*Capítulo 2*

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-Quando ela caiu, sofreu uma lesão na cabeça. A pancada foi muito forte. Afetou o cérebro o que quer dizer que foi grave, ela está com amnésia.-o doutor Carson fala para mim e para Tony. Minha cabeça gira e lateja.

"Amnésia? Isso quer dizer que eu não lembro de quanto tempo da minha vida?"

-Preciso que me diga o que mais está sentindo, Maddison, para que eu possa tentar trata-la.

-Estou me sentindo cansada, com sono. Minha cabeça dói e meus olhos ardem com a luz.-Dr. Carson faz anotações em seu pequeno caderno.

-Meus conhecimentos nessa área são poucos. Mas sei que você precisa de repouso completo por no mínimo 36 horas, para que seu cérebro se recupere e os sintomas melhorem.

-E a memória dela?-Tony pergunta preocupado.

-Nos resta esperar. Eventualmente vai voltar, mas não posso dizer quando. Pode ser amanhã, como também pode ser em 3 semanas ou 2 anos, ou não volte. O cérebro é algo muito incerto, ele precisa se curar e vamos torcer para voltar. Já vi casos como esse antes e é muito difícil que a memória não retorne, torça para o melhor.-ele se aproxima de mim e aperta minha mão. Eu gostei dele, me passou certa confiança.

Dr. Carson tinha sido muito legal comigo desde que acordei, o que faz apenas metade de um dia. Mas eu já confio nele.

-Não force a memória dela, isso pode piorar tudo. Então, tente ir com calma.-ele disse olhando para Tony, que estava deitado na cama ao meu lado.-Ela pode ficar aqui, para que eu fique de olho nela.-ele pisca pra mim, com um ar divertido. Eu dou um sorriso para ele. O mesmo se afasta de nós e vai ajeitar algumas coisas no canto da enfermaria.

-Eu ainda tenho coisas para fazer. Então não posso ficar com você,-minha mão agarra a dele com força-mas virei a noite. Dormirei com você, tudo bem?

Eu afirmo com a cabeça, lentamente para não piorar a dor. Ele se aproxima e beija minha testa.

-Durma um pouco.

-Tudo bem.-dito isso, ele se levanta da cama e sai. Eu me aconchego na cama e fecho meus olhos. Estava com sono e sentindo o cansaço pesar em meu corpo. Adormeço rapidamente.
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-Você não pode fazer mais, Maddy. Estou falando sério.-o garoto de olhos azuis fala para mim, estava sério, quase irritado.
-Ai fala sério, por que você se importa tanto?-eu digo grosseiramente para ele, não sei o motivo de estar gritando com ele, mas eu sentia que deveria ser ríspida com ele. Ele abaixa a cabeça e fica corado, ele ficou ainda mais lindo
-Me responde.-eu seguro na gola da sua camisa e o puxo. Ele simplesmente me beijou, nossos lábios mal se encostaram, mas aqui foi o suficiente para todo o meu corpo estremecer. Eu solto ele devagar.-O que foi isso?-o que eu queria perguntar mesmo era por que ele não havia feito antes.
-Eu não sei, me des...-não deixei que ele terminasse, o puxei pela nuca e o beijei, dessa vez de verdade. Nenhum dos dois sabia como beijar, aquele era nosso primeiro beijo, tanto meu quanto dele. Suas mãos seguraram minha cintura e minhas mãos foram para seus cabelos, eu acabei por sorrir durante o beijo. Eu não sabia o quanto queria isso, até conseguir. Nos separamos quando o ar fez falta, eu demorou um pouco para abrir os olhos, aquilo não parecia real. Mas então algo me abateu, eu iria embora. Abri os olhos mas não olhei para ele. Entrelacei nossas mãos e voltamos a andar para a prisão, o silêncio reinou, mas não era um silêncio desconfortável, era um silêncio bom.

Acordei de um susto do sonho. Coloquei a mão em meus lábios, aquilo havia sido tão real, ainda podia sentir os lábios daquele garoto de olhos azuis sobre os meus. Podia sentir seus dedos finos entrelaçados com os meus.

"Aquilo havia sido apenas um sonho?"

Parecia algo como uma lembrança distante, como se tivesse acontecido a séculos atrás. A cada hora que passava eu ficava mais confusa.

Alguém entra na enfermaria. É um homem alto, cabelos negros e barba negra com alguns fios grisalhos. Ele usa uma jaqueta de couro aberta na frente e uma camisa branca por baixo, usa uma calça colada que deixa suas pernas grandes, ele me olha sorrindo. Um sorriso que me dá calafrios.

-Olá, Maddison. É bom ver que está bem.-sua voz era grossa, mas não ameaçadora. Ele puxa uma cadeira e coloca ao meu lado.-Posso me sentar e conversar um pouco com você?

Eu pondero por alguns segundos, eu não o conhecia, mas ele por algum motivo parecia importante, então apenas disse:

-Sim.-digo baixo. Ele se senta e tira a jaqueta, pendurando no encosto da cadeira.

Ele tinha traços de sobrevivente. Rugas próximas ao olhos, mãos cheias de calos provavelmente de carregar armas, ombros que ele se esforçava para manter alinhados, mas os mesmo caíam. Eu não tinha ideiade como percebia tudo isso, talvez com o tempo eu tivesse aprendido e soubesse no automático reconhecer um sobrevivente, mas não me lembro de saber.

-Então você realmente não se lembra de nada?- eu nego com a cabeça e ele sorri, como se aquilo fosse algo bom. Esse homem é estranho e me causa calafrios.-Não sabe quem eu sou?

-Não, desculpa. Eu deveria?

-Sim, querida. Mas tudo bem, isso pode ser bom para nós dois. Eu sei que deve ter perguntas, e eu responderei. Pode me perguntar quando desejar.-eu penso em tudo que tenho para perguntar.

-Onde eu estou?

-Você está na minha casa. No Santuário, na enfermaria. Quando estiver melhor, levarei você para conhecer tudo.

-Quem é você?

-Meu nome é Negan. Eu comando esse lugar.-ele diz isso com orgulho.

-Você sabe quem é aquele Daryl?-ele pondera um pouco, o peguei de surpresa, mas ele não mudou sua postura.

-Ele faz parte de uma comunidade com pessoas ruins.

-Por que ele está aqui?

-Ele e o grupo dele mataram vários dos meus homens, dos meus companheiros, sem nenhuma razão.-minha cabeça começa a doer.

-E como ele me conhece?-coloco a mão na cabeça, sentido uma pontada. Meu cérebro dizendo que não aguentava mais informação.

-Garota, vamos parar por aqui. Não queremos que você piore. Amanhã irei voltar para conversarmos mais, ainda tem muito que quero lhe falar.

Ele pega sua jaqueta, pendura sobre o ombro e sai. Ele parecia um personagem de história em quadrinhos, com toda aquela pose. Só não sabia ainda se era o herói ou o vilão. Apenas sabia que queria que ele voltasse no outro dia, eu tinha muitas perguntas.

As horas passaram tediantes, não podia fazer muita coisa a não ser tomar banho ou ir ao banheiro. Não podia ouvir música, nem ler um livro, nada que forçasse meu cérebro. Tony chega trazendo algo consigo.

Ele deita ao meu lado, beija minha testa e logo percebe meu olhar ansioso para suas mãos.

-Calma, estrelinha.-eu amava quando ele me chamava assim.-Isso estava com você quando te trouxeram para cá.-ele pega minha mão e coloca um anel em meu dedo.

O anel era prata com uma pequena pedrinha azul em cima. Coube perfeitamente em meu dedo, uma sensação estranhamente familiar se apoderou de mim quando o olhei em minha mão.

"-Para olhar para trás e se lembrar de mim, de nós."

Escuto uma voz feminina dizendo isso em minha cabeça, mas não consigo associar a voz com um rosto. Apenas guardei o pensamento para mim. Eu senti como se fosse algo importante.

Hope || Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora