Janeiro, 02

66 14 15
                                    

Janeiro, dia 02

Virámos mais um ano, com toda a pompa e circunstância estúpida que é caraterística destas ocasiões. Eu sei que as massas gostam de vir à janela ou à varanda, quando não se juntam em praças ou eventos vários, para ver o céus iluminar-se em mil cores. Mas a minha pergunta é: há necessidade? É necessário que cada bairro lance 10 a 20 minutos de fogo-de-artifício ininterruptamente quando os vizinhos já o fizeram ou estão a fazer? É necessário a barulheira que mata canídeos todos os anos e acorda aqueles que deveriam ou queriam estar a dormir quando chega a primeira hora do 1º de Janeiro?  É necessário a histeria desmedida, as bebedeiras pesadas, a palhaçada? 

A meu ver, não. Não percebo o interesse de celebrar a entrada de um novo ano com tanto alarido. Se é por sobrevivermos a mais um dia, devíamos fazer pequenas celebrações todos os dias em que acordamos para ver o sol nascer novamente e não guardar essa felicidade para a conversão do 31 em 1. Se é para tentar "benzer" o novo ano, podíamos fazê-lo sem tantos quilos de fogo-de-artifício.

Mas enfim. 

Infelizmente, a entrada de um novo ano significa que as férias estão mesmo quase a acabar. Foram tão pequenas que me souberam a pouco. Mas adorei-as mesmo assim. Adorei o Natal em nossa casa, com os nossos amigos e com a nossa família a preencher cada canto e recanto com a sua essência e magia. Adorei poder assinalar mais um um ano convosco. Espero que venham muitos mais.

Mas aquilo que para muitos soube a pouco, para ti pareceu demais, não é mesmo? Para uns foram umas férias muito curtas, para ti foram muito longas. Quando as pessoas querem ficar em casa, tu só queres voltar para a Academia. Ainda não acreditas que o teu sonho se tornou realidade, ainda não acreditas que tudo isto é real. E por isso, queres aproveitar tudo ao máximo antes que te tirem o tapete debaixo dos pés e te digam que não passou tudo de uma partida. Mas acredita em mim quando te digo que é verdade. Acredita em mim quando te digo que isto não é partida nenhuma. É simplesmente a realidade. 

Devias ter descansado mas, por mais que te disséssemos isso, tu limitavas-te a ignorar-nos. Sabes que não podes exigir tanto de ti, ou tens outra recaída. Ou pior. Só estamos a zelar por ti quando te dizemos que devias parar um pouco, que devias descansar. No entanto, se existe alguém teimoso como uma mula cá em casa, esse alguém és tu. Só não dançaste nos dias em que tínhamos gente cá em casa e mesmo assim não tenho 100% de certezas. Para ti, qualquer altura era boa para ensaiar. 

Mas não podes continuar assim. Sabes que não. De outro modo, não sei o que poderá acontecer...

Com Amor,

Sam

[editado: Dez 2024]

Guarda a última dança para mim ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora