Capítulo 7

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3 anos atrás

Pov. Maddison Montgomery

Já faziam no mínimo 3 mês que e Tony estávamos vagando por ai. Eu sentia falta de todos, todos os dias durante o primeiro mês. Aos poucos, sobreviver estava se tornando a única coisa em minha mente e na de Tony também. Acabamos por diminuir as nossas conversas sobre eles. E aqui estamos, 3 meses depois e estou prestes a dizer para ele que quero voltar para a prisão, que me arrependo de ter fugido.

-Tony.-ele me olha. Com aqueles olhos azuis que ele puxou do nosso pai, sempre o invejei por esses olhos azuis como o oceano, também invejava Carl. Eu acabei ficando os olhos de minha mãe, verdes que as vezes ficavam acinzentados.-Eu quero voltar.-ele me olha de uma maneira quase engraçada.-Eu sei que a essa altura já devemos estar muito longe, e que você deve estar me achando louca por querer voltar para lá, já que eu pedi pra fugir, mas agora eu entendo que não foi culpa deles. Eles são nossa família, precisamos voltar.

Ele olha pra mim por alguns segundos, que mais pareceram longas horas. E então simplesmente sorri para mim. Eu fico completamente confusa, achei que ele gritaria comigo, diria que eu estava ficando louca, que eles haviam sido os culpados, que já estávamos muito longe para voltar atrás. Ele me dá um abraço e passa a mão em meus cabelos, que estavam duros pela quantidade de tempo sem lava-los. Estou completamente confusa, mas ainda sim retribuo seu abraço.

-Nós não estamos longe. No máximo alguns quilômetros, vamos procurar um carro e se você realmente quiser, mas só se realmente quiser, estaremos lá antes do anoitecer. Eu deixei uma carta para Beth, assim como você, avisando que daria algum tempo para você, mas que iríamos voltar. - ele me surpreende completamente, e eu só fico mais impressionada com o quanto meu irmão me conhece.

-Eu te amo, seu idiota.-digo o abraçando.

-Eu também te amo, fantasminha.-ele me chama pelo apelido que me deu e não posso evitar sorrir.-Fico feliz que tenha percebido que o aconteceu, com a mamãe, com a Andrea, não foi culpa deles. Agora vamos.

Nós fomos em uma busca para achar um carro que nos levaria de volta para nossa família. Eu não sabia como me sentir. Não sabia como iriam reagir. Não sabia se iriam me querer de volta. Eu estava ansiosa, nervosa. Meu coração estava acelerado, mal conseguia pensar direito. Afastei tudo isso o máximo que consegui, tinha que focar em achar o carro primeiro e depois voltar para eles.

Depois de rodar bastante encontramos um carro com o tanque cheio, aquilo pra mim foi um sinal. De que tudo daria certo, que iríamos voltar e que tudo ficaria bem. Meu irmão entra no carro e pisa no acelerador. Eu estava completamente ansiosa. Meu estômago revirava, eu sentia borboletas só em imaginar ver Carl novamente, meu coração se aquecia ao pensar em Maggie e em Beth e Hershel. Será que Lori já tinha tido neném? Era um menino ou menina? Qual seria seu nome? Tantas perguntas que eu logo teria as respostas. Minhas mãos suavam a medida que nos aproximávamos da prisão, estava explodindo em ansiedade. Olho para meu irmão, precisava me acalmar ou teria uma crise.

Meu irmão não estava tão diferente de mim. Um sorriso iluminava seu rosto, sei que ele estava pensando em Beth, o amor de sua vida. Eu sempre sonhava com um amor como o deles, que supera tudo. Que não deixa nada ficar entre eles, que nunca desistem um do outro. E eu me senti culpada por afastá-lo dela, eles não mereciam isso. Eu admirava ele e me perdia em meus pensamentos, me acordo quando vejo seu sorriso sumir aos poucos, fico confusa.

Olho para minha frente e meu sorriso também morre, junto com a última esperança que havia dentro do meu coração. O som dos nosso corações se partindo é a única coisa presente naquele carro. Sinto meus olhos arderem e as lágrimas começarem a rolar. Dor era tudo que eu sentia ao ver aquele lugar aos pedaços.

Estávamos um 1km de distância da prisão, o lugar de onde nunca deveríamos ter saído, estava em pedaços, ainda dava para ver a fumaça saindo de lá, o lugar estava completamente lotado de errantes, por todos os lados. As torres haviam caído, uma parte do prédio tinha um grande buraco. Haviam vários carros por cima das cercas, entre eles estava um tanque, ele deveria ter causado todo aquele estrago.

Eu estava anestesiada pela dor que eu sentia, um vazio foi crescendo dentro de mim. As lágrimas desciam dos meus olhos, tudo em mim doía. Olhar aquele lugar aos pedaços, aquilo matou todas as minhas esperanças. Eu nem via mais o que estava fazendo.

-Carl.-eu comecei a murmurar os nomes que vinham em minha mente.-Beth. Maggie. Hershel.-a cada nome mais lágrimas desciam. Eu abri a porta do carro e fui saindo lentamente, ouvia a voz de meu irmão, mas não conseguia parar.-Daryl. Rick. Lori. Glenn.- eu comecei a correr em direção a prisão. Aquilo doía demais.

Chego perto o suficiente para alguns corpos no chão, mas não perto o suficiente para reconhece-los. Minhas pernas fraquejaram quando eu vi tantos corpos no chão, eu caí. Não tive mais forças para ficar em pé. Sinto braços me segurarem. Eu não estava aguentando. Estava tendo uma crise de pânico.

-Carl. Não, não, não.-eu já gritava a essa altura. Todo o meu corpo doía, eu só queria acordar daquele pesadelo.-Daryl. Eles estão mortos. Mortos. Não, não. Por favor, não.-sinto tudo ficando escuro e eu apago chamando pelo nome da minha família.

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Pov. Tony Montgomery

Eu me sentia feliz de finalmente ver minha irmãzinha sorrindo. Estávamos finalmente voltando, para nossa família. Para nossa casa. Eu estava voltando para meu lar, estava voltando para Beth. Meus olhos esperavam ansiosamente para ver aquela prisão. Meu coração batia forte só em imaginar estar abraçando Beth de novo, em estar ouvindo os conselhos de Hershel novamente, em ver o sorriso caloroso de Maggie. E mais do que tudo, eu estava ansioso para ver minha irmã feliz novamente, ela tinha mudado desde que havíamos perdido a fazenda, e hoje eu voltei a ver a velha Maddy, minha fantasminha.

Sentia uma faísca de esperança nascer em mim, e eu sabia que tinha uma nascendo em Maddy também. A medida que nos aproximavamos meu coração acelerava só de pensar em rever o sorriso de Beth. Eu penso no por que de nós dois termos sido tão idiotas de abandonar eles daquele jeito, não só Maddison que quis fugir, eu também quis. Agora me arrependo e sei que Maddison também.

Meu sorriso foi morrendo aos poucos ao ver nossa casa destruída. Estava tudo tomado por errantes, não tinha mais nenhum ser vivo ali. Isso me fez pensar a quanto tempo esse lugar está assim? Será que eles conseguiram fugir? Não estou vendo o ônibus, eles devem ter fugido. O que aconteceu aqui?

Só acordo do meu transe quando vejo Maddison descer do carro, ela desce e começa a correr em direção a prisão, ignorando todos os meus gritos desesperados, não podia perdê-la também. Saio do carro e corro até ela. A vejo perto da prisão, mas ainda com certa distância, sinto minha alma doer quando vejo minha irmã cair no chão. Tudo que eu fiz nessa vida foi para que ela nunca tivesse que sofrer, nunca tivesse que matar, nunca tivesse que perder sua inocência. E ver ela jogada no chão enquanto chora é tudo que eu tentei evitar desde o momento que ela nasceu. Minha pequena luz, meu maior medo era que ela se apagasse, e naquele momento eu pude ver ela se pagar um pouco e algo em mim se apagou junto.

-Carl. Daryl. Não, por favor, não. Maggie. Oh meu Deus.-ela gritava, eu a abracei, queria aliviar sua dor, mas eu também sentia essa dor. Eu também havia os perdido. Eu também estava chorando mesmo sem perceber. Ela acaba apagando depois de uma crise de pânico.

Eu pego minha irmã em meus braços, sinto as lágrimas caírem enquanto a levo de volta para o carro. Acho que nós dois perdemos algo dentro de nós hoje. Eu precisava ser forte por ela, precisava tirar forças de algum lugar dentro de mim, Maddy ainda está viva e agora eu preciso fazer tudo que posso para protegê-la.

Coloco Maddison de volta no banco do passageiro, pego o cobertor que tinhamos achado e a cubro, coloco o cinto de segurança para que ela não caía. Alguns errantes se aproximam, entro no carro e dou partida.

Algo havia sido perdido ali, algo que jamais iríamos recuperar. Eu jamais veria Beth, eu disse a ela que voltaria. Eu prometi para ela que jamais deixaria que nada de ruim acontecesse a ela, eu prometi a Hershel que cuidaria delas. De Beth, de Maggie e de Maddy, eu quebrei minha promessa. Nem sequer consegui proteger ele. Mas eu iria proteger minha irmãzinha, nem que eu tenha que morrer pra isso, ela é uma das coisas boas desse mundo, minha pequena luz. Eu não deixaria ela se apagar, eu faria tudo que pudesse para cuidar dela.

Hope || Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora