6 - Aquela noite em Godric's Hollow (Parte 1)

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Havia se passado uma semana desde o dia em que Olívia foi adotada, o laço entre ela e seus pais adotivos fora criado mais rápido do que ela esperava; estava sendo incrível, pela primeira vez tinha um lar e uma família. Os dois. Ficava mais tempo com Jessie do que com George, pois ela havia tirado um breve período de férias. A mulher havia lhe dado alguns livros de presente, contos na maioria, já que ela não era muito fã de leitura. Havia também lhe ensinado a fazer bolo, embora Olívia não tivesse muito talento na cozinha, além de pipoca e panquecas.

"O necessário para sobrevivência!"

Já George era responsável pela maior parte da risadas que ecoavam pela casa. Ele era naturalmente sarcástico e divertido, embora fizesse algumas brincadeirinhas de "mal gosto" que tiravam Jessica do sério. De qualquer modo, ela não conseguia ficar muito tempo irritada com ele. Tudo corria muito bem, bem demais para falar a verdade. Olívia ainda não havia tocado no assunto "escola", pois não estava nem um pouco ansiosa para ter de voltar à rotina de aula e crianças irritantes (na maior parte das vezes), felizmente o casal não havia tocado nesse assunto também. Mas o motivo Olívia só foi descobrir em uma noite tranquila, como qualquer outra, em que ela não conseguia dormir. Estava muito inquieta e resolveu descer para tomar algo que a fizesse ter sono ou fazer um lanchinho no meio da noite, como quando ela e George assaltavam a geladeira.

Mas não ocorreu como planejado.

Enquanto descia as escadas, ouviu as vozes de Jessie e George conversando com outras duas pessoas desconhecidas, um homem e uma mulher.

-Receberam minha coruja? Como está a menina? -Perguntou uma voz feminina, que aparentava ser de uma mulher mais velha.

"Estão falando sobre mim?"

Ela discretamente se agachou e desceu mais alguns degraus da escada para ouvir melhor

-Está lá em cima dormindo, Profª Minerva. -Respondeu Jessica. Olívia arregalou os olhos.

Minerva? A mesma Minerva que lhe enviara aquela carta sobre magia no dia de seu aniversário? Essa Minerva?

-Ela não desconfia da nada ainda?

-Nada. -George respondeu. -Quando podemos contar a verdade para Olívia? Não aguento mais viver no mundo dos trouxas.

-Acho que já é chegada a hora de contar para ela. -Disse o homem que, pelo que podia ver, tinha uma barba branca grande o suficiente para prender no cinto. -Mas sobre viver no mundo dos trouxas, George, ainda teremos de conversar...

"Trouxas? O que eles estão escondendo de mim? Que verdade? Quem são esses dois malucos?"

-Como assim? -George perguntou parecendo desanimado.

-Ah, não, isso é assunto para outro dia. Já está tarde, é melhor irmos, Minerva.

-Sim, Alvo, é melhor.

No exato momento em que Jessie fechou a porta, ela se levantou.

-Me contar o quê? -Perguntou ao descer as escadas e encarar os dois.

Jessie e George encararam-na estupefatos.

-Olívia, deveria estar dormindo. -Jessie repreendeu.

-Me contar o quê? -Insistiu.

-Nada, Liv, está tarde, é melhor...

-Nada de dormir. -Ela interrompeu George. -Que verdade vocês estão me escondendo? Quem eram aquele dois e como me conhecem?

Eles se entreolharam.

-Acho que não podemos mais esconder isso de você. -Disse George e Jessica assentiu.

-Também acho! -Concordou. -Espera, esconder o quê?

-Vamos para o seu quarto, Liv. -Os três subiram e se sentaram na cama dela. Era como tortura, a garota estava prestes a explodir de curiosidade.

-O que vamos te contar é muito, muito importante, Olívia. Você precisa ser forte, está bem? -Jessica começou a falar, deixando-a ainda mais curiosa. -Primeiramente gostaria de te entregar isto. -Então ela tirou do bolso uma carta. A carta.

Era a carta que recebera da coruja no seu aniversário. A mesma carta.

-Vocês me mandaram isso? Que brincadeira...

-Não fomos nós que mandamos a carta. -Explicou George calmamente, abrindo um sorriso para ela.

-Olívia, você nunca percebeu como era diferente das outras meninas do Orfanato? Como podia fazer coisas que ela não podiam?

-Como sabem disso? -Perguntou, franzindo a testa. Ela os conhecia há apenas uma semana, como eles sabiam daquilo?

-Porque sabemos que você não é como as outras, Olívia, você não é apenas uma garota comum. -Jessie sorriu para ela e pôs uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. -Você é como eu, como George, e como aquelas duas pessoas que estavam aqui há pouco. Você é uma bruxa!

Ela arregalou os olhos e encarou os dois, alternando entre um e outro como se fossem loucos, e obviamente eram.

-O quê?

-Você é uma bruxa. -Repetiu George com a voz firme, como se aquilo soasse normal de alguma forma. "Você é uma bruxa?" Veio à sua cabeça a possibilidade de aquilo ser um sonho e então se beliscou. -Isso não é sonho, Olívia.

-A caixa que eu te dei com aqueles itens de decoração estava selada com um feitiço, quando não temos controle fazemos muitos deles sem querer, era o que acontecia no Orfanato, e o que fez você abrir a caixa.

-Você está dizendo que eu sou uma bruxa? -Disse, incrédula. - Do tipo que faz magia com uma varinha, voa numa vassoura e cozinha crianças? -Peguntou irônica, tentando, sem sucesso, abafar o riso. -Qual é, vocês estão bem?

-Não acredita em nós? Beleza. -Disse George num tom desafiador.

Ele puxou algo do casaco, algo que obviamente não era um graveto. Não. Aquilo era uma varinha de verdade, George apontou-a para um porta-lápis em cima de sua escrivaninha.

-Wingardium Leviosa. -No momento em que essas palavras estranhas saíram de sua boca, o vaso começou a levitar.

"O VASO ESTÁ LEVITANDO!!"

-CARAMBA! -Olívia pulou de susto. Ela passou a mão por todo o ar ao redor do vaso para se certificar de que não havia nada puxando-o, e não havia. Estava simplesmente flutuando.

-Acredita agora? -Perguntou George com um sorrisinho

-Acredito. -Disse, após uma quase eternidade em silêncio. -Bruxos realmente existem.

-Sim, e essa nem é a história toda.

-Então qual é a história toda? Me contem, eu preciso saber.

-Tudo bem. -Jessica suspirou como quem se prepara para contar algo grande.

OLÍVIA POTTER [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora