nada a ele.

— Não posso.

— Beatrice — ele me chama e só volta a falar quando me volto a ele — Cancelei a cirurgia de Ollay.

Continuo observando-o sem compreender se ele disse algo bom ou ruim.

— Ela não vai precisar fazer a cirurgia, ao menos por enquanto.

— Isso significa o que?

— Que os exames estão bons!

— Oh meu Deus! — minhas mãos vão para meu peito, instantaneamente sinto as lágrimas intercalarem com meu riso. — Obrigada Dr. Quice, não imagina o quanto fico feliz com essa notícia.

— Eu sei — ele ri e posso vê-lo emocionado também. Não sei por que penso que isto seria proibido para os médicos, qualquer demonstração de emoção que significasse vulnerabilidade.

— Ela já sabe?

— Deixei para você contar.

Um aceno e um abano com a mão foi minha despedida do consultório. Eu corro entusiasmada para contar para minha madrinha que ela está bem. Decido usar palavras certas e curtas, mas que a incentivariam cada vez mais.

— É porque está aqui comigo que fiquei bem. — Ollay me diz sorrindo como uma criança.

— E porque amo você, que estou aqui.

— Então, eu ensinei direitinho.

Sinto toda sua emoção e ela sente a minha. Não nego que meus pensamentos me traíram a respeito do sucesso da cirurgia. Sua idade, sua fragilidade e todos os fatores clínicos, poderiam ser responsáveis pela piora e consequente fatalidade de sua morte. O Dr, Quice me deixou bem ciente de tudo. E eu estava preparada para qualquer consequência. No entanto, na prática, a sensação me deixou angustiada.

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