Capítulo 13 - re-revisado

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DEIXEI O CARRO NO estacionamento e caminhei até o prédio principal do retiro. Enquanto andava, vesti o jaleco cor de rosa onde se lia acima do meu nome bordado em azul a palavra "Voluntária". Era uma caminhada de quase cinco minutos. Primeiro a gente passa entre um belo e bem cuidado jardim e depois por um grande gramado até chegar ao prédio principal. Ao entrar no edifício, uma construção antiga e bem conservada onde funcionara uma maternidade, atravessei o pequeno lobby e entrei numa sala ao lado da escada onde de lia numa placa de latão bem polido "entre sem bater". Entrei.

O Retiro dos Cantores e Músicos Idosos Esther Edelweiss possuía atualmente cerca de oitenta residentes. Muitos deles ainda eram capazes de sustentar uma nota longa ou tocar um instrumento musical com maestria, de forma que era comum ouvir-se música tocando ou sendo cantada em algum lugar do retiro. Alguns residentes preferiam praticar em seus próprios apartamentos, outros usavam o salão de música, biblioteca, sala de jogos ou recantos afastados do imenso jardim. Ao final do ano, eles montavam um festival de música, cujo lucro era revertido para a manutenção do próprio retiro. Os idosos cantores e músicos ainda atuantes podiam reviver as glorias no palco para uma plateia composta de parentes, convidados e outros residentes. Era um belo e emocionante espetáculo, ver que apesar da idade avançada, aqueles artistas ainda se apegavam à vida com vigor, através daquilo que sempre foi a razão de suas vidas, a música. Depois do espetáculo, era servida uma deliciosa ceia natalina, incluída no programa. Todos os anos eu comprava convites para mim e Shawn, e vendia alguns para meus pais e outros parentes.

— Bom dia! – eu disse para Maureen Keller que, entre um milhão de outras coisas, coordenava o trabalho dos voluntários. Naquele instante, ela saía de uma porta do outro lado da sala, onde ficava o banheiro.

— Bom dia, Linda! – ela respondeu alegre. – Nossa, a melhor coisa do mundo é desentupir os intestinos depois de dois dias sem ir ao banheiro.

— Certamente! Você parece que está muito feliz com isso. – eu disse acostumada ao seu modo indiscreta de ser.

— E como estou. Quando fico dias sem ir ao banheiro, eu ficou mal humorada....

— E agora volta a sorrir novamente!

— Mais ou menos. – ela faz uma expressão de tristeza.

— O senhor Graham teve outro derrame à noite passada. E as notícias que estão vindo do hospital não são nada animadoras.

— Pobre Jerry... Ele já tem noventa anos?

— Noventa e oito... Esperamos que ele chegue aos cem, para fazermos uma linda festa para ele.

— Ele vai chegar sim. Orarei para que isto aconteça. – eu disse.

— Todos nós estamos orando, querida. – ela disse unindo as mãos como se estivesse fazendo uma prece.

Havia sobre um pequeno balcão encostado à parede um grande livro de capa dura. Era o livro de registro dos voluntários. Abri a página na data de hoje e assinei. Todos os voluntários tinham de fazer isto na chegada e na saída.

— Se você for procurar por Mrs. Taub, eu a vi saindo do salão de refeições e caminhar em direção ao pátio onde ficam as espreguiçadeiras.

Adorável LenhadorOnde histórias criam vida. Descubra agora