Adorável Lenhador

Capítulo 10 - re-revisado

  QUANDO EU ENTREI NA entrada de nossa garagem, vi o carro de Shawn lá estacionado. Droga, ele chegou antes de mim! Me preparei para responder à sua avalanche de perguntas e inventar algumas boas desculpas. E eu, que sou péssima em mentir, ia tentar o melhor de mim. Entrei em casa pela porta da garagem que dava para a cozinha e, para minha surpresa, Shawn estava sentado ao balcão comendo uma pizza.

— Ué, não jantou no trabalho? – perguntei.

Shawn estava distraído em pensamentos que pareciam agradáveis e comia com satisfação. Senti uma ponta de ciúmes.

— Precisei ir ao laboratório em Palo Alto esta tarde e se eu ficasse para jantar lá, ia perder a carona de volta no helicóptero. Não vai me dar um beijo?

Então a desculpa era esta: uma viagem de 570Km. Eram frequentes as suas idas a Palo Alto de helicóptero. Era lá que ficava o laboratório de pesquisa da empresa, no Vale do Silício. Mas ele sempre me falava quando isto ia acontecer no café da manhã, para eu não esperá-lo para o jantar. Ou quando acontecia de ele ir inesperadamente, ele avisava por mensagem de texto. Tinha alguma coisa esquisita aí.

— Hã?... querido, tomei alguns Martines... E devo estar com o hálito péssimo. – respondi sem jeito. Fiquei paranoica de ele sentir o gosto do gozo de outro homem em minha boca, que agora era uma boca infiel.

— Quer um pedaço de pizza? Está deliciosa.

— Você pediu de quê?

— O de sempre...

O de sempre era metade de peperone para ele e metade de cogumelos para mim. Mesmo eu não estando em casa quando ele chegou, ele se lembrou de mim. Provavelmente estava se sentindo culpado por estar me traindo. Lembrei então que eu não tinha posto nenhum alimento em minha boca a noite toda, e embora as qualidades nutritivas do esperma fossem reconhecidas pela ciência, eu não engoli e nem aquilo era a mesma coisa que um Danoninho.

— Eu vou querer sim, mas antes vou vestir algo mais confortável. – e lavar bem a minha boca!

Subi para o nosso quarto para me trocar. Fiquei intrigada pelo fato de ele não ter feito perguntas sobre onde eu estava até àquela hora e por que não atendi às ligações dele. Achei aquele comportamento dele muito estranho, logo ele que era muito controlador. Talvez fosse a sua forma de evitar que eu lhe fizesse perguntas que ele não soubesse como responder. Então, fica combinado assim, nem ele pergunta sobre mim e nem eu sobre ele, e a vida segue o seu caminho. 

Nota: Leia a origem desta história em Refém do Prazer, para degustação aqui na Wattpad e o texto integral na Amazon.