1999

PARTE 18: "The Final Countdown"

I guess there is no one to blame. We're leaving ground... Will things ever be the same again? It's the final countdown!

"Calma aí, segura a tua onda!", dizia Carlos, se esgueirando pelos seguranças no backstage e chegando até o palco.

"Boa noite, pessoal! Pegou sua foice e ... Eu não acredito! Como isso pôde ter acontecido? Carlos, seu infeliz! Você vai me pagar!!! Prepare-se para virar jantar da Preciosa!"

"Carlos, meu amigo! O que cê tá fazendo aqui?", disse Adrian.

"Bom... Eu tenho uma confissão pra fazer. Eu meio que sou um desses Ceifadores Sinistros e estou aqui numa missão para te levar de volta... Mas você é um cara legal. E esse mundo aqui também."

Todos do palco soltaram um "Awwww..." – menos Helga, que encarava a situação com certo nojinho.

"E Helga, consta aqui no Manual Para o Recém Falecido que você é, de fato, obrigada a cumprir com suas promessas quando elas envolvem partidas sagradas de UNO e a alma de outras pessoas. Tá tudo aqui na regra 1.100, bem explicadinho," concluiu, mostrando um sorriso maroto.

"Seu inútil, eu disse para você ficar fora disso! Prepare-se, porque tanto você quanto a sua namoradinha sofrerão as consequências!"

"Pode abaixar o festival de fogos azuis," Carlos continuou com a maior tranquilidade do universo. "Você não me engana com essa duas vezes. Na página 894 diz claramente que, se você abusar do poder que lhe foi concedido e ceifar uma alma humana antes de seu tempo de vida acabar eu, como ceifador sinistro, ganho o direito de abrir um processo de Impeachment sob a violação da 'Lei de Pedaladas Mortais'!"

"Parece que o jogo virou, não é mesmo?", disse Lucinda em tom de deboche.

"Bom, eu só acho que não haveria motivos para abrir um inquérito na Suprema Corte Divina se eu e meu amigo Adrian voltassemos a ser humanos novamente", disse Carlos. O que acha, Lucinda?"

"Concordo plenamente", ela respondeu.

"Prefiro voltar para casa e colocar em dia os episódios novos de How To Get Away With Murder no NetFlix", Helga resmungou.

"Net o quê?", Adrian perguntou.

"Net... Opa! Esquece", disse com um sorrisinho sem graça. "Não está no tempo ainda. Já fiz merda demais por uma noite. Mas foi bom te reencontrar, Lucinda. Você jogou bem esta noite, preciso admitir."

"Obrigado, Helga. Você também foi ótima, apesar de ter perdido o controle com tantas chamas azúis!"

"Ser a Morte não é uma tarefamuito fácil, colega. Requer uma paciência que muitas vezes eu não tenho", ela disse. "Acho que depois dessa, vou pedir uns sessenta dias de afastamento para relaxar e aproveitar as regalias das quais tenho direito."

"Quem sabe o meu espírito não lhe substitui num futuro desses?"

"Calma lá, filha... Também não é assim."

E assim, mesmo contrariada e com uma dose considerável de ódio circulando por seu corpo, Helga moveu suas mãos e novamente um clarão branco e forte tomou conta do lugar. Lucinda estendeu suas mãos e, junto com Helga, desapareceu no ar.

Quando enfim todo mundo pôde enxergar, o silêncio reinou por alguns minutos até que todos fossem capaz de processar o que acabara de acontecer. Laís e Adrian, agora vivo novamente, foram protagonistas do último beijo longo e caliente do século vinte!

Faltavam cerca de quinze minutos para a virada pros anos dois mil e a lua minguante foi o sinal perfeito para avisar que – voilá – o pior já passou. Em outras palavras: o Bug do Milênio havia sido derrotado, o mundo não iria mais acabar! Chupa, alienígenas!