Capítulo 1

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Correr. Correr. Minhas pernas doem, mas tenho que correr. Posso ouvir seus grunhidos tão familiares, são muitos atrás de mim.
Já faz sete anos que corro deles, antes era mais fácil, eu tinha um grupo, meu irmão, mas agora sou apenas eu e minha arma com simples três balas.
Corro olhando pra trás e não vejo um que esbarra comigo, ele tenta me morder de todas as formas possíveis, seu cheiro podre preenche minhas narinas. Seu rosto é totalmente deformado, a ponto de eu não conseguir diferenciar os olhos dos dentes. Seu antebraço está faltando, mas ainda assim ele tem força para tentar arrancar um pedaço de mim.

POW. Menos uma bala.

Agora são apenas duas. Me levanto e continuo minha corrida, está anoitecendo e graças ao meu amigo carnívoro, os outros estão mais próximos do que antes.
Vejo um árvore alta, definitivamente a minha salvação, subo na árvore, até o galho mais alto e firme que posso achar. Quando sento no galho respiro, meu coração bate forte, prestes a quebrar minhas costelas, meus pulmões queimam, me permito encostar na árvore e me acalmar, enquanto observo todos aqueles monstro lá embaixo passando sem nem imaginar que o jantar está logo acima de suas cabeças.
Minha respiração acalma, pego minha mochila, com cuidado para não fazer nenhum barulho, um resto de feijão enlatado vencido e uma corda, é isso que tenho pra agora. Como o que restou do enlatado, se fosse antes, eu iria chorar pra comer isso porque era nojento, mas agora como. É o fim, amanhã terei que ir a procura de mais, por enquanto é o suficiente. Pego a corda e amarro ao redor das minhas pernas, me prendendo ao galho, para não cair da árvore enquanto durmo. Agarro-me a minha mochila e assim durmo.
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Ouço o som de um galho quebrando e acordo alerta, com a mão em minha cintura, segurando minha arma. Outro galho se quebra.
"Se isso for um ser humano, é muito idiota"
Analiso a situação de onde estou e começo a ouvir vozes.
-Vamos voltar, não podemos ficar aqui.-é um garoto. Alto, pele branca, usa um chapéu de sherif.
-Se quiser voltar vá, não tem ninguém segurando você.-é uma garota. Pouco mais baixa que o garoto, pele branca, cabelos longos e castanhos.
Solto a respiração que nem lembrava que estava segurando. Eles continuam conversando, espero alguns minutos e eles passam. Me desamarro da árvore o mais rápido que consigo, tento descer com cuidado, mas acabo tropeçando e caindo da árvore por cima do meu pé.
"Porra, isso dói"
Faço barulho de mais, me levanto e começo a tentar andar, mas isso só me faz ir ao chão, fazendo mais barulho, mas me levanto novamente.

Uma arma é destravada.

Estou de costas, mas sei que são aqueles dois. Duas balas, duas cabeças, rápido e fácil. Coloco a mão sobre minha cintura. Mas não consigo focar, a dor em meu pé é grande, ele já está inchado.
-Quem é você?-é o garoto.-Vire-se.-ele diz autoritário.
"Quem ele pensa que é para falar comigo assim?"
Me viro lentamente e analiso os dois seres na minha frente. A garota me olha com curiosidade, também me analisando. Primeiro foco nela. Pouco menor que ele; maior do que eu;  cabelos longos e sedosos, o que me faz pensar que ela deve lavar ele, então eles tem um grupo com água suficiente para banhos; seu rosto está limpo e bem cuidado, diferente do meu que deve estar cheio de sangue seco e terra; pele branca.
Agora foco nele. Alto; maior que eu; usando um chapéu de sherif que pro baixo esconde uma cabeleira negra; olhos azuis como o mar; olhar frio; arma destravada apontada diretamente para minha cabeça; aquele olhar me é tão familiar.
-Vou perguntar novamente, quem é você?-ele repete. Continuo quieta. Minha boca seca. Estou desidratada, não bebo água há uns três dias, eu acho. Vejo o garoto parado com um olhar diferente para mim, e então apago pela desidratação.-Madison?
Consigo ouvi-lo dizer antes de todos os meus sentidos apagarem.
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5 anos atrás
-Vamos, Maddy.-Tony, meu irmão me acorda.-Bora, Maddy.
-Me deixa dormir.-eu enrolo minha cabeça e viro para o outro lado.
-Maddy, ele acordou.-levo apenas alguns segundos para digerir suas palavras. Levanto-me correndo e saindo do quarto, indo para o dele.
Chego lá e seus pais estão com ele, assim como Hershel. Olho para Rick que sorri de forma serena, Lori me olha da mesma maneira. Me aproximo da cama em que ele estava. Ele usava um chapéu de sheriff, aquilo era novo e um novo motivo para irrita-lo.
-Oi, Ranger Rick.-digo sorrindo e todos dão risada, menos ele.
-Esse é novo.-ele diz, sua voz está fraca e rouca.
-É o primeiro de vários.-digo e me jogo ao seu lado na cama, ele ri com meu ato.
-Não me lembro de deixar isso.
-Vê se fica quieto, me acordaram por sua causa, sheriff.-nós dois rimos, estava tão intertida que não percebi quando Hershel e seus pais saíram do quarto. Fechei os olhos e fiquei deitada no ombro de Carl.
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Agora
Minha cabeça dói, quero abrir os olhos, mas isso apenas a faz doer mais. Forço mais um pouco e consigo abri-los. A primeira coisa que vejo são sombras, por conta da visão embaçada. Aos pouco vou me acostumando e as sombras vão tomando forma.
Aqueles rostos, tão familiares, mas é algo tão impossível que me recuso a acreditar. Não existem probabilidades disso acontecer, não atualmente, não no mundo em que vivemos.
-Madison?-aquela voz, tão docemente familiar preenche meus ouvidos.
-Maggie?-minha voz sai rouca e embargada. Um nó cresce cada vez mais em minha garganta, mas não choro. Me levanto rapidamente da cama, dou uma fraquejada, mas me mantenho em pé. Maggie apenas cobre a boca e vejo suas lágrimas, ela não diz mais nada, apenas corre e me abraça. Não sei como reagir, faz cinco anos que não tenho contato com nenhum ser humano, eu já conversava sozinha. Seu abraço é tão caloroso, tão maternal, que não consigo evitar a abraçar da mesma maneira. Ela se afasta um pouco, passa a mão pelo meu rosto, como se para ter certeza que não está alucinando, ela sorri muito. Eu não sorrio, mas minha expressão é suave.
Ela me solta e logo depois vem Glenn. Oh meu Deus. Como eu senti falta de Glenn, ele me aperta em seu abraço, depois beija o topo de minha cabeça.
-Achamos que estava morta.-ele diz baixo. Eu apenas o aperto mais forte.
-Vem, vou te levar para tomar banho, depois você pode falar com todos.-todos, minha família está aqui.-Mas antes de tudo isso, precisa falar com Deanna.
-Quem é Deanna?-minha voz sai baixa, já faz tempo que não falo. Sempre tinha que andar quieta, para não ser pega por aquelas coisas.
-Ela comanda Alexandria.

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História nova garela, espero que gostem de ler assim como eu estou gostando de escrever.
Um grande beijo.

Hope || Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora