Capítulo 15 - re-revisado

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DEPOIS DE PASSEAR com Mrs. Taub, eu a acompanhei de volta até o salão de jogos, onde ela costumava se encontrar com um pequeno grupo de senhoras do abrigo, para jogar algumas partidas de bridge antes do lanche da manhã. Minha atividade seguinte era ler o Los Angeles Times para Peter e Tom. Eles viviam juntos desde os anos sessenta, e quando o Estado da Califórnia legalizou o casamento gay, eles já tinham quase setenta anos de idade, e foram os primeiros idosos do estado a se casarem legalmente. A cerimonia religiosa foi celebrada por um pastor metodista, igualmente gay, seguida de uma festa que fez história na comunidade gay. Os dois tinham perdido vinte por cento da capacidade da visão, e eu emprestava meus olhos a eles, para pô-los informados das últimas notícias. Eles me aguardavam na varanda ao lado do refeitório, sentados em espreguiçadeiras.

— Bom dia rapazes, Desculpe-me pelo atraso. – eu disse puxando uma cadeira para ficar próxima a eles.

— Sem problemas. – disse Peter. – Nós também acabamos de chegar, e esperar um pouco não faz mal algum.

— Ai, vocês são uns doces. – eu disse.

Dei uma rápida olhada nas manchetes do jornal que me aguardava na mesinha do centro. — As notícias de economia de hoje não são nada animadoras.

— Então vamos direto para o caderno de entretenimento. – disse Tom, ele detestava ouvir notícias ruins.

— Espere um pouco, eu acho que esta nos interessa. Aposto que o governo não aprovou o abono anual. – disse Peter.

— Isto mesmo, o senado o aprovou, mas o presidente o vetou com a desculpa de um provável efeito em cascata que isto provocaria para todo tipo de deficiência...

— Desgraçados! – disse Peter. – Então vamos para as notícias de entretenimentos.

— O que vai ser primeiro hoje, cinema ou teatro? – perguntei.

Nos últimos tempos, convivendo com os idosos do retiro, eu passei a me perguntar se eu e o Shawn terminaríamos os nossos dias também num abrigo para idosos, em algum lugar do Napa Valley ou em um condomínio na ensolarada Florida. Será que os nossos filhos viriam nos visitar nos fins de semana? – Isto é, se algum dia os tivermos. – Nem todos os residentes do abrigo tiveram filhos para olhar por eles, entretanto. E aqueles que formaram uma família completa, tiveram a sorte de ter posto no mundo filhos amorosos que vinham visitá-los regularmente. Alguns filhos vinham até durante a semana e outros telefonavam quase todos os dias. Eu percebi, também, que aqueles que nunca tiveram filhos, pareciam não sentir falta deste tipo de contato. Outros, entretanto, recebiam visitas de parentes de vez em quando.

Ao final do meu dia de trabalho voluntário, e antes de ir para casa, eu costumava tomar o chá da tarde do retiro de idosos, que era servido numa agradável varanda recoberta ao lado do refeitório. Era um chá muito farto e cheio de coisas gostosas, um atentado a qualquer dieta. Seguindo uma orientação de Maureen, eu procurava me sentar numa mesa onde houvesse residentes diferentes daqueles que eu havia estado durante o dia. E evitava ficar em mesas onde já houvesse outro voluntário. Como, naquele final de tarde, parecia que todos os parentes combinaram juntos fazer uma visita, as mesas estavam quase todas completas, então eu fui me sentar sozinha numa mesinha num canto ao lado de uma janela.

— Está insociável hoje, Mrs. Garden? – perguntou Will puxando uma cadeira e sentando-se à minha mesa.

Adorável LenhadorOnde histórias criam vida. Descubra agora