Capítulo 8 - re-revisado

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PEGUEI A ESTRADA DE volta para casa, que desta vez pareceu mais longa que de costume. Eu mal entrei no carro e me desmanchei em lágrimas, borrei toda a maquiagem. Eu podia jurar ter ouvido Shawn dizer que ele ia ficar no escritório até mais tarde e iria jantar por lá. Não, aquilo não podia estar acontecendo, devia haver alguma explicação para tudo aquilo. Shawn me amava, ele jamais me trairia.

Eu não estava com nenhum pingo vontade de voltar para casa. Eu precisava beber alguma coisa e colocar os meus pensamentos em ordem. Uma bebida forte ia me ajudar a refletir melhor sobre tudo que estava acontecendo. Saí da estrada na terceira interseção e entrei em Pasadena. Havia um Marriot não muito longe da entrada da cidade e resolvi que era para lá que eu ia. O hotel tinha um piano bar onde preparavam ótimos drinks. Dei a volta numa pequena praça e parei diante do hotel. O porteiro veio e abriu a porta para que eu saísse e deixei o motor ligado para que o valete estacionasse o carro. Quando entrei no lobby, minha primeira providência foi ir direto ao toilette feminino para retocar a maquiagem. Passei por um grupo de turistas japoneses com a cara borrada de choro. Uma mulher tão jovem quanto eu olhou para o meu rosto e, percebendo que eu tinha chorado, esboçou um sorriso de solidariedade. Será que ela sabia que o Shawn estava me traindo?

Entrei no toillete próximo aos elevadores, e ao dar de cara com o espelho da pia, tomei um susto. Nossa, eu estava mesmo um monstro! O rímel tinha borrado e escorrido até o queixo e o batom estava manchado. Limpei meu rosto com lenço humedecido e refiz a maquiagem e o penteado. Feito isto, eu estava pronta para ir encher a cara no bar!

Como todo bar de hotel, aquele estava à meia luz, bem deprê mesmo. Uma música de elevador tocava suavemente vinda das caixas de som no teto. O bar ainda estava vazio, só um homem e uma mulher conversavam numa mesa localizada num canto do salão. A julgar pela maneira como os dois se tratavam, deduzi que eram colegas em viagem de trabalho. Será que estes dois estão apenas mantendo as aparências, e depois eles vão subir para o quarto dela? Eu li em alguma revista que é muito saudável para o ambiente do trabalho colegas fazerem sexo, e que isto aumenta a produtividade. Será que é isto que eles vão fazer logo mais, aumentar a produtividade da empresa? Nossa, será que era isso que o Shawn estava fazendo a tarde inteira, aumentando a produtividade com alguma colega de sua equipe? Devo ficar aborrecida com sua dedicação ao trabalho?

Como eu estava desacompanhada, preferi sentar no balcão. Notei que só havia um homem lá sentado. Escolhi sentar dois bancos depois dele, para eu não ser incomodada.

— Boa noite, senhora. O que vai querer? – perguntou o barman. Um rapaz com o cabelo azul e um discreto piercing no nariz.

— Boa pergunta. Não me decidi ainda. Mas quero algo que não seja muito forte... Espere, já sei. Me prepare um Martine.

Ao dizer isto, ouvi uma voz ao lado.

— Por que será que na dúvida, todos pedem um Martini? – o homem sentado ao meu lado disse lá de seu banco.

Para não parecer hostil, respondi com a primeira ideia que me veio à cabeça.

— O Martini é um clássico, nunca sai de moda. – disse, mas sem olhar para o lado, evitando contato visual. Mas eu já sabia que ele não iria parar por ali, aquilo só estava começando.

— Uma resposta de classe. Mas, em minha opinião, o Martini é o refúgio seguro de quem não sabe o que pedir. – ele disse e, pelo canto do olho, percebi que ele também não olhava para mim.

Anthony Green era um corretor de seguro patrimonial, nada mais desinteressante. Entretanto, a sua conversa era agradável e ele não era o tipo de se jogar fora. Muito educado, galanteador na medida certa, me fez rir varias vezes. No inicio, eu tentei manter distância, mas ele me conquistou – não sou fácil assim, eu estava vulnerável por causa dessa história de Shawn ter passado a tarde fora do escritório aumentando a produtividade da empresa com uma colega. Do balcão, Eu e Anthony pulamos para uma mesa num canto, para continuarmos o nosso papo mais reservadamente, e meia hora depois, – lembrem-se que eu estava vulnerável! – me vi ajoelhada em seu quarto do hotel com a sua rola inteira dentro de minha boca. Eu não sei onde eu estava com a cabeça... Bem, a cabeça de baixo dele, eu não tinha dúvida onde estava. Eu nunca tinha chupado o pau de um completo estranho antes e, por isso, eu concluí que eu deveria estar mesmo fora de mim – como eu já disse, vulnerável. Depois de terceiro Martini oferecido por Anthony e embalada por minhas suspeitas de eu estar recebendo chifres de meu marido, eu interrompi algo muitíssimo interessante que ele me contava sobre seguros patrimoniais e perguntei assim para ele:

— Desculpe-me por interrompê-lo, você está afim de uma chupada? – perguntei com a cara mais limpa do mundo.

Adorável LenhadorOnde histórias criam vida. Descubra agora