Vingança

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Sabrina:

- Então é assim que funciona? - Sim, é.

- Se eu imaginar um lugar, ali estarei? - Simples!

- Se penso em uma pessoa e ela estiver acordada, fico de seu lado e apenas observo, mas se ela estiver dormindo, entro em seus sonhos? - Fácil!

- Se quero coisas nos sonhos, seja lá qual for, basta imaginar e ali estará? - Ótimo!

Pensava nestas novas descobertas sentada na mesa


da enfermaria enquanto contemplava meu próprio corpo, assim como o pinga-pinga ininterrupto do soro aplicado em meu braço inerte.

Rafael sempre que podia passava algum tempo na


cabeceira da maca. Eu gostava dele, me fazia bem. Ficava


do meu lado dizendo mil coisas em um interminável

monólogo.

Já era noite e, ouvindo passos, pensei ser Rafael.

Não era.

A porta se abriu e o diretor da clínica, após entrar afoito, fechou-a rapidamente.

Gelei, pois tinha péssimas lembranças de sua última


visita.

Em frações de segundos tirou o lençol que me cobria, deixando à mostra meu corpo seminu. Eu estava de uniforme, calcinha e sutiã.

Parou ao meu lado, observando.

- Vamos ver se hoje você me dá um pouco de prazer, sua maluca - falou com a voz embargada.

Sentindo o que vinha à frente, não querendo ver, pensei em meu quarto. Uma vez lá, ali permaneci olhando para fora da janela os jardins mal cuidados que contornavam a clínica, iluminados pela pálida luz da lua.

Apesar de estar fora de meu corpo, não tinha como fugir às suas sensações. Sentia os movimentos da mão do diretor a me bolinar.

Uma raiva rara me invadiu a alma no momento exato em que senti seu dedo úmido dentro de mim. Esse sentimento aumentou violentamente, atingindo o seu ápice quando todas as imagens de meu passado sendo molestada
vieram à tona.

Movida por esta força inédita, voltei à enfermaria, encontrando-o conforme o imaginado e, levada pelos


instintos, me joguei sobre ele no desejo de matá-lo.

Obviamente não surtiu o efeito desejado, atravessei-o sem atingir meu intento.

Notei que, talvez, pelas energias pesadas de fúria que haviam me dominado, ele pode me ver momentaneamente. Soltou um grito e correu até a porta, mas antes de abri-la, parou. Sabedor da gravidade de seus atos, voltou trêmulo e me ajeitou, cobrindo-me novamente.

Quando saiu, eu o segui.

Eu o vi sair apressadamente da clínica, chegar em casa, guardar seu carro na garagem, beijar sua esposa, que questionou se ele estava bem. Talvez notando algo errado.

Como já era tarde da noite, tomou um banho demorado, deitando-se em seguida. Ingeriu um comprimido para dormir.

Sussurrei em seu ouvido: - Um é pouco. Estou muito tenso. Com três por certo dormirei bem.

A sugestão foi aceita; levou seu braço ao criado mudo, pegou novamente o frasco e completou a dose sugerida.

- Ótimo! - pensei comigo, aguardando o momento

Qual O Seu Medo ? #Marcelo PrizmicOnde histórias criam vida. Descubra agora