capítulo um

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Mayonna Living Balling.

Este é o nome com que foi abençoada, como podem imaginar uma pessoa com um nome assim não pode ter uma vida muito feliz...e para que percebam ao ponto extremo de decadência a que a minha vida chegou vou contar tudo desde o início.

A minha mãe cresceu numa família muito católica, muito rica e conhecida,  cheia de regras mas com carência de amor.

E como qualquer adolescente com carência de amor no seio familiar foi a procura de conforto noutros braços. O pai do meu irmão. Um tipo mais velho que viu na fragilidade de uma menina revoltada uma oportunidade de se aliviar das frustrações hormonais de um tipo com 17 anos.

Usar e descartar.

Esse foi o lema dele. E a minha cara mãe quando se viu grávida aos 15, de um rapaz que dizia nem saber o seu nome, pediu a sua calorosa família por apoio e perdão e recebeu malas feitas à porta.

Partiu com lágrimas nos olhos, malas nas mãos e um bebê na barriga.

Mas isso não parou Anna Louise de seguir em frente. Arranjou emprego, uma casa com qualidade suficiente para criar um bebê e um namorado.

Vários na realidade.(Acho que já tinha dito que ela era carente.) Dos que meu irmão me lembra foram 8 num espaço de 9 anos. E depois cheguei eu.

Mais uma filha de pai desconhecido que estava demasiado ocupado a viver a vida para ficar preso a uma criança.

O meu nome? Essa é a melhor parte! A minha mãe decidiu que só iria saber o sexo do seu segundo filho depois deste nascer e que ela e seu primeiro filho, Raki um menino de 9anos, escolheriam o nome.

A minha mãe diz que era um dia horrível de inverno quando nasci, (engraçado que tem vezes em que ela troca a data do meu aniversário mas nunca se esquece que era um dia horrível, talvez um presságio daquilo que estaria por vir), ela tinha saído para fazer compras porque Raki só queria comer comida com maionese e de tanto comer que se tinha acabado.

E lá, bem no meio de toda a confusão que é o shopping, arrebentaram as águas e ela foi levada às pressas para o hospital.

Uma menina linda ( não é para me gabar mas eu era mesmo uma preciosidade de bebê). Minha mãe quis que tivesse seu nome, Anna, já meu irmão quando questionado sobre que nome ele gostava que eu tivesse respondeu:

- Eu só queria comer Maionese.

E assim ficou Mayonna, a mistura original de maionese com Anna. Espero eu que deus tenha castigado duramente quem me registou com este nome.

Porque ninguém pensou que chamar uma criança de maionese não seria a melhor ideia do mundo?

Tive que sobreviver às pessoas a perguntar umas três vezes o meu nome para se certificar se não tinham ouvido errado, lidar com os sorrisos falsos e com os " que nome tão peculiar" que significavam " Que raio de nome é esse?". E na escola? Só não gozavam comigo porque quem se atrevesse a tentar levava um pontapé tão forte que nunca mais sequer olhavam na minha direção.

Ao de entender, mais lá para a frente, que eu não gosto de mi-mi-mis . Ofende-me? Vai levar o troco. Sempre me soube defender sem levar a violência ao extremo nem me tornando uma pessoa amarga e arrogante.

Já ao contrário, meu irmão tem um dom de tornar todo num obstáculo e de fazer com que os outros sejam sempre culpados pelas coisas que ele não conseguiu fazer.

"Tirei má nota no teste mas foi porque o professor é racista."; " Me chamaram de preto, não vou a escola" ; " Ninguém me dá trabalho porque sou pobre" ; " Está a chover porque Deus me odeia".

Se a algo pior que racismo é quando uma pessoa cria o racismo para si próprio. Tirou má nota? É porque não estudou, o professor explicou igual para todos. Te chamaram de preto? Mas tu és preto! É a tua cor de pele, não podes levar isso como uma ofensa. Quanto ao emprego? Nem eu daria um emprego a ele, mas isso é porque ele é desleixado, chega atrasado e é rude a maioria do tempo.

O racismo não pode nada quando a pessoa acredita em si é nas suas capacidades, foi assim que me formei em enfermagem. Uma paixão que seria o meu emprego dos sonhos e acabou por se tornar o pesadelo de nunca ter folgas, dos turnos intermináveis e das noites mal dormidas numa cama improvisada.

Mas melhores dias virão.

Espero eu...



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