Sabrina
– Só sei que você está sempre envolvida quando algo acontece – falava o diretor da clínica.— Não fui a única a ver o que aconteceu. Se tem dúvidas, interrogue seus funcionários que são normais. E se não tem mais nada para perguntar, quero voltar ao meu quarto – falei alterada.
— Por que tirou o extintor de incêndio do lugar se não havia fogo?
– Pelo mesmo motivo pela qual a outra paciente arrancou as cortinas da biblioteca. Mais alguma pergunta?
O diretor pensou por alguns momentos. Suspirando, finalizou:
— Estou tendo problemas até mesmo com a polícia e preciso de respostas, entende? Mas conversarei com os outros envolvidos, sim. Depois voltarei a falar com você, espertinha. Agora saia!
Não precisou repetir a ordem. Saí da sala pisando pesado em direção ao meu dormitório.
Entrando em meu quarto, bati a porta com força e sentei-me ao lado de Martha.
Contei tudo a ela, com detalhes.
— Parece que aqui, ou se morre ou enlouquece de vez, não é mesmo? – desabafei.
Martha se mostrava assustada como eu.
Expôs algo que até então eu não percebera:
— Você notou que tudo que está acontecendo é só com a gente? Sofia morreu, acredito que de parada cardíaca. Vanessa perdeu a razão, sendo transferida de ala. Só tem mais nós duas... –finalizou com a voz embargada.
Parei, receosa.
Realmente. Qual das duas seria a próxima? – pensei comigo.
Lembrando dos demais incidentes questionei:
— Mas será que é só com a gente? Ou acontece em outros setores e nós é que não ficamos sabendo? – perguntei tentando ir mais a fundo. Contei-lhe também detalhadamente sobre o que Rafael me disse sobre as aparições de outras alas.
Certas de que não poderíamos ficar paradas e esperar pelo pior, decidimos investigar. Disse-lhe que iria a procura de Rafael que, com certeza, nos ajudaria.
Um pouco antes de terminar o expediente, encontrei-o no jardim. Ocupava-se em aparar alguns arbustos, arredondando-os.
— Preciso de sua ajuda! – disse sentando em um banco e abrindo um livro, na esperança de disfarçar.
Rafael largou sobre um balaustre a tesoura de jardineiro que usava, sacudiu o vegetal para tirar as folhas soltas e, sem virar-se para mim, respondeu:
— Fui proibido de conversar com você. Já nos viram juntos várias vezes. Não querem mais que eu fique de papo com pacientes...
— Por quê? – interrompi.
— O diretor disse que é para a situação não fugir do controle, emendou. Que o que se passa é problema exclusivo dos médicos e da diretoria.
— É? Que “controle” é esse? – frisei ,carregando a voz– Será que ele esconde alguma coisa? Ele “controla” o que?
Rafael ficou pensativo, afinal entendera a insinuação. Será que o próprio diretor estava envolvido de alguma forma?
— Outra coisa! Quero você no meu quarto hoje à meia- noite. Nem ouse não aparecer.
Levantei-me bruscamente, virei de costas para ele eSaí.
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Qual O Seu Medo ? #Marcelo Prizmic
RandomAcompanhe a história de uma menina moça, viciada em drogas, que o destino a leva a ser internada em uma clínica de recuperação. Uma antiga paciente produz o fenômeno da Viagem Astral de forma natural. Ela equivoca-se na ajuda prestada as demais paci...