Capítulo 8

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1 ano atrás

Eu já vagava sozinha há um ano. Um ano que meu irmão havia me deixado, a essa altura tudo dentro de mim já tinha morrido. A sensação era de que eu era um dos monstros, por que era exatamente isso que eu era. Apenas mais um monstro vagando por essa terra. Todo tempo eu checo meus sinais vitais, para ter certeza de ainda estou viva. Era apenas eu, uma clock 38 com apenas dois pentes cheios, uma pequena mochila com pouca comida, pouca água e algumas fotografias de quando vivíamos na fazenda. Elas serviam para preservar o pingo de sanidade que me restava, eu as olhava e arranja forças, mesmo todos nas fotos estando mortos, elas não iam querer que eu desistisse.

A única coisa que me fazia querer lutar era achar o Santuário e salvar meu irmão, ele havia me salvado e eu não poderia deixa-lo lá. Sei que se eu voltar lá, eles vão me matar, mas eu preciso do meu irmão. Sem ele eu estou sozinha, sem ele eu estou morta, sem ele eu não tenho motivos. Quando aquelas pessoas vieram até nós tudo mudou, eu perdi qualquer inocência que ainda tinha naquele dia.

"Eu estava deitada no quarto de cima da casa, quando escuto gritos e passos nas escadas. Uma mulher com uma AK-47 apontada direto para minha cabeça. Ela era alta, ruiva, parecia bem cuidada o que me fazia deduzir que tinha uma comunidade e água para banhos. E bons armamentos.

-Ei, Chic. Tem uma garota aqui.-ela se vira e vai até a beira da escada. Era tudo que eu precisava, um momento de distração, fiz exatamente como Tony me ensinou. Peguei minha faca e enfiei em sua garganta, diretamente na sua aorta, um local onde não havia como sobreviver, ela morreria em segundos.

E foi ali, aquela mulher ruiva que nem sequer sabia seu nome, foi a primeira pessoa que eu matei. Era eu ou ela. Ficava repetindo isso para mim mesma enquanto via seu sangue em minha roupa e em minhas mãos, mas não me permiti entrar em pânico, o tal Chic ainda estava com meu irmão. Desço as escadas lentamente e escuto a voz do tal homem.

-Ariadna. Está tudo bem por ai?-vejo que ele fala sem tirar os olhos do meu irmão, ele estava ajoelhado e o homem segurava uma arma em sua cabeça. Pego minha arma e coloco o silenciador, não podia arriscar chamar muita atenção.

No momento em que aponto minha arma para sua cabeça, sinto algo mudar dentro de mim e naquele momento eu não sei mais quem eu sou, só sei que preciso proteger Tony. Ele estava desarmado.

-Quem é você e o que está fazendo apontando essa arma para meu irmão?-digo com voz firme, de maneira que até eu mesma me assustei. O que esse mundo estava fazendo comigo? Ele coloca as mãos para cima.

-Somos os Salvadores, ou Negan, como preferir. Estamos aqui para dizer que tudo que é de vocês, agora pertence a Negan, incluindo vocês.

-O que diabos é Negan?

-Somos todos Negan.-ele diz e sinto um arrepio correr pela minha espinha quando ele vira pra mim com um sorriso sádico em seu rosto.-Onde está minha parceira?

-Morta, assim como você.-digo e coloco a arma em sua cabeça.

-Somos todos Negan, mate um e outros virão cobrar.

-Isso é o que nós vamos ver.-falo e puxo o gatilho, seu sangue espirra em meu rosto e seu corpo cai em um baque surdo no chão. Tony me olha de maneira que não posso descrever, decepcionado, triste, assustado. Ele vem até mim e me abraça, ele estava com um hematoma em seu rosto e um corte no supercílio.-Era você ou ele.

-Está tudo bem irmãzinha, está tudo bem.- ele disse, mas depois de matar duas pessoas eu nunca mais seria a mesma. nada ficaria bem. A vida iria cobrar aquilo depois."

Hope || Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora