Capítulo 2

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{Meninas, só um adendo: a versão do personagem estará com a letra diferenciada. Aqui não coloquei, se ficar confuso vocês considerem que é por esse motivo. Mas a publicação oficial, estará evidente a diferenciação na fala dele. Bjos.

Ah, curtam e comentem aí embaixo por favor.}

           


Consigo sorrir ao beber o chá de limão e disfarço minha expressão enquanto Desirre e Jhon Martin contam com exagerado ânimo sobre o fim de semana desastroso da família em Terrazo D'Italia. Concordo balançando minha cabeça ao acompanhar o olhar que o casal lança sobre Mabil, o filho de quinze anos que se encolhe na cadeira de rodas.

— Coe, ele queria subir no metrô, mas não sabíamos como com essa cadeira. — Jhon, o pai do garoto continua descrevendo os fatos, ambos rindo alto e já com lágrimas nos olhos.

— E ainda nem falamos italiano. — Desirre acrescenta imitando o marido.

Sou tomada por uma profunda empatia e sorrio para Mabil. Hoje ele ainda sorri mais, mas há pouco tempo atrás a situação era mais complicada devido ao sofrimento dos pais e conseqüentemente pela falta de adesão do garoto, um esportista iniciante no basquete. O choque físico com outro jogador foi fatal para causar um trauma na coluna e uma concussão. Levando em consideração o tom rosado no rosto, ele certamente estava sofrendo por ser o centro das atenções.

— Mabil, você ainda terá algum tempo para se adaptar e quando isso acontecer, verá que não é tão ruim assim.

— Na verdade, eu já me adaptei. — ele confessa em tom baixo indeciso. — É que às vezes sinto-me um pouco desajeitado com isso. — e lança um olhar para as rodas em que seus braços apoiavam.

— Você ainda é uma criança... — Jhon se compadece do filho suavizando o tom. — Os médicos disseram que não vai passar o resto dos dias sentado aí.

Jhon está certo. No entanto, eu penso que é mais embaraçoso ouvir os próprios pais descreverem tantas situações nada cômicas a respeito de sua dependência em uma cadeira de rodas e depois ser tachado de criança.

— Mabil é um bom garoto, Coe. — Desirre devolve com seu tom maternal, lançando um olhar de estímulo ao filho.

O estímulo é sem duvida a palavra chave nos casos de tratamentos físicos. No caso de Mabil, há seis meses mantenho as sessões de fisioterapia onde consigo avaliar a mudança de perspectiva e a adesão. Por esses motivos, três sessões na semana podem ser efetivas, levando em conta o tempo que perco em explicar a importância do tratamento. Refiz minha agenda e planejei os últimos horários para ele. Os demais eu mantive até porque não me atrevo a mudar alguns horários de certos clientes exigentes e inflexíveis.

O som do telefone toca interrompendo minhas reflexões breves e noto que estava apenas lendo os lábios dos pais de Mabil, sobre a carta que ele recebeu do time que o havia contratado.

— Quer mais chá, Coe?

— Não obrigada — sorrio simpática.

— Não tem mais clientes hoje?

— Não. Hoje tenho o resto da noite para mim Desirre. — levo uma mão ao peito e sorrio mais uma vez, outro sorriso.

— Hum, tem um sorriso sinuoso em seus lábios.

— Oh, não é isso — trato de apagar aquela impressão, incomodando-me pela falta de senso de Desirre ante aquela insinuação diante de meu cliente adolescente. — Marquei horário no salão. — Mostro as unhas curtas e sem esmalte para provar.

— Ah sim, eu também preciso disso. — Desirre reconheceu expondo as próprias mãos, em dedos rechonchudos.

Não é meu interesse ser indelicada com ela, mas minha vida pessoal é reservada apenas a mim mesma e isso é algo que faço questão de deixar claro aos clientes. Em reposta, apenas sorrio brevemente ajeitando minha pasta ao lado prestes a ir embora. Na verdade, para fazer as unhas, mesmo. De certo modo, trabalho com minha imagem e acredito que limpeza e até uma discreta beleza – fosse um batom ou esmalte mesmo – dão a impressão de saúde também. Apesar de não me considerar padrão algum de beleza, sempre mantenho meus cabelos presos num rabo de cavalo ou num coque elegante, as mechas castanhas e lisas me obedecem e passam a ideia de seriedade. Não sou adepta á maquiagem, apenas delineador sob meus olhos castanhos e um batom claro nos lábios. Prefiro a aparência discreta porque acho apropriada para meu trabalho e para atender a condição da clínica, uso o jaleco branco sem mangas com o logotipo da empresa Buuil na altura do busto. Opto por roupas confortáveis e sempre finalizo com um salto que combina a cor com a bolsa. Acho que tenho bom gosto, mas reconheço que gosto de criar meu próprio guarda roupa sem influencias da moda.

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