Fora do corpo

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Thomas
  Sabrina não se sentia bem, precisava de algo para esquecer todo o sofrimento que presenciara.

  Sua opção de fuga fora ruim:

  Saindo da cama com dificuldade, apoiou-se sobre os poucos móveis que compunham o ambiente, conseguindo atingir o banheiro.

  Olhou para os chuveiros, lembrando-se das cenas que
levaram Vanessa à loucura.

  Duas lágrimas rolaram por sua face.

  Subiu no vaso sanitário para alcançar o parapeito da pequena janela que ali existia e, removendo um azulejo solto, tirou de um buraco escondido um pequeno saco plástico.

  Martha utilizava aquele espaço para esconder as drogas que adquiria.

  Abriu-o encontrando uma pedra de crack, uma pequena garrafa de vodca e um frasco com a inscrição: Tiopental. Sabia tratar-se de um barbitúrico forte.

  Tentei evitar a decisão de Sabrina, mas o calor suave
que sentiu em sua cabeça, e a voz em sua mente dizendo: “Não faça isto. Morrerá!”, não foram suficientes para que mudasse de idéia.

  – Se eu morrer? E daí? Paciência – comentou, ouvindo sua própria voz cansada.

  Tendo consciência que a queima do crack poderia chamar a atenção de alguma enfermeira, abriu o pequeno frasco e o esvaziou. Tomou de uma única vez todas as cápsulas, empurradas por goles da bebida encontrada.

  Escondeu novamente o que sobrou e voltou para a cama.

Adrian

  – Você e o médico me disseram que ela não se drogava mais. Como isso foi acontecer? E aqui dentro? Debaixo de suas fuças? – falei enfurecido.

  – Não temos a menor ideia de como a droga chegou às suas mãos. Todos os quartos são revistados diariamente. Você sabe disto, conhece nossos procedimentos – defendia-
se o diretor da instituição.

  – E as outras amigas de quarto que também não resistiram aos seus tratamentos? Uma está morta e outras duas enlouqueceram – dei uma pausa, levantando-me da cadeira.

  Aproximei-me a quase um palmo de seu rosto, proferindo uma ameaça:

  – Se ela morrer, tenha certeza que além de processá-lo e acabar com você, vou matá-lo. Nem que para isto tenha que ir buscá-lo no inferno.

  Agarrando Steffani pelo braço, dirigi-me em seguida à porta de saída, indo ao encontro de Sabrina.

  Encontramo-la na enfermaria em coma. Parecia dormir tranquilamente.

  Perguntei ao médico ali presente o porquê do coma e
ele, prestativo, respondeu após alguns segundos:

  – Pelos exames feitos, foi encontrado em seu sangue tiopentato de sódio e álcool. Sabrina ingeriu uma grande quantidade deste sal que misturado com álcool, torna-se
uma mistura explosiva.

  – E isto é suficiente para derrubá-la? Colocá-la no estado de coma?

  −Sim. Um potencializa o outro. A mistura é suficiente para deprimir o sistema nervoso central e deixar sua filha na
forma que a vê. Sinto muito. – finalizou.

Sabrina

  Desta vez encontrava-me dentro do cenário que tanto me abalara. Nada mudara além da falta de personagens.

  Eu estava só.

  Ouvia apenas o som de equipamentos hospitalares ligados, mas como não os via, pensei estarem em alguma sala ao lado.

Qual O Seu Medo ? #Marcelo PrizmicOnde histórias criam vida. Descubra agora