Capítulo 4

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Valentina Lennox

— Ah Casey já disse que as mesas impares são as minhas, porque você tinha que pegar elas hoje! — Casey com sua cabeleira crespa e seus olhos cor de café me encarou com uma expressão fechada.

— Você sempre fica com as melhores gorjetas e isso é muito injusto.

— E você acha que é por causa das mesas que eu atendo?

— Claro que é. — Ela pousou a caneta em seus lábios carnudos e então apontou para as mesas. — Vê, ali sempre sentam os advogados, arquitetos e mestre de obras da cidade. São partidões garota, deixa de ser gulosa e deixa eles para mim hoje.

— Casey eles não são partidões, se fossem não estariam nessa....

— Nessa? Qual o problema com a minha lanchonete Valentina? — Geórgia Watson perguntou ao sair da cozinha e puxar a porta para tranca-la.

— Nada Georgie. — Falei carinhosa. — Só disse à Casey que ela não conseguirá um marido atendendo esses fracassados.

— Foi assim que conheci meu marido garota, ele era dono desse lugar e veio me atender uma vez por falta de garçonetes, foi amor à primeira vista. — Ela foi até a parede de madeira e ajeitou o quadro com a foto de seu falecido marido David Watson. No quadro ao lado o nosso 44º presidente estampava seu belo sorriso, Geórgia era muito patriota e amava Barack Obama como qualquer americano sensato.

— Viu garota, me deixe ficar com as mesas impares...vá que eu dê sorte, hein. — Casey passou brilho labial destacando ainda mais seus lábios carnudos cor de chocolate.

— Vá, vou ficar com os aposentados nas mesas pares. — Ela beijou minha bochecha.

— Essa é a minha garota, logo estarei casada. — A encarei rindo enquanto ela pegava a garrafa de café e saia rebolando até as mesas impares.

— Não entendo porque ela quer casar. — Disse para Geórgia.

— Melhor do que ficar sozinha. — Disse ela.

— Eu já opto pelo, antes só do que mal acompanhada.

— Você precisa é se apaixonar e então vai ver que a vida não é tão solitária assim.

— Não vou me apaixonar. — Disse dando um troco para um cliente, enquanto Geórgia enchia o açucareiro. — Gosto de ficar sozinha.

— Você daqui a pouco estará igual a louca dos gatos daquele desenho amarelo que meus netos tanto adoram.

— Os Simpsons, Geórgia. — Lembrei-a. — E não tenho gatos.

— Ainda... — Ela entrou na cozinha e dois senhores entraram na lanchonete e sentaram-se na mesa número 8, peguei meu bloquinho no bolso do uniforme e caneta e segui até eles.

— Bem-vindos ao The dinner's fun, o que desejam? — Os dois idosos me encararam com um sorriso estampado no rosto.

— Queremos ovos mexidos e bacon. — Disse um deles.

— Para mim uma porção grande de panquecas com calda de maçã. — O outro disse animado.

— E dois cafés. — Disse o outro. Anotei tudo com eficiência.

— Algo mais?

— Sim, duas coisas por favor.

— Pode falar. — Segurei a caneta e os encarei.

— Não conte para nossas esposas e nos traga torta de Bluberry também. — Sorri para os dois.

— É muito feio mentir sabiam? — Disse com um sorriso.

Surpresas do destino - Série Lennox - Livro 9 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora