Capítulo 3 - re-revisado

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SHAWN HERDOU DO tio-avô o título de sócio remido do Swam's Country Club quando ainda éramos noivos. Naquela época, ele nem podia adquirir um simples título de sócio regular com o seu pequeno salário, quando ainda cursava a faculdade. Como o estatuto do clube impedia que aqueles títulos hereditários fossem vendidos, o jeito foi tirar proveito dele. Frequentávamos o clube para jogar golfe, tênis e tomar banho de piscina no verão. Até mesmo comer em seu fino restaurante era um gasto dispendioso para Shawn e isto só acontecia quando era meu sogro, também sócio do clube, que nos convidava. O clube era frequentado pela elite aristocrática e quase sempre milionária do vale. Depois que nos casamos, como esposa de um sócio remido, eu passei a ter o direito a frequentá-lo como sócia e de levar, também, os meus convidados. No nosso grupo de amigas, só Kristen Keenan não era sócia do clube. Ela era a mais "pobre" de todas, por assim dizer. Ela viera do Colorado há pouco mais de dois anos, quando John, seu esposo, veio lecionar literatura no Pomona College. Nós duas frequentávamos a mesma academia e foi assim que nos conhecemos. Pam Hall e Sue Daniels tinham sido minhas colegas do tempo de escola e voltaram, como eu, a morar em La Cañada depois que se casaram. Nós não éramos tão próximas na época da escola e só depois que comecei a frequentar o clube, é que nos tornamos grandes amigas.

Leva apenas dez minutos de carro até o clube. Talvez o dobro do tempo, se eu sair de casa um pouco mais cedo, quando as vias ainda estão congestionadas de automóveis com gente a caminho do trabalho. Eu sempre dirijo sem pressa e aproveito para ligar na rádio local para ouvir o noticiário durante o percurso. Naquela hora da manhã, o noticiário local está apenas começando e ouvi-lo por dez minutos são o suficiente para me deixar antenada sobre o que está rolando no vale. Como pouca coisa acontece por aqui, além de festas de debutantes, algum acidente de automóvel sem nenhuma gravidade ou o excitante resgate, pelos bombeiros, de um gato que subiu numa árvore e não soube como descer, o noticiário todo caberia em apenas cinco minutos. Mas o poder de esticar os assuntos, transformando-os em longas matérias, era uma especialidade da rádio local, aliás, de propriedade de Eric, meu cunhado, irmão mais velho de Shawn.

Entrei no estacionamento do clube pelo portão sul e estacionei o carro na vaga em frente a um grande carvalho. Aquela era a minha vaga preferida. Como o clube era pouco frequentado durante a semana àquela hora da manhã, a vaga estava sempre à minha espera às terças e quintas. Durante a semana, a movimentação maior do clube acontecia na hora do almoço e do jantar. O restaurante do clube era renomado e ostentava infinitas premiações culinárias, motivo de orgulho de seus associados. É claro que o restaurante era aberto a não associados, desde que eles estivessem dispostos a pagar caro pelos pratos que, aos associados, eram oferecidos pela metade do preço.

Pam e Kris moravam próximas, por isso a duas costumavam vir juntas no mesmo carro. Pam era quem sempre dirigia e pude ver por sua Mercedes branca já estacionada a duas vagas adiante, que elas tinham chegado. Saí do carro. Em seguida, tirei do porta-malas os meus tacos de golfe e os carreguei no ombro até o local onde costumávamos nos encontrar, na varanda que dava acesso ao campo de golfe. Quando Kris me viu chegar, ela me deu a notícia sem se mover da cadeira:

— Sue acabou de ligar. Ela está com cólicas e nos pediu para trocar o golfe por algumas partidas de bridge. Ela não está se sentindo legal para caminhar pelo campo esta manhã.

— Putz, se eu tivesse sabido disto um pouquinho antes, eu não estaria carregando este peso. – fiz uma careta indicando a sacola de tacos de golfe.

— Ela bem que tentou avisar você, querida, mas só caía na caixa de mensagens. – disse Pam.

— Ah! A culpada fui eu mesma. Eu sempre deixo o aparelho no silencioso quando vamos dormir e devo ter esquecido de religar a campainha agora de manhã. Shawn fica uma fera quando o telefone toca no quarto no meio da noite. – eu disse tirando a sacola de tacos do meu ombro e encostando-a numa cadeira.

— Nossa, e se acontece alguma coisa e vocês precisam ser avisados com urgência? – perguntou Pam num tom dramático.

— Shawn sempre diz que nenhum de nós dois é bombeiro ou cirurgião ou está na fila para um transplante; então, qualquer má notícia pode esperar até a manhã seguinte, de preferência, depois do café. – eu disse deixando meu corpo cair sobre a cadeira.

— Eu me sentiria culpada... – disse Kris.

— Nossa, eu nem posso imaginar não ser avisada imediatamente se algo acontecer com um de meus parentes mais próximos. A gente sempre sabe da vida de todo mundo da família. – disse Pam com um pingo de indignação.

— Bem, como a mamãe e o papai foram morar no Havaí e Thomas em Nova Iorque, não há muito que eu possa fazer por eles no meio da noite, a não ser rezar. – eu tentei me justificar.

— E Shawn não se importa com os parentes dele? – perguntou uma das meninas.

— A família do meu marido é um pouco esquisita, como vocês sabem. Quase todos pensam da mesma forma. Então, por que é que eu é que vou me incomodar, não é mesmo?

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Adorável LenhadorOnde histórias criam vida. Descubra agora